Revelações de um supersticioso confesso
João Silva
Não acredito que as superstições tenham influência nos resultados desportivos, mas, tal como acho que acontece com outros desportistas, por vezes, deixo o meu lado irracional falar mais alto.
Durante a adolescência, enquanto praticante de futebol, tinha superstições. Havia algumas coisas que me faziam acreditar que determinada ação condicionava os resultados.
Depois cresci, ganhei juízo, mas, enquanto adepto de futebol, mantive essa tara pelas superstições. O meu clube é o Borussia Dortmund, mas também simpatizo com o SL Benfica. Ou seja, se um destes clubes ganhasse jogando primeiro, ficava a achar que o outro iria perder ou empatar. Em miúdo essa tara era entre SL Benfica e Naval 1.º de Maio, o clube da minha terra, Figueira da Foz. Obviamente que não existe qualquer tipo de relação entre uma coisa e outra, mas lá está, deixamos a irracionalidade tomar conta da nossa cabeça em determinadas alturas.
E como corredor, tenho taras...perdão, superstições?
Claro que sim, embora, com o passar do tempo, tenha retirado alguma relevância a esses detalhes.
A saber, são elas:
- usar sempre os mesmos calções em provas;
- usar sempre os mesmos boxers em provas;
- usar sempre perneiras em provas e treinos longos mais duros;
- nunca deixar de usar as fitas de suporte dos joelhos nas provas;
- se não levar água comigo para as provas, acho que vão correr mal;
- tirar sempre fotografias antes das provas;
- se não sentir borburinho ao acordar no dia de provas ou de treinos mais duros, acho que vai correr mal;
- se tiver feito um excelente resultado numa prova à chuva, fico a "pedir" que chova, senão não corre bem;
- se tiver de fazer provas sem lentes ou óculos, acho que vai correr mal;
- se comer alguma coisa "estranha" (fora do habitual) no dia anterior, acho que vai correr mal;
- se não ingerir a quantidade certa de água no dia anterior, acho que vai correr mal;
- ter de abrir a porta que dá acesso ao espaço comum do condomínio (onde posso fazer alguns treinos) logo à primeira, isto é, se usar a chave errada, fico a pensar que o treino vai correr mal;
- ter de começar os treinos à hora programada;
- dizer a alguém (que não seja a esposa) que vou fazer um treino superior a 30 km, porque depois sinto-me pressionado e fico com a ideia de que pode haver acontecimentos negativos.
Quem mais se chega à frente e desvenda as suas idiossincrasias peculiares?