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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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31
Jan24

Os "pacers"


João Silva

Já toda a gente que correu em provas deve ter visto uns rapazes e umas raparigas com umas bandeiras nas costas no meio da multidão.

O nome técnico deles é "pacers" e a sua função é marcar o ritmo. Servem de balizagem e de limite visual às nossas capacidades. E são extremamente importantes para, como dizem os alemães, "gute Ergebnisse rauskitzeln" (conseguir chegar a bons resultados). 

A minha história com os pacers é um pouco mista. Já tive más experiências, como aconteceu na meia maratona de Ílhavo em que achei que podia seguir o da frente (fui garganeiro e acabei com o pior resultado em meias maratonas). Já tive experiências neutras. Ou melhor, em que a posição dos pacers me deu referências sobre a posição em que deveria estar para conseguir chegar a determinado resultado (aconteceu nas maratonas do Porto). Mais recentemente tive experiências positivas, como sucedeu na Corrida do adepto em Leiria. Consegui segui-lo cedo e acompanhei-o durante quase três quilómetros. Isso deu-me referências sobre a minha condição física, permitiu-me ajustar o desempenho para não perder energia e, quando mais tarde ele me passou (depois consegui ultrapassá-lo a 1 km da meta), foi útil para traçar o objetivo de não o perder de vista. "Esfalfei-me" todo para não deixar a distância aumentar. E se consegui um excelente resultado nesse dia, tenho noção, deveu-se a ele. 

Portanto, sem sentirem que isso vos possa prejudicar, acho que devem mesmo olhar para eles como uma boa forma de obterem um melhor desempenho...

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Arrisco também dizer que nem todos podem ser pacers. É preciso saber abrandar o ritmo e não passar daquela "fronteira horária". Um pacer não está a competir, está a ajudar. E deve ter uma atitude de incentivo. Acrescento que simpatia também não faz mal a ninguém...

27
Jul23

As provas e o seu impacto nos planos a curto, médio e longo prazo


João Silva

Disse muitas vezes que não eram as provas que me motivavam.

E não eram. No entanto, tenho de reconhecer que ter provas marcadas é um bom farol de preparação. 

Preparação? Sim, para se atingirem os nossos objetivos. 

Isto foi algo que percebi a sério a meio de 2021. 

É importante definir um objetivo macro, um daqueles máximos que, normalmente, seriam algo de único num determinado ano ou semestre.

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Erigida a margem onde queremos chegar, é necessário criar a ponte para ligar às margens. Aqui servem etapas de média envargadura. Vão dar-nos resistência física e mental. 

Por fim, que na verdade é o início, é importante criar "cordas" que uma os degraus, os objetivos pequenos. 

Com base nisto, posso traçar uma maratona como objetivo máximo. Isso significa que as meias maratonas seriam etapas intermédias onde a nossa capacidade já é mais testada a pensar no contexto final. As provas de 10 km são os pequenos passos iniciais para conseguirmos correr as meias maratonas com ritmos sólidos.

Por outro lado, isto também quer dizer que não vamos poder correr as 10 provas de 10 km no limite máximo das nossas capacidades. Porque temos ciclos de treino que nos impedem disso e que contemplam as provas como treinos, como testes em competição. A dificuldade está precisamente nessa separação mental, pois é isso que vai determinar o nosso nível de empenho. É o bloqueio que nós vai impedir de sair "à tolinha" numa prova.

 

15
Jan23

O que podem fazer os pais para evitar a asfixia do desporto?


João Silva

Já lá vai muito tempo desde que estes vídeos foram lançados, mas não vi ninguém pegar nisto a sério para focar os problemas associados ao desporto, mesmo no nosso país.

Caramba, fiquei chocado com as declarações e a visão da Vanessa. E precisamos e precisávamos mais disto!!

Não neste vídeo que aqui trago mas no documentário da Betclic, a Vanessa foca o sofrimento dos pais enquanto ela estava no Centro de Alto Rendimento.

Perante isto, quero ouvir o que têm a dizer: será que os pais têm o dever/a obrigação de cortar o mal pela raiz e de tirar os filhos deste tipo de pressão a que são sujeitos?

Qual o preço mental para toda a família para superar a perseguição desenfreada dos sonhos (dos atletas e das respetivas federações)?

Por favor, digam-me o que acham...

13
Fev22

Uma semana, dois resultados próximos mas...


João Silva

Em Soure foi assim...

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Em Leiria foi assim...

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Nos tempos dos chips, a diferença entre provas foi de 20 segundos.

Parece insignificante mas revela algumas diferenças. Naturalmente, a primeira está na questão do percurso. O de Leiria era um pouco mais agressivo.

No entanto, a diferença substancial foi a seguinte: trabalhei bem de 1 a 22/01 e cheguei a Soure com a "convicção" de que ia baixar da barreira dos 40' minutos. A vida à minha volta não estava fácil mas permitiu esse meu foco. 

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Uma semana depois, o desgaste físico da prova de Soure fez-se sentir, mas foi na "vida social e privada" que tudo se tornou mais denso. Não tive tanta capacidade para impedir que isso me afetasse e cheguei a Leiria com a vontade de repetir o tempo da semana anterior mas sem a convicção. 

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E essa convicção faz milagres, acreditem. É a cola que liga a disciplina ao foco. É isso que tira aqueles pozinhos que temos escondidos.

A minha "sorte" em Leiria foi estar lá um pacer (marcador de ritmo) muito bom e de ter conseguido seguir na linha dele o tempo todo. Isso fez-me acreditar. Mas foi isso. 

Essa foi a razão que me deixou mais feliz em Leiria, porque não contava, achava que não daria. E é isso que escondem estes 20' de diferença.

 

08
Jun21

Um problema de (ex)pressão


João Silva

A pressão é uma constante da vida. Chega mesmo a ser concreta e definida. 

Sou da opinião de que deve partir de nós. 

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No meu caso, sou o primeiro a fazê-lo, com quase tudo na minha vida, e acabo, por um lado, por gerar ansiedade, com a qual nem sempre (muito poucas vezes) sei lidar. Por outro, também desenvolvo mecanismos próprios para chegar onde pretendo. Porém, elevar a fasquia também é viver permanentemente na insuficiência e na imperfeição. Nunca nada chega.

Transportando para o desporto, no meu caso é o mesmo. Se não vejo o número (resultado) que pretendo, questiono-me logo, quando sei perfeitamente que, se, analisar o todo, o caminho foi bem feito. E é esse caminho que conta, não o resultado em si. Para mim, morrer a tentar é melhor do que nunca tentar. Portanto, a questão da pressão está na forma de expressão.

É a formulação que condiciona a avaliação. 

Se ganharmos distanciamento do que quer que seja e mudarmos as lentes para umas menos subjectivas, veremos que o resultado foi melhor mesmo não tendo sido o melhor. Concordam ou discordam? 

23
Nov19

E se...


João Silva

Evolução km treino 06.09, 12 km, quase progressi

Esta imagem foi capturada no final do meu treino de dia 06 de setembro. Já estava em fase de preparação para a Eco meia maratona de Coimbra, que se realizou no dia 08. Ou seja, dali a dois dias.

O objetivo não é mostrar qualquer treino progressivo, embora se possam dali retirar alguns indicadores nesse sentido, mas sim provar o meu ponto. Que é o seguinte: tenho dificuldades em abrandar e em puxar um travão. 

Assim, na semana de preparação para a prova, não devia ter feito tanto nem ter puxado tanto pelo corpo, porque as energias ficam na reserva e não é o que se pede na antecâmara de uma competição.

Isto prova duas coisas: a primeira é que de facto os treinos para mim são tão importantes quanto as provas, a segunda é que, na realidade, ainda não atingi o nível de maturidade exigível para alguém que não se vê apenas como um corredor ocasional, mas sim como um atleta, ainda que amador.

Como ponto suplementar em tudo isto, aquela semana foi muito dura, não só por ter sido a ressaca do treino de 38 km que fizera no sábado anterior, mas por ter decidido fazer treino de reforço nos glúteos e nas pernas na terça-feira. De segunda a sexta, percorri 61 km, o que é indesejável para atacar uma prova. Ela faz-se, mas uma coisa é "picar o ponto", outra é fazer um brilharete.

E esse, meus amigos, é o mote para o título deste texto: e se? E se um dia eu fizesse as coisas como é suposto e desse descanso ao corpo? Será que conseguia resultados mais interessantes? 

Aquele quilómetro percorrido a 04'03 (ver imagem) é a prova de que sim, de certeza que conseguiria, mas não me vejo a "viver" apenas para um dia de prova, exceção feita às maratonas. Considero tudo o resto como um processo evolutivo global e não fragmentado. Além disso, por causa do peso e da forma, a minha consciência não me deixa abrandar. Olhando apenas pela razão, sei que tenho cuidados e que não era um abrandamento que me faria engordar ou perder forma. Porém, arranjo sempre formas de me minar e depois fico a pensar incessantemente nisso.

E desse lado, há algum "e se" que gostassem de mudar? Por que será que isso não acontece?

 

12
Nov19

O que mudou de novembro de 2018 para novembro de 2019


João Silva

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No fundo, o meu propósito com este texto não é tanto falar no mês de novembro em 2018 e em 2019 mas sim no processo de treinos e do longão de 42 km que antecederam as maratonas no Porto.

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Foto: treino de 42,250 km em 2018

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Foto: treino de 42,250 km em 2019

Desde logo, olhando para as imagens dos treinos em causa (acima), é curioso perceber que calharam na mesma semana de setembro e, na verdade, os motivos foram semelhantes: depois desta semana, começava a ser muito complicado ter um treino tão longo e duro porque iria retirar frescura para os treinos e para as provas em si.

Em 2018, tentei fazê-lo em agosto, mas o excesso de calor dificultou tudo e, curiosamente, um ou dois meses antes, tinha sofrido alguns contratempos nos treinos longos superiores a 30 km. No dia 15 de setembro, lembro-me que fiz o treino com um tempo muito fresco e um nevoeiro cerrado e bem cedo pela manhã. Além disso, fruto das dificuldades e das dúvidas que começava a sentir, tracei um percurso em circuito, com três voltas ao mesmo, o que acabou por ajudar bastante no tempo alcançado. Ainda outro aspeto interessante: durante aquele ano andei com "paninhos quentes" e geri treinos e afins, procurando andar mais "poupado".

Este ano, talvez pelas contrariedades dos primeiros seis meses do ano, o conhecimento é muito mais denso: de mim, das minhas capacidades, dos meus limites, das necessidades de abastecimento e das especificidades de abastecimento. Quando fiz este treino a 13 de setembro agora em 2019, já andava a carregar muito, com um acumulado de 403 km em julho e um de 470 km em agosto. Estava bem "oleado" e na semana do treino fiz uma sessão de técnicas de corrida. A diferença em termos de tempo, deveu-se sobretudo às maiores dificuldades do percurso, que não foi em circuito. E, pior no meio disto tudo, enfrentei temperaturas na ordem dos 30 graus. Foi complicado, mas senti que dominei bem e fiz o que procurava: acabar mais um treino de 42 km.

Isso é crucial para mim, no sentido em que ajuda a ter uma noção exata do meu corpo. Por ter querido fazer tudo muito rápido e a um ritmo muito elevado em julho e agosto, "falhei" duas oportunidades "inventadas" (decidi à última hora que ia tentar os 42 km nesses treinos) e senti que a minha cabeça estava a começar a criar um problema e uma dúvida que não existia.

No fim de contas, consegui tempos muito próximos e, tenho percebido isso com o tempo, em princípio, dará para tirar cerca de dez a quinze minutos ao tempo de treino no dia da prova.

Apesar das semelhanças, os processos foram diferentes e, sinceramente, achei que melhorei muito em 2019, não deixando, contudo, de registar que, tal como neste ano, também no ano passado atravessei um período inicial de muitas dúvidas e dificuldades.

 

28
Out19

Haja paciência...


João Silva

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Esta cara não augura nada de bom, mas é simplesmente o cansaço estampado no rosto no fim de um treino de 38 km, feito no dia 31 de agosto. 

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Mas onde quero chegar com este texto?

Quero dizer que é difícil esperar que as coisas sigam o seu rumo.

Já diz o ditado que é preciso dar tempo ao tempo, o que não é mais do que ter calma e esperar que as coisas se encarreirem.

Em muita coisa na vida, os resultados não são imediatos, o que é um grande aborrecimento numa época em que olhamos para o aqui e agora e em que exigimos uma resposta imediata. O truque está em saber aceitar as coisas na devida altura, mas isso é um berbicacho grande para quase todos nós.

No desporto, diz a verdade que os resultados surgem ao fim de quatro semanas. É uma média, mas a verdade é que tem uma razão de ser e uma lógica. O nosso corpo precisa de se adaptar e de trabalhar com aquilo que lhe pedimos para fazer.

Como todos os corredores, e isso parece-me uma marca própria "nossa", nem sempre soube esperar pelo momento certo para avaliar a evolução.

Apesar de tudo, este ano foi tão difícil nos primeiros seis meses que fui obrigado a esperar, a concentrar-me no dia a dia e a deixar que as coisas tomassem o devido rumo.

O que fiz em maio e junho só se começou a revelar em julho, mas foi tão bom e saboroso quando percebi que tinha feito o correto.

Às vezes ainda há pior: esperamos e os resultados não aparecem. Haverá explicações e, nesse caso, somos forçados a perceber o que se passou e onde errámos. A resposta está lá, difícil é encontrá-la.

21
Out19

Finalmente abaixo de 1h30 na Meia de Coimbra


João Silva

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Nota prévia: o tempo de ontem na Meia maratona de Coimbra foi de 1h29m50s.

É verdade, consegui finalmente baixar de 1h30. Precisei de fazer dez meias maratonas para alcançar esta marca que considero tão importante para mim.

Tinha mesmo de ser em Coimbra. O ano passado fiz a corrida de 10 km e tinha dito que um objetivo para 2019 era ficar abaixo de 1h30.

Foi um ano estranho até agora porque precisei de sofrer muito para depois começar a melhorar.

E ontem foi um dia de ouro. Andei a semana toda com ideia de fazer menos de 1h30 na prova. Aliás, dizia a mim próprio que ia conseguir. Acho que foi aí que ganhei verdadeiramente, porque, quando me levantei ontem, senti que era o dia.

A prova proporciona bons tempos, há que admiti-lo, porque até aos 7 km é muito rápida, endurece do depois.

Estas descidas iniciais permitiram-me fazer 7 km em 30 minutos e ganhar a almofada que tanto queria para depois gerir o cansaço quando ele aparecesse.

Pela primeira vez, encaixe o 14 km numa só hora de corrida. Num treino forte de fartlkets, consigo chegar aos 13 km numa hora, portanto, o ritmo foi mesmo muito alto.

Confesso que não tive muitas preocupações com o corpo, porque estava bem, a distância que galguei foi "ajudada" pelo percurso e não por um esforço excessivo.

Entre os 12 e os 14 km, encontrei um senhor com um ritmo muito bom e acabei por beneficiar com isso na viragem do percurso, porque aumentei a cadência.

Até aos 16,500 km, achei que puxei muito e acabei por passar alguns atletas.

Na minha cabeça, já só estava o valor de 1h29. Isso e o relógio, pois estava sempre a controlar a evolução. Quando cheguei aos 19 km, senti o corpo a dar sinal de fadiga. Toca a corrigir a postura, anca para a frente e joelhos levantados, mais distância percorrida e menos desgaste.

Aos 20 km, na viragem da ponte de Santa Clara, foi olhar para a meta, bem ao longe, e desafiar o contador oficial que estava a querer chegar rapidamente a 1h30m de prova. Não deixei, ficou a 10 segundos, eu entrei para a minha história de resultados e senti uma felicidade muito grande.

É difícil não passar do: tanto trabalho para chegar ali. Mas foi, mas é, mas tem sido assim. E ainda bem.

Agora venha de lá a prova, aquela que me faz brilhar os olhos, dia 3 de novembro no Porto.

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09
Set19

Resultado muito bom e o dia em que me senti um corredor a sério


João Silva

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Não há corredores a brincar e nem pretendo rebaixar ninguém, mas, caramba, ontem fui um verdadeiro atleta. Cheguei ao fim e fiquei orgulhoso de mim, não por ter feito um tempo excelente que valeu um 31.º lugar na prova (podem ver nas imagens abaixo), mas porque consegui gerir o meu desempenho e porque, a dada altura, percebi que já não tinha mais para dar e, mais do que tentar forçar, tentei limitar os estragos. Foi precisamente na altura em que compreendi que já não daria para fazer menos de 1h30. Ainda não foi desta, mas há de ser este ano, tenho essa sensação, sobretudo, porque este foi o meu melhor resultado em provas em 2019.

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Analisando em maior detalhe, como se pode ver pela quilometragem, arranquei muito bem, ao contrário do que é meu costume. Na verdade, já tinha previsto uma prova em modo de contrarrelógio e, por ser em prova, "sabia" que o ritmo seria mais alto do que em treinos. Ainda assim, foi muito melhor do que esperava.

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Como estava mesmo muito calor, optei por ingerir pequenas quantidades de água de 08 em 08 minutos. Foi muito importante e sem isso teria acabado numa valeta. As condições climatéricas não estiveram a nossa favor.

Ainda assim, foi dando para manter um ritmo alto, embora na parte final dos 06 km já começasse a sentir alguma necessidade de um sólido.

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Levei uma gelatina em barra comigo, mas sou demasiado teimoso e tenho uma enorme aversão a ingerir açúcares adicionados. É uma loucura e nem sei bem o que poderia fazer em termos de resultados, se comesse o raio da barra.

Nesta fase, já achei que ia muito rápido e que poderia haver quebra mais cedo do que o costume.

Os tempos parciais acima refletem isso mesmo. 

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No entanto, talvez por me encontrar próximo de vários atletas com um ritmo muito bom e semelhante ao meu, mantive a cadência e fui muito constante. Foram cerca de 06 km ao mesmo ritmo. Isto só foi possível por causa dos treinos de fartleks.

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A partir dos 12 km, comecei de facto a sentir quebra. Mais do que água, precisava de sólido, mas recusei-me. Claro que o corpo não quis saber e "castigou-me", ainda que de forma consciente, porque a ordem foi dada por mim. Percebi que precisava de estabilizar para chegar a uma ponta final mais forte.

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Aqui foi muito bom, primeiro, ter perguntado a um atleta de outra equipa se queria fazer uma espécie de aliança. Passo a explicar: no ciclismo é muito comum unir forças para aumentar ritmo. É difícil de perceber, mas as cadências dos corredores ficam muito próximas e ora uns ora outros endurecem o ritmo. É como se um trabalhasse mais para "puxar" os outros, mas, na verdade, todos beneficiam. Chama-se ir na roda no ciclismo e também se usa no atletismo.

Foi um enrome sinal de maturidade porque havia momentos em que sentia que podia esticar mas depois ia acabar por ficar sozinho e perderia ritmo. Ou seja, ora abrandava para se juntarem a mim, ora eram eles a fazer o mesmo, isto porque houve elemento da equipa Nascidos para correr a juntar-se a nós os dois.

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E assim fomos até ao quilómetro 18, mas cheguei a esse ponto e percebi que já não tinha força para aumentar a carga, tendo "deixado" um dos corredores seguir bem lançado. Foi nesse momento que voltei a ser atacado por um fenómeno de vazio, algo que explicarei nas próximas semanas, mas que não é mais do que uma perda súbita de energia. O corpo continua, mas o "motor partiu", para usar mais uma expressão do atletismo.

E foi aqui que percebi que amadureci como atleta. Porquê? Porque há um ano ficaria muito triste a exigir mais e mais de mim mesmo já não dando para mais e chegaria ao fim irritado, sem usufruir e a pensar que tinha sido um fracasso.

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Ontem foi tudo menos isso. Senti orgulho e dever cumprido, vi que não deu para fazer menos de 1h30, objetivo que tinha proposto, mas dei tudo o que tinha, logo, não podia inventar. E, modéstia À parte, o tempo é bom. E é o meu melhor no ano em curso, portanto, fui e fiquei feliz e foi isso que me fui dizendo entre os 19 e os 21 km. 

Acabei em sprint, esgotado, sem qualquer energia, mas feliz.

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Já em casa, ao consultar os resultados, vi que fiz a minha melhor classificação numa prova do género, portanto, missão cumprida.

 

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