Um pai às voltas
João Silva
Regressamos ao tema da maternidade/paternidade.
O nascimento do Mateus há quase dois anos trouxe-me uma felicidade absoluta que nunca tinha conhecido nesta forma.
No entanto, os primeiros meses foram de ajuste mental, tal como já disse neste espaço.
Não pelo pequeno mas pela força das circunstâncias. Trocando por miúdos: a tarefa era dura e muito compexa. Na verdade, hoje não é menos exigente. Nada disso. A cada dia se torna muito mais desgastante. Quanto a isto, não há discussão.
As circunstâncias a que me refiro são o contexto que tive, eu próprio, como filho. Estes dois planos, aquele onde cresci e aquele em que ia fazer crescer o pequeno Mateus, trouxeram-me horas de desespero comigo próprio.
E nós não conseguimos estar bem com os outros se não estivermos bem connosco.
Claramente foi algo pessoal. Em momento algum deixei de fazer, de procurar dar apoio à mãe e ao bebé. Porém, houve muitas horas de autossofrimento, de autodestruição.
Demorei muito a perceber o valor e a utilidade que teria para os outros elementos desta família. O problema não veio deles, veio de um chorrilho de questões ligadas à minha infância e à minha realidade de crescimento.
Se juntarmos a isto todo o stress, o desespero de ter um bebé em casa e as infindáveis noites acordado, temos a combinação perfeita para dar transtorno.
Antes de estabilizar a cabeça, andei a tentar matar fantasmas e acabei criar outros.
Como sempre, a compreensão (nossa e de quem nos rodeia) e a aceitação tendem a aparecer com o tempo, esse agente mágico.