Já alguém tentou correr de máscara?
Eu tentei em Coimbra, em pleno mês de abril, quando me foi barrado o acesso à maternidade.
Subi e desci o Cidral com o dito objeto e asseguro que é aterrador.
Portanto, está fora de questão fazer provas com esse objeto, na minha opinião.
Não sendo uma possibilidade, apraz-me referir um opção em que pensei para permitir o regresso, ainda que condicionado, de provas com vários ajuntamentos de pessoas.
Não tenho qualquer tipo de influência junto da federação de atletismo do nosso país, a FPA, pelo que, caso alguém tenha e esteja a ler isto, se quiser, pode expor a minha proposta.
Outro ponto prévio é o facto de a minha opção não ser infalível, implicar perdas financeiras e de não conseguir arranjar solução para todos os problemas.
Ainda assim, as dificuldades atuais para todas as pessoas do setor organizativo das provas são imensas, pelo que é preferível amealhar alguma coisa, mesmo que menos do que o costume.
Em termos de Trail, já há segmentações atualmente, pelo que a única sugestão seria restringir o número de atletas, dando primazia aos federados e com base em tabelas classificativas. Limitando o número de participantes, seria mais fácil de perceber eventuais cadeias de contágio, já que não se torna viável criar uma bolha no atletismo amador como já acontece no futebol ou no ciclismo profissional. Pura e simplesmente, não há estrutura federativa para suportar esses custos e esta modalidade, tirando os Jogos Olímpicos, não traz rentabilidade aos canais televisivos. Portanto, seria acreditar na boa fé dos atletas e no cruzamento dos dados entre as federações regionais e os clubes. Precisamente por isso é que falo em dar preferência aos atletas federados.
Pegando agora no caso do atletismo em estrada, acho mesmo que esta seria a altura ideal para reestruturar tudo e criar um sistema muito mais aliciante.
Se funcionasse, seria assim:
Primeira fase apenas com provas concelhias (quatro ou cinco) que seriam disputadas apenas pelos atletas amadores federados dos clubes locais, havendo depois a possibilidade de inscrever algumas pessoas na caminhada. Exemplo: limite de 300 ou 400 atletas e 100 ou 150 caminhantes.
Do somatório dos pontos dessas provas, sairiam os 50 melhores corredores que iriam disputar mais quatro ou cinco provas, desta feita, a nível distrital. Portanto, cada concelho teria direito a apresentar 50 atletas ou, no caso de haver muitos concelhos, um número significativamente mais reduzido.
Em cada uma dessas provas, haveria possibilidade de deixar entrar 100 caminheiros externos e sem qualquer federação.
Terminada esta fase distrital, os 20 melhores de cada distrito iriam disputar 5 provas a nível nacional, com a organização a cargo de entidades mais experientes e que assegurassem o cumprimento de todas as normas. No caso dos caminheiros, adotava-se o mesmo esquema referido anteriormente.
Este grupo final teria, desde logo, presença assegurada num campeonato de meias maratonas, com uma prova desta extensão a ser realizada em cinco capitais distritais selecionadas com base num ranking, que daria a possibilidade de mudar as cinco cidades a cada ano. A este grupo, juntar-se-iam mais uns mil atletas federados, cuja entrada seria assegurada em função das pontuações dos cinco melhores distritos.
O mesmo mecanismo serviria para as maratonas, que, sendo três (norte, centro e sul), poderiam eventualmente permitir mais uns 400 atletas "externos", sem federação.
No fundo, haveria menos participantes, claro, mas os contágios ficariam limitados, os clubes veriam rentabilizados os investimentos nos processos de federação dos atletas e o setor não parava.
A solução não é mágica, como disse, mas parece-me que daria um toque interessante a tudo isto, mesmo em tempo Covid-19.