Esta vai sera última entrevista neste formato mais tradicional. A ideia não é acabar com o processo, é transformá-lo, adaptá-lo aos tempos e melhorá-lo. Estou a trabalhar nisso e terei novidades no futuro.
Por agora, deixa-me feliz partilhar convosco a entrevista da Fátima Gramaxo. Antes de mais, é minha "vizinha" e já é mais do que uma colega corredora. É uma espécie de parceira de histórias recambolescas de "espionagem" polvilhadas com muito humor britânico.
Contudo, o que me interessa mais neste caso é que possam conhecê-la como corredora e pessoa ligada ao desporto.
Fiquem, pois, com a primeira parte da entrevista da Fátima Gramaxo:
Nome
Fátima Gramaxo
Idade
41
Equipa
A equipa de que faço parte é muito mais do que uma equipa... ARCD Venda da Luísa
Praticante de atletismo desde
Fiz a minha primeira corrida em 2017. Em miúda não gostava nada de desporto e muito menos de corrida, fazia parte do grupo de alunos que, nas aulas de educação física, inventava desculpas para ficar no banco, apenas a exercitar as cordas vocais. Nunca me identifiquei com a prática. Já adulta comecei a fazer aeróbica e outras aulas semelhantes, em grupo, uma forma de exercitar o corpo e a cabeça. Em 2016, depois de uma dieta rigorosa, percebi que se queria manter o peso e melhorar a saúde e que precisava de fazer algo mais pelo meu corpo, o prazer de comer teria de ser compensado com algo mais eficaz do que o exercício que fazia até esta data. Em abril de 2017 decidi começar a correr e assim nasceu a paixão. Nas primeiras corridas, no choupal, acompanhada pelo meu marido, que teve um papel essencial nessa altura e andava ao meu lado enquanto eu corria, de tão lenta que eu era, na verdade ainda continuo a ser... O choupal foi durante meses o meu local de eleição para a corrida, comecei por aumentar a distância e depois a velocidade. No final desse ano fiz os meus primeiros 10km em prova, na São Silvestre da Figueira da Foz, um momento épico.
Modalidade de atletismo preferida
Não tenho modalidade preferida: divido o coração entre corrida de montanha e estrada.
Gosto de corrida de montanha mais rolantes, com paisagens cativantes. Procuro percursos que não me levem ao extremo, valorizo a minha área de conforto para conseguir usufruir do momento, cumprir o meu objetivo pessoal e ficar bem comigo e com o meu corpo.
Noutras ocasiões, prefiro a corrida de estrada, por norma sempre no mesmo percurso, isso permite-me estabelecer comparações pessoais e ouvir melhor o meu corpo.
Prefere curtas ou longas distância
Prefiro provas mais curtas, não me sinto preparada para grandes aventuras
Na atual equipa desde
Época 2019/2020.
Volume de treinos por semana
Depende das alturas, mas, por norma, 2 treinos semana.
Importância dos treinos
São essenciais, os treinos permitem-nos melhorar o desempenho. A falta deles faz-nos regredir, quer fisicamente quer psicologicamente. Quanto mais treinamos, mais vontade temos de treinar e melhores resultados temos, o que também nos motiva mais, um círculo vicioso. Os treinos são essenciais para a preparação.
Se tem ou não treinador
Não tenho treinador.
Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual
O atletismo está cada vez mais moda, há cada vez mais pessoas a correr e cada vez mais provas.
Histórias insólitas, curiosas ou inéditas
Não me recordo assim de nenhuma história em especial, embora cada trail de treino que faço sejam sempre verdadeiras aventuras pessoais. O meu sentido de orientação, ou falta dele, é ímpar. Já não tenho dedos nas mãos para contar as vezes que estive perdida pelo meio dos montes… talvez por isso privilegie tanto repetir os percursos...
Numa dessas vezes em que me meti em aventuras, sempre sozinha, fiquei sem GPS e sem água, tive uma cãibra abdominal, coisa que desconhecia, por falta de hidratação. O mau estar e sede eram tão grandes que me lembro de olhar para as poças de água e ter pensado em beber, mas consegui resistir ao cocktail...