Desde logo, algo que este louco não fez. Nunca na vida se retoma a prática de uma modalidade como se não tivesse acontecido nada durante dois meses. Este princípio vale ouro e pode salvar corpos de lesões. Para o meu já vem tarde.
Antes de mais, teremos sempre de avaliar em que ponto estamos, se parámos, quanto tempo estivemos parados, se apenas mudámos a modalidade mas continuámos com uma grande intensidade, quais as características dessa nova modalidade e como podem ser utilizadas na retoma à antiga.
Findo este processo, mais do que objetivos a longo prazo, é, a meu ver, necessário traçar uma linha para recuperar a forma daquela atividade. No meu caso, mantive a forma física, mas perdi a forma de corredor de fundo e a elasticidade, já que deixei de fazer alongamentos e ioga, com o objetivo de canalizar melhor o tempo de treino para exercícios efetivos e específicos.
A partir daqui, a inclusão de corrida e de quilometragem deve ser gradual.
Não pode ser como fiz e arrancar logo com mais de 1h e a um ritmo intenso ao ponto de começar a endurecer músculos e de provocar lesões nos adutores.
O trabalho de força, sobretudo, o de estabilização não deve faltar. Diria mesmo que é obrigatório. Ainda que possa ser em quantidade reduzida, esses exercícios não devem faltar.
O fortalecimento do core também não pode ser descurado. O corpo vai sentir tudo à dobrar.
Por ter querido de mais em tão pouco tempo, não percebi que o impacto me ia apanhar como nunca. As dores chegaram ao nível das que senti quando comecei a correr, quando era obeso.
Na fase seguinte, importa perceber o tempo destinado ao exercício e os objetivos a longo prazo, porque isso vai determinar a velocidade a que é possível retomar a corrida.
Na altura em que escrevi esta publicação, não havia previsão de provas. Portanto, dava para ir com calma. Tinha no horizonte a prova já paga em novembro, mas dava perfeitamente para fazer de maneira diferente. Para ter paciência e dar descanso ao corpo nos processos.
A moral disto tudo é que o corpo não deixou de saber correr, mas precisa de tempo e "compaixão" para regenerar. Disso e de alongamentos. Percebi novamente que não funciona correr sem alongar o corpo, pelo menos, no fim. Entorpece tudo, se não houver eliminação de radicais livres.
Portanto, uma vez mais, perdi uma excelente oportunidade de mostrar que é possível levar tudo com calma. Este tem sido o meu grande problema desde o início: um ser pouco emotivo no geral mas que se deixa iludir pela sensação de controlo e se deixa levar pelo impulso, neste caso, desportivo.