Silêncio, meditação, cérebro
João Silva
Aflorei esta questão há uns dias, mesmo a terminar o mês de março e agora dou-lhe o remate final.
Disse que o silêncio era importante sem, no entanto, explicar verdadeiramente o motivo.
Em termos científicos, o silêncio assume, face ao cérebro, a mesma função que o esquecimento. Ou seja: são mecanismos de limpeza. Ao contrário do esquecimento, cuja importância se revê mais na limpeza e na higiene cerebral, o silêncio permite a assimilação do conhecimento. É, na verdade, o elemento responsável pela entrada em cena dos nossos pensamentos mais básicos.
Podem fazer a seguinte experiência: não ter nada ligado nem ninguém por perto. Verão que daí a uns minutos o vosso cérebro vai viajar sozinho para terrenos distantes, bem remotos, mas sempre com base nas informações que recolheram.
No fundo, o silêncio é o indutor da meditação, daqueles pensamentos puros (não necessariamente bons) que circulam e navegam no nosso cérebro. Aliás, numa fase em que não pude fazer sessões "reais" de meditação, foi assim que consegui organizar ideias e arrumar a minha cabeça.
Mais tarde, em pesquisas e em programas científicos, percebi que o silêncio ajuda, de facto, a compartimentar a informação, sendo ainda benéfico para as redes neuronais, porque lhes oferece organização. É desta mistura de silêncio, abstração e meditação que sai um cérebro mais completo e mais capaz de lidar com fases negativas.
E entre vós, quantos são os que valorizam uma bela dose de silêncio? E preferem de manhã, de tarde ou à noite?