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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje estou na segurança de meias maratonas e maratonas. Além disso, sou pai de um menino e sou um apaixonado pela mente humana. Aqui e ali também gosto de cozinhar. Falo sobre tudo isso aqui.

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13
Ago23

Ir para lá da dor:

O profissional e o amador


João Silva

É um elemento que distingue bem estes dois tipos de atletas.

A paixão reside nos dois e ambos podem ir para lá da dor. E ambos o fazem. Provavelmente com motivações e consequências diferentes.

O profissional expõe-se à dor porque é "obrigado" por um contrato. Se a dor não trouxer um resultado efetivo em termos de classificação, não valeu a pena. Como dizem os alemães, "ich kann damit nichts fangen" (não me serve de nada)! O profissional atinge e supera a dor e tem forma de o fazer todos os dias, pois tem uma estrutura que lhe permite "expor" o corpo ao desgaste e, ainda assim, render.

O amador atinge a dor devido ao compromisso moral que tem consigo próprio para se testar e superar. Na verdade, a dor não lhe traz grandes resultados em termos competitivos, por, no fim de contas, é como se não tivesse um efeito prático. Mas tem: a subida na escada da qualidade. O amador sofre, expõe-se e ganha um sorriso na cara e a certeza de que no dia seguinte vai tentar atingir novamente a dor, vai render menos e não vai ter uma estrutura para o ajudar a recuperar. Tudo o que um amador ganha é a realização do seu sonho. E isso significa tudo para ele.

Naturalmente, esta "caricatura" é muito genérica e até pode pecar por injusta. É um risco. Corrido por um amador. 

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04
Ago23

Vantagens e desvantagens de um estradista num trail


João Silva

Finalmente escrevo este texto. Já mo tinham pedido há imenso tempo, não foi, Ricardo Veiga? 

No entanto, infelizmente, não houve tempo mais cedo. A vida meteu-se pelo caminho e esta reflexão esteve muito tempo na gaveta.

Ora bem, numa primeira análise, um corredor de estrada, um estradista nas minhas palavras, está muito deslocado numa prova de trail. Desde logo, os desníveis são muito diferentes, a proprioceção, ou seja, a capacidade para o corpo se automovimentar sem colidir com obstáculos,  não está devidamente treinada e a mecânica da corrida é diferente.

Forçados pelo trajeto, os movimentos de um estradista, sobretudo, ao nível do joelho, são mais intensos. Se a força é importante em estrada, em serra é-o a dobrar. Não se exige "apenas" um movimento de pernas, o corpo tem de funcionar como um bloco bastante flexível. A rapidez de reflexos também é um requisito mínimo obrigatório.

Onde me parece que um estradista tira partido de um trail é quando encontra um trajeto mais rolante, com menos labirintos técnicos, porque aí sobressaem as suas capacidades de resistência (quando se tem a particularidade de se ser corredor de meio fundo ou de fundo). Um corredor de estrada vai com mais dinâmica, está mais habituado à "falta de convívio" nas suas provas e foca-se mais numa chegada à meta.

Apesar destas diferenças claras, diria que há benefícios em cruzar modalidades, principalmente, se for o de estrada a participar em trails, porque ganha mais noção "inconsciente" das características do piso onde corre, vai ganhando proprioceção e consegue trabalhar uma passada mais alta, com os joelhos mais elevados e aí está a ganhar para as suas provas em estrada.

 

19
Jul23

"Está tudo bem? Queres boleia?"


João Silva

Algures entre as 5 e as 6 da manhã, sigo a correr por uma estrada que liga Condeixa a Anobra. Já sem luz pública, deixo-te levar pelo meu frontal.

Ouço um carro com a música aos berros. 

Chega perto de mim, embora do outro lado da estrada, e abranda.

Olhei desconfiado e com medo.

"Está tudo bem?", pergunta um rapaz que não identifiquei (não reconheço ninguém quando estou sem óculos)

Hesitante, respondo, "Sim, porquê?"

"Porque estás a correr a esta hora?" 

"Porque me apetece".

O rapaz riu-se, fechou o vidro e seguiu viagem.

Lá me recompus do susto e continuei a correr. 

 

Ele há com cada coisa mais bizarra... Tive medo, mas gostei do episódio...

07
Jul23

Crónica de uma série num campo abandonado


João Silva

Condeixa tem um campo de futebol relvado e tem um campo de terra batida. Uma certa forma de luxo, mas, na verdade, o campo pelado era antiga casa do clube. Eles não destruíram aquilo (será para reformular), até porque lhes é muito útil para as camadas jovens... E para o atletismo. Sim, deram ao campo o formato de uma pista de tartan em terra batida. Supostamente, já a pensar nos projetos futuro. 

Junto ao campo existe um espaço de saúde mental. Passo ali tanta vez perto das seis da manhã e a verdade é que nem sempre me sinto extremamente bem. Não está ninguém cá fora, mas a simbologia daquilo intimida. Só que ninguém está livre de ir lá parar. Até porque pode ser uma ajuda.

Bom, para o caso isso não é muito relevante.

De vez em quando, é para o campo de terra batida que vou fazer treinos de series, os ditos intervalados.

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E sabem que mais? Sinto um lado místico ali. Naquele campo com balizas sem rede e com erva no meio do terreno. Com uma caixa de areia improvisada a pensar no salto em comprimento. 

Cada volta com o coração no máximo é uma aproximação amadora ao treino de um profissional. Não tem glamour. Nada, zero. Mas tem magia...

O trote após cada série serve para contemplar o espaço envolvente, a natureza que ali cohabita sem reclamar. E também tenho que puxe por mim: os moradores do estádio, os coelhos e os esquilos. Do lado de fora, a casa de saúde mental constitui a bancada. Dependendo das horas, até há público no interior dessa casa. 

Cada um faz a festa à sua maneira. Importante é não deixar de fazer mesmo a festa...

31
Jan23

O glamour da escuridão


João Silva

Para muitos, a vida/o desporto só existe em companhia e na presença de outros, mesmo que desconhecidos. 

Porém, há um lado que não se vê em que se treina todos os dias e de forma regular. Sejam amadores ou profissionais. 

Há muitos dias de solidão para essas pessoas, atrevo-me a dizer. Também por ser o que se passa comigo. Mas, a meu ver, isso não é mais. É a vida.

Treino todos os dias. Vou diversificando as modalidades. Faço muito reforço muscular em casa. Não vou a ginásios. Por opção, preferência e questões financeiras. 

Acham que treino num "ginásio caseiro"? Cheguei a ter um espaço no escritório ou na sala, mas depois veio o Mateus e tive de me adaptar. Sobretudo quando comecei a treinar em casa após as 04h da manhã. A vida num apartamento também não oferece grandes opções de espaço. Se é assim, tudo bem. Cá me arranjo. E arranjei! Passei a treinar na cozinha. Levei para lá a bicicleta estática e tenho lá o meu tapete e alguns acessórios de musculação como pesos ou fitas de reforço muscular. E todos os dias ao início da noite estendo o meu tapete de ginásio.

Como estou em casa e quero ter conforto no meio do desconforto do exercício, ainda estendo duas mantas. Há que ter o mínimo de quentinho.

E todos os dias vou para o meu ginásio, onde nem sequer gasto luz. Sim, para evitar acordar o Mateus com o reflexo da luz acesa da cozinha, habituei-me a trabalhar apenas com a luz dos visoree do forno e do micro-ondas. E sabem que mais? Funciona. Apesar de míope e "vesgarolho", vejo bem.

O meu ginásio não tem glamour. Ou melhor, até tem, se olharmos para o "bright side of life".

19
Jan23

O reforço muscular tem prazo de validade?


João Silva

Os nossos músculos adaptam-se a praticamente tudo. Por isso mesmo, ao fim de algum tempo deixamos de ver efeito neles.

É por essa razão que devemos mudar a tipologia, a regularidade e a intensidade dos exercícios de reforço muscular.

No entanto, apesar de se habituarem às cargas, isso não acontece de um dia para o outro.

No início, passei por uma fase em que achava que tinha de mudar o plano ao fim de cada mês. No entanto, percebi que isso é contraprodutivo e que não dá ao corpo o tempo de assimilar as mudanças advindas desse exercício.

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Fonte da foto: inscrita na lateral

 

Atualmente, procuro seguir planos de reforço durante dois meses. Quando começo a sentir demasiada facilidade na realização dos mesmos, aumento a intensidade e, noutros casos, mudo a tipologia.

Como é convosco? Fazem sempre os mesmos exercícios ou mudam? Se mudam, ao fim de quanto tempo o fazem e como fazem?

Uma boa estratégia é, por exemplo, fazer um grupo de exercícios durante algum tempo e depois mudar para a mesma versão com pesos.  Comigo resulta.

03
Jan23

Um balanço em revista - trails em 2022


João Silva

Que ano o de 2022! 

A todos os níveis. Talvez tenha sido o ano em que mais fui posto à prova e solicitado e não apenas no desporto.

Ainda assim, a dureza do primeiro deu lugar à leveza no último trimestre. E ainda bem. Talvez mais para a frente possa escrever mais sobre este lado pessoal e esta viagem que estou a fazer.

Em termos desportivos, o ano foi muito regular. Mas em bom. Foi mesmo o meu melhor ano. E os resultados 

Em 2022 fiz três trails. Talvez tenha sido o ano em que fiquei a gostar mais, confesso. Ao ponto de, num período de 10 anos, querer fazer uma Ultra. Um belo desafio, mas tenho recursos físicos e humanos à disposição para me preparar.

Em fevereiro, fiz o Trail de Sicó nas calmas, numa ótica de desfrutar e ainda nem sabia muito bem o que era fazer isso em prova. Talvez tenha sido a única em que tive zero interesse no tempo. Foi ótimo, porque conheci o Bruno Silva, meu colega de equipa e que fez a sua estreia em trails. Mais tarde, vim a saber que adora estrada como eu.

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No mês de março, tive um belo presente: o meu primeiro pódio numa prova. Fiquei em terceiro lugar no Trail da Bajouca. Foi aqui que percebi que há trails que poso usar a favor das minhas capacidades para conseguir lugares de destaque. Havia partes complexas, claro, mas o trail era rolante, dava margem para correr.

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Mais tarde, já quase no fim de 2022, fiquei a conhecer o Casmilo em condições e disputei um trail maravilhoso da organização da minha equipa. Foi um desempenho louco num trail demasiado técnico. Top 30 no bolso e prova provada de que também me safo bem em terrenos difíceis.

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Numa análise global, diria que os trails subiram na minha consideração, também pelo facto de ver neles a possibilidade de estar mais vezes com elementos da minha equipa. O que me custa mais é a parte física, o risco associado às provas. Eu não sei ir com pouco, vou com tudo. No último trail, demorei uma semana a recuperar.

19
Nov22

Ainda cá estou seis anos depois...


João Silva

Vivo sempre com a sensação de que nada dura para sempre. 

Talvez isso me desgaste e me destrua (entretanto, pude sentir na pele que sim, embora agora as coisas estejam a mudar)

Mas também tem o lado de me fazer apreciar cada momento que tenho disto, das corridas, da minha vida sem obesidade.

Seis anos depois, ainda corro, ainda adoro uma alimentação mais equilibrada e regrada e, aos poucos, tenho aprendido a lidar com uma "rédea mais solta, mas adequada".

Seis anos depois, a obesidade ainda é um passado bem longínquo e que está em vias de resolução mental.

Há seis anos neste dia, dei os primeiros passos para me apaixonar pela corrida e para deixar para trás uma fase muito marcada pela obesidade (embora tivesse começado a caminhar a 28/10/16).

Seis anos já não é mudança, é forma de vida...

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Em seis anos, já corri oficialmente 26 provas de 10 km, 8 trails (fiz, provavelmente mais uns 5 ou 6 a caminhar), 11 meias maratonas, 5 maratonas oficiais (e 5 oficiosas) e 1 prova oficiosa de 50 km.

Seis anos depois já não faz sentido viver com medo de que o passado venha atrás de mim, porque isso dependerá sempre de mim. Quilo a mais, quilo a menos, aos poucos, com ajuda, tenho procurado ver-me como estou, como sou. Fui obeso e isso não fez de mim má pessoa, mesmo quando quis acreditar nisso. Era apenas o meu peso. Era apenas o meu volume. Agora não sou gordo, tenho um peso estável e um corpo do qual gosto, mesmo nos dias em que achei que não estava onde devia. Está. E, aos poucos, sinto que era "nisto" que me queria tornar.

Em seis anos, vivi muito e percebi muito sobre mim, tendo a certeza de que a minha viagem de autoconhecimento está em bom curso, mas não chegou ao fim.

 

05
Nov22

Porto 2022: é possível sonhar?


João Silva

Sim, é. Sempre. Além disso, sinto que o meu trabalho ao longo de sete meses me permite mesmo sonhar com um belo desempenho amanhã.

Estou entusiasmado e levo na bagagem a esperança de passar belos momentos naquela cidade. Amanhã é o grande dia.

Em termos de desempenho, os meus indicadores foram constantes nos últimos meses e andaram quase sempre acima dos 13 km/hora. É essa a intenção.

Vou à procura de fazer 3h15, o que seria o meu recorde. Atualmente, o meu melhor resultado está nas 3h21m.

Sinceramente, se as coisas encarreirarem como espero e como trabalhei, penso que é possível ficar mesmo abaixo das 3h15.

Digo-o sem medos, digo-o correndo o risco de me desiludir. Se assim for, não haverá problema: lamberei todas as feridas, tomarei o meu tempo e voltarei a levantar-me. Já aconteceu, irá voltar a acontecer.

Mas estou confiante. Tenho razões para isso. Nunca tive uma forma tão constante durante tantos meses. Os resultados das provas também sustentam esta ambição. Segui conselhos e dicas de treino de quem percebe da poda

Estou e vou de consciência tranquila, porque mais não podia fazer nesta fase.

Cá estarei daqui a uns dias para dar conta do que aconteceu de facto.

Uns incentivos desse lado serão sempre bem-vindos =)

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