Os medos
João Silva
Por muito que haja força de vontade em retomar a corrida, uma lesão com paragem é sempre um ponto de viragem.
Tem de suscitar sempre alterações no nosso interior.
Nada pode ser como era, pelo menos, no início. E o início pode demorar tanto...
Algo que senti com o aproximar do regresso foi uma certa retração na hora de conceber determinados tipos de treino.
Olhando para o que fazia antes, o volume excessivo de treinos, as grandes distâncias seguidas e os vários treinos de velocidade seguidos eram algo impossível de replicar como tal logo nos primeiros tempos. Mesmo agora, tem de ser com calma e ponderação. Ainda não passei os treinos de 80 minutos e sinto-me k.o. quando faço dois treinos intensos seguidos acima de 60 minutos. Sinto mais necessidade de dar descanso ao corpo. Não me posso precipitar...
Um dos maiores medos foi, precisamente, a paciência necessária para não saltar etapas. Conheço-me e sei que resvalo com facilidade.
Mas de todos os medos e pensamentos na hora do regresso, houve um que me acompanhou durante a segunda metade da fisioterapia: medo do aparecimento da dor com o impacto.
Isto só se combate com a prática, com a vontade de correr e com o treino.
Mas faz hesitar, oh se faz!