Uma questão de identidade
João Silva
Este é mais um tema ligado à paternidade.
Um bebê nasce e os pais morrem como seres individuais!
Vá lá, apesar de haver veracidade nisso, não é inteiramente assim. Porém, é óbvio que temos de sair de cena para dar prioridade a quem depende muito de nós.
Essa dependência mantém-se durante muito tempo, portanto, os primeiros anos de vida não dão grande margem para que os dois adultos do casal (apenas com um filho) tenham muito tempo para si.
Ainda assim, as coisas bem faladas e partilhadas pelo casal permitem que cada pessoa possa ter os seus bocadinhos. Possa perceber que ainda existe sem ser como pai ou mãe.
Isso é muito importante. É preciso comunicar muito em casal e transmitir a sua vontade.
É um pouco ao abrigo disso que acabo por conseguir treinar. Abdico de algumas horas de sono e procuro ainda que a Diana tenha tempo para si, às vezes, simplesmente para estar, para descansar.
Apesar de me custar abdicar da minha identidade, ser pai também me trouxe uma realidade que desconhecia: adoro ajudar um bebé a ganhar vida a cada dia que passa.
Adoro cuidar dele, mesmo nos dias em que me apetece gritar de desespero, em que quero "fugir" da dura realidade. Embora adore, não significa que não precise de saber quem é o João. Mas esse é um processo demorado. Lá está, mais uma maratona!