Ver para lá da cortina de fumo
João Silva
Este foi um dos problemas que enfrentei quando comecei a mudar os meus hábitos alimentares.
E se na altura, em 2016, já havia imensa contrainformação desprezível para baralhar a ideia de quem se quer manter saudável, nesta altura essa realidade deixou de aparecer camuflada. Foi escancarado esse nicho do "saudável", do "fit", do "detox".
Mas deixem-me que vos diga uma coisa: não permitam que alguém controle a vossa vida com o que podem ou devem comer, porque, à partida, essa é uma decisão vossa.
Não quero com isso incitar à obesidade ou à comida desenfreada, sem regras. Pelo contrário, antes de mais, pretendo transmitir-vos que devem recolher informação sobre tudo. Só assim têm o poder para discernir conscientemente o que vos é dito.
Importa manterem o vosso cérebro ativo e, por isso, é crucial ter em mente que o resultado de uns não é (ou pode não ser) o resultado de outros.
Além disso, deverão ouvir o vosso corpo. Perder peso não é nem pode ser visto como uma prisão nem como uma fase única. É fácil de explicar o porquê disso: quando as estratégias que adotaram começarem a fazer efeito, vão atingir o objetivo. Contudo, se depois não fizerem nada para o manter, vão regressar à casa de partida.
Logo, mais do que uma dieta no sentido restritivo, devem preparar-se para mudar os hábitos alimentares, para compreender os alimentos e os tipos de nutrientes fornecido, para ser flexíveis e para diversificar tudo o que ingerem.
A variedade, incluindo alimentos tidos como menos saudáveis, faz parte de uma boa alimentação. A experiência diz-me que não devem cortar a ingestão de determinado alimento, mesmo de chocolates ou fritos, por exemplo. Devem fazer adaptações e não comer tantas vezes quanto anteriormente.
A título pessoal, moderei o consumo de alguns alimentos, como manteigas ou cereais com açúcar, por exemplo; passei a comer em determinados períodos horários, a ingerir muito mais água (atualmente, ingiro perto de 3 litros por dia), a usar alimentos mais benéficos e/ou saudáveis (de forma doseada) como beterrabas, abacates ou cogumelos, a educar o meu paladar. Por uma questão de opção, deixei de adoçar com açúcar e passei a recorrer maioritariamente ao doce natural de frutas e afins. Porém, importa dizer que, de vez em quando, como algo com açúcar "puro". Este processo de reeducação alimentar não foi imediato. Demorei dois anos e meio a descobrir o que era melhor para mim. Se hoje não como determinado alimento, não o faço por eventualmente engordar, mas por não ser benéfico para a minha saúde, por exemplo, ao nível do colesterol ou da tensão.
Como o tema é bastante complexo, mas é também extremamente importante, irei abordar nos próximos tempos os aspetos que resultaram comigo e como se deu todo o processo de reeducação.
Espero contar com a vossa atenção.