1, 2, 3, uma entrevista de cada vez
João Silva
Hoje temos na berlinda um antigo colega de equipa que sempre se pautou por grandes feitos. É das tais lebres de que falo tanta vez. O que não sabia era o tamanho do seu lado humano. E isso impressionou-me. Com a idade dele, não é um dado adquirido submeter-se a desafios em prol de causas humanitárias.
Ora leiam lá o que diz o André Monteiro e vejam se não tenho razão.
Nome:
André Miguel Lameiro Monteiro
Idade:
29 Anos
Equipa:
VIKINGS TRAIL RUNNERS / CCR ALCABIDEQUE
Praticante de atletismo desde:
Pratiquei atletismo (Velocidade – 100m/200m) durante dois anos (2008/2009) na AAC, parei e voltei novamente na vertente “TRAIL” em 2015.
Modalidade de atletismo preferida:
Entre Trail e Estrada, prefiro trail sem dúvida.
Prefere curtas ou longas distâncias:
Pergunta difícil, principalmente porque sempre tive melhores resultados em provas curtas, mas sem dúvida que as provas longas deixam sempre marcas e histórias para contar… por isso, acho que no geral prefiro as provas longas.
Na atual equipa desde a época 2019/2020.
Volume de treinos por semana:
Tenho semanas que nem treino, outras que treino 2 ou três vezes (Varia sempre muito).
Não sou uma pessoa que fica muito stressada com as questões de treinar a tempo e horas. Treino um pouco por sensações. Não sou um ATLETA, sou uma pessoa que gosta simplesmente de correr e desafiar-se.
A importância dos treinos:
Obviamente que sem treino não conseguimos obter os ditos “grandes resultados” e eu contra mim falo. Poderia obter melhores resultados se treinasse de maneira correcta e com certos métodos. Treinar tanto o físico como o “mental” é importante no que toca a provas longas.
Diferenças entre o atletismo passado e o atual:
Existe bastantes diferenças, sem dúvida.
A escolha de material desportivo era menor no passado, a tecnologia no que toca a provas e ou treinos eram menor ou até nula (relógios para marcar tempos, por exemplo), menos provas para competir. Felizmente o desporto, neste caso o atletismo tem evoluído muito e acho que alguns atletas têm aproveitado bem essa evolução.
Histórias insólitas, curiosas ou inéditas:
Histórias tenho sempre muitas no que toca a provas longas, a mais insólita talvez tenha sido na primeira edição do TransPeneda – Gerês 165km, no alto da serra amarela ao anoitecer um cavalo (Selvagem ou não, não consegui precisar), puxou com a boca o capuz do meu impermeável e ia caindo para trás… o atleta que vinha atrás foi cerca de 2/3 km a rir-se do momento :P
Aventura marcante:
A aventura mais marcante para mim foi o TRANSMONDEGO, um evento solidário que eu criei em 2021 com o objectivo de ajudar uma criança (O SORRISODOAFONSO), tendo começado na praia do relógio da Figueira da Foz e acabado no Mondeguinho – Serra da Estrela, o que fez de mim a primeira pessoa a fazer o percurso da Foz até a Nascente (do Rio Mondego) de forma seguida (sem ser por etapas), com passagem pela Serra da Lousã e pela Torre da Serra da Estrela, num total de 170km.
Participação em prova mais longa:
PT281+ Ultramarathon foi a prova mais longa que fiz até ao momento.
Objetivos pessoais futuros:
O meu futuro é um pouco incerto, porque para além de motivação, preciso de resolver algumas questões relativas a lesões que tenho tido recentemente. No entanto, se continuar espero criar alguns percursos desafiantes e “eventos” solidários, deixando um pouco as “competições de trail” para outras pessoas e ajudando quem realmente precisa.
Como vê o atletismo daqui a 5 anos:
Espero ver um atletismo mais evoluído (se assim for possível) e sem casos caricatos de pessoas que tentam a todo custo ganhar (Doping). No geral espero que seja uma modalidade que tenha mais participantes e com mais apoios das equipas e outras entidades externas.
Como se vê no atletismo daqui a 5 anos?
Daqui a 5 anos? Eu gostava de dizer que estaria na mesma apaixonado pelas longas distâncias e que estaria a percorrer o país por esses trilhos, mas não sou pessoa de fazer grandes previsões. Vivo um dia de cada vez, cabeça no ar mas os pés bem assentes no chão.
No entanto, daqui a 5 anos espero continuar a dizer que ainda corro.
Como é que a COVID afetou a evolução como atleta?
Para ser sincero, o COVID não afetou em nada a minha vida no que toca a treinar.
Antes da Covid já tinha deixado há muito o lado competitivo do trail.
Acho que a COVID afetou mais as pessoas que gostam de competir contra outras pessoas nas diversas provas que iam surgindo.
O que mudou nas provas com a pandemia?
Ora, infelizmente acho que esta é a pior parte.
Preços inscrições aumentaram, algumas organizações também se aproveitaram por haver poucas provas. Para ser sincero, poucas foram as provas que realizei “pós-pandemia”. Penso que houve maior cuidado ao escolher as provas e maior cuidado das organizações com os atletas.