Como assim? Isso é que é um longo?
João Silva
Menos é mais. Máxima de ouro em tudo, mais ainda no que toca à progressão no atletismo.
Não se corre mais rápido por se correr muitos quilómetro. Fazer muitos treinos de longas distâncias tem um propósito: aumentar a resistência e ajudar na economia de corrida. Contudo, também chega uma altura em se torna problemático pelo stress que causa no corpo e pelo cansaço que acumula.
Sempre gostei de correr muito. Por isso, optei por colocar os meus treinos longos ao fim de semana. Duas horas era o mínimo. Não o fazia só pela parte da paixão, também achava que precisava disso para comer mais (não para comer porcarias), porque sabia que estava tudo "abrangido" pelo treino.
Há relativamente pouco tempo descobri que o mestre da atualidade das maratonas, Eliud Kipchoge, faz apenas um treino longo por semana e essa sessão não passa das duas horas. Leram bem. Duas horas!
Podem confirmar no vídeo o que vos digo:
E quando vejo isto, apesar do treino longo dele ser feito a um ritmo de 3 minutos e 40 segundos na primeira hora e a 3 minutos e 7 segundos na segunda hora, penso no ridículo que fui/sou.
Obviamente que não me posso comparar. Eu sei que jamais atingirei aqueles ritmos, mas o que posso esperar de fases em que corro duas horas todos os dias durante meses (aconteceu há mais de dois anos) ou de períodos de treino em que tenho duas sessões de velocidade na semana e depois carrego com dois longos seguidos de 2 horas e 2 horas e 30 minutos?
Nunca me admirei dos problemas físicos que tinha ocasionalmente depois de cargas destas. Muito aguentou o corpo. Em quase sete anos de corridas, tive apenas uma lesão que me deixou k.o.. Mas tive muitos períodos de problemas de forma. Porque nunca ajustei a minha paixão às necessidades do meu corpo. O mestre queniano prova mais uma vez que menos é sempre mais.