Tens direito a errar, mas não à repetição dos erros
João Silva
Falar sobre isto passou a ser assunto para mim depois de ter visto uma entrevista de uma pessoa que admirei muito no passado e que já não admiro tanto no presente. Trata-se de José Mourinho.
Para o blogue, não é relevante a ideia de ter deixado de gostar das suas qualidades enquanto agente desportivo. No entanto, a dada altura, disse a seguinte frase: "podes cometer erros, não podes é repetir os mesmos". Talvez por me tocarem diretamente, aquelas palavras acionaram logo o alarme da reflexão e da necessidade de escrever sobre isso.
No fundo, concordo, embora tenha uma ou outra reserva.
Se percebes que atuaste mal em determinada situação/fase da vida e consegues descortinar as verdadeiras causas que levaram ao erro, estás no bom caminho para evitar que a mesma falha seja repetida. Por outro lado, podes cair novamente na asneira, embora tenhas aprendido com o erro. E porquê? Porque, não poucas vezes, criamos excesso de confiança em determinada abordagem ou temos fatores psicológicos intrínsecos que nos moldam de tal maneira que não conseguimos soltar-nos das amarras.
A título pessoal, entristece-me olhar para trás, perceber que consigo refletir e identificar bem as causas de determinado problema e, mesmo assim, vejo que comi exatamente o mesmo erro em diferentes fases da minha vida. Um exemplo claríssimo foi o caso da comida. Depois de todo o esforço para deixar de ser obeso quando cheguei aos 18 anos, voltei a cair nas malhas da obesidade daí a um ano, quando entrei para a universidade e não tive maturidade suficiente para controlar o facto de trabalhar numa pizaria ou num hipermercado (mais tarde) durante o curso. Fui ingénuo, paguei a fatura.
Mais gritante do que isso é analisar os últimos três anos e ver que andei sempre no limbo entre o exagero na prática desportiva e a discernimento para abrandar. A sobrecarga foi uma constante e, lá está, foi isolada de forma consciente em determinadas alturas, mas depois voltou, quando baixei as guarda.
Não é desculpa, é um traço característico meu, mas deixa sempre aquele amargo de boca, quando se pensa no que poderia ter sido alcançado sem exageros. Além disso, o travo não é bom quando penso que essa repetição do erro se estendeu a aspetos mais pessoais.
Ainda assim, por muito "Gustavo Santos" que isto pareça, há sempre um novo dia para tentar mudar o rumo das coisas e é meio caminho andado saber o que causa os erros. Depois disso, (só?) fica a falar aprender com eles e não os repetir.
E por essas bandas também se repetem muitos erros? Como lidam com isso?