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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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21
Out23

A psicologia também vê na respiração uma arma poderosa


João Silva

A respiração pode ser uma enorme arma, seja para atingir bons resultados desportivos ou mesmo para combater a ansiedade. E sabia que uma respiração controlada pode significar que um adversário tem a técnica certa para ganhar?

O António Raminhos deu voz ao psicólogo Rui Marques para que este nos explicasse o que se sabe da ligação entre a respiração, por exemplo, e os relacionamentos, as atividades desportivas e a saúde mental. 

Sofro de ansiedade e stress (muito, muito menos nos últimos nove meses) e percebi lá, por exemplo, que uma respiração feita pela boca pode potenciar os episódios de angústia. Não é fácil de mudar e também não recorri aos serviços dos senhor (não tenho meios), mas tenho tentado controlar melhor a respiração. A meditação ajuda imenso, mas depois há momentos no dia-a-dia em que não podemos estar a meditar para nós controlarmos. 

Ora vejam esse episódio do podcast Somos todos malucos e percebam onde pode estar a ajuda para um dos males da sociedade.

Em termos desportivos, sinto muitas vezes que a respiração é o meu campo mais débil e que ainda me impede de chegar a resultados mais interessantes. Mas tudo se pode trabalhar...

31
Jan23

O glamour da escuridão


João Silva

Para muitos, a vida/o desporto só existe em companhia e na presença de outros, mesmo que desconhecidos. 

Porém, há um lado que não se vê em que se treina todos os dias e de forma regular. Sejam amadores ou profissionais. 

Há muitos dias de solidão para essas pessoas, atrevo-me a dizer. Também por ser o que se passa comigo. Mas, a meu ver, isso não é mais. É a vida.

Treino todos os dias. Vou diversificando as modalidades. Faço muito reforço muscular em casa. Não vou a ginásios. Por opção, preferência e questões financeiras. 

Acham que treino num "ginásio caseiro"? Cheguei a ter um espaço no escritório ou na sala, mas depois veio o Mateus e tive de me adaptar. Sobretudo quando comecei a treinar em casa após as 04h da manhã. A vida num apartamento também não oferece grandes opções de espaço. Se é assim, tudo bem. Cá me arranjo. E arranjei! Passei a treinar na cozinha. Levei para lá a bicicleta estática e tenho lá o meu tapete e alguns acessórios de musculação como pesos ou fitas de reforço muscular. E todos os dias ao início da noite estendo o meu tapete de ginásio.

Como estou em casa e quero ter conforto no meio do desconforto do exercício, ainda estendo duas mantas. Há que ter o mínimo de quentinho.

E todos os dias vou para o meu ginásio, onde nem sequer gasto luz. Sim, para evitar acordar o Mateus com o reflexo da luz acesa da cozinha, habituei-me a trabalhar apenas com a luz dos visoree do forno e do micro-ondas. E sabem que mais? Funciona. Apesar de míope e "vesgarolho", vejo bem.

O meu ginásio não tem glamour. Ou melhor, até tem, se olharmos para o "bright side of life".

12
Out22

A "praga" dos Lève-tôt


João Silva

São cada vez mais e, aos poucos, a moda está a pegar. Na verdade, em França, por exemplo, já é uma realidade.

Falo do conceito "lève-tôt", também conhecido por madrugadores. Numa sociedade que nos asfixia cada vez mais com o passar das horas, há pessoas que optam por acordar cedo, bem cedo, de modo a conseguirem algum tempo para si ou para alguma tarefa mais exigente.

Não é fácil, porque acaba por ser um contrarritmo social, uma vez que, por norma, um madrugador se deita muito cedo, quando os outros ainda estão de pé, e acorda muito cedo também, quando todos estão a dormir. Isto numa ótica de não encurtar o sono para ter um dia maior.

Depois de muitos anos num trabalho que me fazia deitar tardíssimo e me deixava de rastos, passei por uma fase em que me deitava pouco depois da meia noite. Sempre gostei de aproveitar o início do dia.

Quando comecei a correr, a exigência dos treinos passou a obrigar-me a deitar até perto da meia noite para estar num brinquinho na manhã seguinte. Os meus objetivos levaram-me a isso.

O nascimento do Mateus acentuou ainda mais essa necessidade: passei a treinar de madrugada. Foi a minha resposta para conseguir tratar do meu filho, estar presente na vida familiar e continuar a correr. Passei a acordar às 05 h da manhã. Cá em casa, aproveitámos o nascimento do Mateus para nos deitarmos com ele. Foi um hábito um pouco doloroso no início, porque implicava ir dormir algures entre as 20 e as 21 horas. Foi uma opção mas também uma necessidade. Com as noites mal dormidas do rapaz, era imperativo aproveitar cada segundo para dormir.

Isto virou rotina e passou a forma de estar na vida. Há relativamente pouco tempo, quando o trabalho começou a apertar mais, tentei trabalhar depois de o Mateus ir dormir à noite. No entanto, continuava a acordar às 05 h para ir correr. Embora não fosse todos os dias, acreditem, é uma dor bem forte deitar às 00h e acordar às 05 h.

Como não me sentia bem com isso, porque acabava a parecer um zoombie, adaptei esta realidade profissional à minha preferência (é efetivamente uma das vantagens de ser trabalhador independente) e retomei a hora de deitar entre as 20 e as 21 h. Para conseguir trabalhar e treinar, passei a levantar-me mais cedo do que as 5 h. Aconteceu muitas vezes acordar às 03h e sair para treinar às 05 ou 05h30. Parece loucura, mas, como o meu corpo descansa seguido, consigo recuperar melhor e, mais importante, ter concentração a trabalhar, um dos aspetos que mais sofriam com o trabalho à noite.

Isto também tem um lado negativo, pois nem sempre me consigo deixar a descansar. Há muitos dias em que não preciso de acordar tão mais cedo do que o habitual, mas o corpo e, principalmente, a cabeça já estão a pensar naquele acordar e não descanso o que devo. Este aspeto tem de ser melhorado. 

Acabo a viver em contraciclo, mas, deste modo, consigo fazer algo por mim e ainda trabalhar antes do acordar do meu filho, uma vez que depois o meu dia é organizado em função dele. Durante o dia é normalmente a Diana quem assume o leme do trabalho.

17
Ago22

Respeito em tons de azul-escuro


João Silva

Quando se corre de madrugada, há muitas coisas que não esquecemos. Há imagens impagáveis.

Momentos deslumbrantes proporcionados pela natureza.

No entanto, há também um lado assustador.

Já falei das tempestades, das árvores a abanar em dias de chuva, do vento arrepiante.

E depois há outra coisa que me mete um respeito de morte: sair de casa com um nevoeiro desgraçado (acontece muito por termos serra à nossa volta) e ver no ar a luz azul das ambulâncias e dos carros do INEM.

Já me aconteceu duas vezes. Que me lembre. Numa delas, foi em pleno sopé da serra em Alcabideque. Aquilo assustou-me mesmo.

O coração bate com mais intensidade.

A segunda vez aconteceu em pleno verão, em agosto, com uma ambulância a vir de Soure e passar no IC2, mesmo ao lado de minha casa e do sítio onde começo os meus treinos...

Mete respeito.

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03
Jun22

A dificuldade em pedir e em aceitar ajuda


João Silva

O tema é sensível e nem sei como é mesmo convosco.

Como pessoa, por norma, peço ajuda quando preciso.

Ainda assim, a questão não é muito linear. Em muitos domínios da minha vida.

Consigo perceber com alguma facilidade que não consigo fazer tudo sozinho em muitas áreas. Até aqui, ótimo. O problema é que, nessas fases, nem sempre verbalizo a necessidade de auxílio e acabo por sofrer e por ser abalroado pela complexidade das tarefas.

Foi, sobretudo, quando me tornei pai que percebi que tenho dificuldade em aceitar ajuda nos momentos certos.

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Resmungo muito e estou sempre a reclamar falta de ajuda (muitas vezes não é justificado). Porém, quando alguém oferece mesmo os seus préstimos, eu entro em curto-circuito e não sei o que fazer. Dá a sensação de que quero é chamar a atenção para o facto de estar a ser sobrecarregado.

Essa foi uma grande lição dos últimos anos.

Volto a dizer, não sei como é convosco, mas é importante não levar o nosso individualismo ao extremo. Gosto de fazer e de tomar a iniciativa. Mas, algumas vezes, é de mais. Só nos faz mal.

Se é assim na vida, também o deve ser na atividade desportiva. Mesmo que alguém vos pareça inacessível, devem pedir conselhos, por exemplo, relativamente a exercícios ou a técnicas.

Pedir ajuda é fundamental, mas saber aceitar ajuda não é um dado adquirido!

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16
Dez21

Magia


João Silva

Já lá vão muitos meses, mas este foi um dos momentos mágicos de um ano onde corri pela primeira vez 50 km.

No dia em que presenciei esta magia da natureza, tive de parar para não deixar escapar o momento.

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Correr tem ainda mais valor quando se veem fenómenos destes.

30
Ago20

Supostas técnicas para o (me) adormecer


João Silva

Nota explicativa prévia: nos últimos anos, desenvolvi uma espécie de bebedeira de sono. Quando atinjo um determinado nível de cansaço, o corpo deixa de me obedecer e começo a adormecer, seja qual for a tarefa que tenho em mãos. Sim, há sinais, mas regra geral aterro num instante.

Ter um filho não é outra coisa que atingir um nível elevado de cansaço. Juntamos a tudo isso, o trabalho, a casa e os treinos. Nada de especial em relação às outras famílias, mas, tocando-nos a nós, têm sempre um sentido mais especial.
Portanto, terminada a nota prévia, o longo dos últimos quatro meses (feitos hoje), foi necessário virar técnico especializado em adormecimento... A ideia era que o fosse para o meu filho, mas a verdade é que muitas foram as vezes em que apliquei o manancial de estratégias e em que, ao fim de um belo bocado, fui eu quem começou a adormecer.
Ja aqui falei nos agachamentos e lunges como exercícios mais intensos para meter o Mateus a ver estrelinhas. A tudo isso, juntam-se as músicas inventadas à última hora, os embalos lentos acompanhados por palmadinhas suaves no rabito e, era aqui que queria chegar, as caminhadas intermináveis em marcha à frente e em marcha atrás pelo quarto, de preferência, a altas horas da noite.
Encosto-o ao meu peito, bem aninhado, e lá vou eu fazer quilómetros de embalo, aproveitando para lhe pedir (por vezes, encarecida e desesperadamente) que adormeça. Ele deve prestar tanta atenção a isso que muitas são as vezes em que acabo eu a adormecer com ele ao colo.
Sim, tem tanto de cómico quanto de assustador, porque desligo mesmo.
Aliás, recordo-me muitas vezes de um episódio em que adormeci a passar a ferro ou de outro em que o tinha nos braços, comecei a fazer da cintura um pêndulo, acabei por ter de o passar à mãe já que as portadas (=pestanas) já estavam a fechar.
No fim de contas, a cereja no topo do bolo veio em algumas noites em que a mãe lhe cantou belas cantigas para adormecer e fui eu quem acabou embalado com os olhos cerradinhos...
Passam hoje 4 meses desde que comecei a adormecer muito mais vezes e de forma inconsciente. Foram os 4 meses mais desafiantes da minha vida. Venham mais, muitos mais... Cá estarei, se não adormecer pelo caminho.
Se assim for, ele manda-me dois berros e mete-me em sentido.

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07
Jun20

À conversa com Aquele que gosta de correr


João Silva

O convite surgiu de forma inesperada, confesso. Não fazia ideia de que iria estar à conversa com alguém ligado ao atletismo.

A verdade é que o Vítor Oliveira teve a gentileza de me convidar para uma pequena conversa/entrevista no seu espaço: aquelequegostadecorrer.com.

Como o primeiro contacto surgiu na reta final da gravidez, a entrevista foi adiada algumas semanas.

E foi assim que no passado dia 30 de maio, por entre "receios" de choros do pequeno Mateus, que tive o prazer de responder a algumas perguntas do Vítor.

Podem assistir à entrevista no canal do YouTube do Vítor, que ainda teve a amabilidade de aceitar responder as umas questões para o meu espaço (essa entrevista será divulgada mais para a frente).

Aqui podem ver a primeira parte:

https://youtu.be/WR4j1oIE5SQ

E aqui podem assistir à segunda:

https://youtu.be/Yj33febA_PY

 

Fico à espera dos vossos comentários e o Vítor das vossas visualizações.

 

02
Jun20

Um mês: mais um ou menos um


João Silva

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Já transporto este epíteto há mais de um mês. Olhando para trás, diria que passou lentamente, muito lentamente, mas de forma estrondosamente intensa que nem sei bem como descrever.

Desde o passado dia 30 de abril que sou pai de um jovem rapaz, bem esguio e conservado, por sinal, que passou a tomar conta dos destinos da minha vida e dos da mãe.

E foi assim, nesta nova realidade a três e depois de meses à espera e de um pós-parto duro devido a algumas particularidades, que passámos o mês de maio.

Os minutos viraram horas, as horas dias, os dias semanas e as semanas meses. Tudo isto ao mesmo tempo e acho que é a melhor forma de descrever esta nova vida, que, certamente, ainda carece de muitos meses até nos fazer perceber a razão e o encaixe de tudo.

Por agora, mais do que pais e educadores, somos cuidadores. Prestamos cuidado a um ser que tem tanto de mágico quanto de desafiante.

Passei a rir e a chorar mais vezes em simultâneo e descobri bem melhor o que significa estar feliz e triste no mesmo minuto.

Tirando consultas e videochamadas com os mais próximos, a realidade é de confinamento. Nada de família, nada de visitas nem de passeios. A seu tempo lá chegaremos e, se há coisa que esta miserável pandemia nos trouxe, foi algum tempo a sós. Afigura-se uma realidade triste pensar num cenário que não tivesse sido o de "paz" nas primeiras semanas.

Há tanto para dizer, gostava de explicar o que sinto, como estou a lidar com esta realidade muito superior a mim e como me sinto nestes mares. Mas, por agora, não consigo e não quero. Tudo a seu tempo e não pretendo atrair comentários para uma realidade individual e que em nada implica o bem-estar da família. 

O desafio é muito maior do que nós, disso não tenho dúvidas ao fim destas semanas.

Porém, esse desafio tem também um lado muito importante, que não aparece tanto nesta altura, mas que incide na capacidade (ou falta dela) para formar vida. Gerar, com as devidas exceções, é relativamente simples. Tudo o resto não. No entanto, desde sempre que a humanidade passa por isto, portanto, nem aqui há algo de diferente a referir.

No futuro, sejá lá ele quando for, tratarei de contar peripécias desta nova profissão que tenho.

25
Mai20

Ajustes


João Silva

Dentro de dias faz um mês que esta casa ganhou uma nova alegria. 

Com todos os desafios e momentos mágicos associados, não estou aqui para dourar a pílula. Quem os tem, sabe o que custa, quem não os tem, não deve ficar melindrado nem motivado por algo do que aqui diga. 

Vidas, cada um com a sua, já diz o ditado. 

Como não podia ser diferente, os desafios são muitos. Só que, contrariamente a tudo o que se pensa durante a gravidez, bem gerida, esta pode ser uma fase de grande crescimento para qualquer família. É isso que decide um pouco o sucesso das relações a três ou a quatro (ou com mais filhos). Porém, não há soluções mágicas. Há aprendizagens todos os dias e há desafios.

Era precisamente aqui que queria chegar, porque, naturalmente, toda a minha orientação em termos de treinos sofreu alterações. 

Quando houve disponibilidade, é disso que prometo falar. 

E com isso, vou trazer para aqui o pequeno Mateus, do ponto de vista escrito, não visual. Com todo o respeito e sem qualquer tipo de apontar de dedos ou de demagogias, isso fica para os pais. 

Uma coisa sei que ele já fez por mim: mostrar-me que não sou tão (pouco) emotivo quanto achava. Isso e o facto de o coração destes pais estar nas mãos dele. Ainda assim, acho que falo pelos adultos cá da casa: estamos de bem com essa ideia.

E portanto, mais do que nunca, este blogue vai passar a ter mais Mateus, porque o que não mata engorda e transforma-te num maratonista papá (babado e lamechas) de um Mateus ❤️

 

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