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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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20
Mar24

"Havias de correr era assim"


João Silva

Certo dia, estava a passear o meu filhote no ergo baby quando avisto um conhecido simpático.

O senhor passa por mim e grita: "havias de correr era assim". 

Acenei e sorri.

Nessa semana, fizemos 14 pequenas caminhadas e em 10 andei com ele nesse tal sistema de transporte. 

Posso dizer-vos que cheguei ao fim da semana mais cansado do que nas quatro semanas anteriores e aquela era uma semana de recuperação entre ciclos de treino.

Sim, andar com mais 14 kg em cima já custou imenso, correr seria o fim do mundo e o pior é que aconteceu algo assim (pior, na verdade) quando era obeso. 

Na verdade, cheguei a correr com bem mais do que esses tais 14 kg. Quando comecei a missão de perda de peso, eram 48 kg a mais em relação o que tenho hoje.

Tudo aquilo foi cómico mas também me fez pensar que aquela vida de obeso já não era mesmo para mim. 

Tinha de pedir licença a um pé para mexer o outro.

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Agora já não preciso de pedir licença.

03
Dez22

Os novos amigos


João Silva

Com a chegada dos filhos, há um conjunto de mudanças que abraçam a nossa vida.

As realidades mudam em relação ao adulto que éramos antes da chegada deles.

Tão clichê quanto verdade.

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Uma das mudanças está no tipo de contactos sociais e de "amizades".

Primeiro, somos uma espécie de ímanes e de intermediários entre os pequenotes, até porque os nossos filhotes seguem aquilo que fazemos. 

Tenho experenciado isso com o Mateus, que tinha alguma timidez quando era abordado por miúdos ou graúdos. Essa timidez prevalece, mas, na presença de miúdos, já não é vincada, ele junta-se e brinca. Interage. No passado verão, brincou com muitos miúdos e, a dada altura, já tinha uma rotina de "grupo" com quem se relacionava. Naturalmente, como agora sai menos no outono/inverno, isso acaba por resfriar um pouco as coisas.

Nesses casos, nunca o forçámos a nada. Porém, procuramos manter abertura ao diálogo com os outros. Aos poucos, o Mateus sente aquilo como algo tranquilo e começa a abrir-se.

Dá-me genuíno prazer ouvir as conversas dos pequenotes e dar-lhes atenção. E não é só pelo meu filho, é porque é ótimo receber as informações e visões de uma criança. (Quando se está muito neste meio, a dada altura, há o risco de o adulto já não saber quem é, mas isso já são contas de outro rosário e cujos efeitos secundários tenho tentado resolver com acompanhamento.)

Há muito tempo, encontrámos um menino, o Tomás, que falava, falava, falava, brincava e tinha um carro Hotwheels que tinha asas, segundo ele. O Mateus começou por ter algum receio, mas, com o tempo, senti que ele ficou mais comunicativo perante o outro menino. 

Nesse mesmo dia à tarde, o Mateus viu o nosso vizinho, também ele chamado Tomás, a jogar à bola no jardim. Não meteu conversa, mas sorriu genuinamente quando viu o menino. Aquele sorriso era de felicidade, de quem queria ir para aquele espaço. O Tomás acenou-lhe e o Mateus sorriu tanto. Meses mais tarde, estavam a brincar juntos nesse mesmo espaço e o Tomás e o seu irmão Gabriel foram de uma enorme generosidade por acolherem tão bem o meu filho. Este verão, por exemplo, foi uma grande descoberta. Passaram-se assim belos dias de piscina. Além disso, quando o veem na rua, vão sempre à janela para falarem com ele.

E depois do Tomás e do Gabriel veio a Mariana, mais tarde o Rodrigo, tendo-se seguido as duas Leonores, o Pedro, o Martim pequeno, o Martim grande, o Eduardo e a irmã, a Olívia, a Madalena e muitos outros. Com os miúdos, vieram os graúdos "por detrás deles" e isso trouxe belas conversas, belas partilhas de angústias e vontades, formas diferentes de educar. 

Ele vai ganhando novos amigos, mas nós, pais, também vamos tendo uma realidade nova de amigos, diferentes, com outras formas de pensar, mas importantes pelas "balizas" educativas que nos vão trazendo.

 

 

28
Set22

Não sei onde é que ele aprendeu isto


João Silva

As crianças aprendem rápido e sem que nos apercebamos disso.

A dada altura, o meu bambinito começou a fazer coisas novas todos os dias. Às vezes, nem sabíamos o que tínhamos feito para que ele pudesse imitar tal coisa.

É fascinante a naturalidade com que "aparecem à nossa frente" a fazer coisas que viram pouco tempo antes. Diz-se que são esponjas (e são, daí a importância de terem pais e mães que deem um bom exemplo).

Certo dia na praça, comecei a levantar o joelho e o pé como se me estivesse a aproximar do Mateus em câmara lenta. Daí a uns minutinhos, estava a começar a correr com o pé assim.

E depois, uns dias mais tarde, quando lhe mudava a fralda, ele, que detesta mudas de fraldas e trocas de roupa, começa a levantar a cabeça "pelo tronco". Na verdade, estava a tentar fazer abdominais. 

Não faço ideia onde viu aquilo (#sóquefaço).

03
Jun22

A dificuldade em pedir e em aceitar ajuda


João Silva

O tema é sensível e nem sei como é mesmo convosco.

Como pessoa, por norma, peço ajuda quando preciso.

Ainda assim, a questão não é muito linear. Em muitos domínios da minha vida.

Consigo perceber com alguma facilidade que não consigo fazer tudo sozinho em muitas áreas. Até aqui, ótimo. O problema é que, nessas fases, nem sempre verbalizo a necessidade de auxílio e acabo por sofrer e por ser abalroado pela complexidade das tarefas.

Foi, sobretudo, quando me tornei pai que percebi que tenho dificuldade em aceitar ajuda nos momentos certos.

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Resmungo muito e estou sempre a reclamar falta de ajuda (muitas vezes não é justificado). Porém, quando alguém oferece mesmo os seus préstimos, eu entro em curto-circuito e não sei o que fazer. Dá a sensação de que quero é chamar a atenção para o facto de estar a ser sobrecarregado.

Essa foi uma grande lição dos últimos anos.

Volto a dizer, não sei como é convosco, mas é importante não levar o nosso individualismo ao extremo. Gosto de fazer e de tomar a iniciativa. Mas, algumas vezes, é de mais. Só nos faz mal.

Se é assim na vida, também o deve ser na atividade desportiva. Mesmo que alguém vos pareça inacessível, devem pedir conselhos, por exemplo, relativamente a exercícios ou a técnicas.

Pedir ajuda é fundamental, mas saber aceitar ajuda não é um dado adquirido!

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22
Mai22

A criança ainda brinca


João Silva

Longe vai a ideia de que um pai (mais do que as mães neste ponto) só tem de assegurar a sobrevivência da sua família. Têm os dois, ponto final.

Ser pai (e mãe também) implica educar e dar amor. E as duas "funções" são inteiramente compatíveis.

Uma das formas de amor é brincar com eles, dar a nossa presença. Sinto isso tantas vezes com o Mateus. Ocupo-me dele, mas, quando tenho de entregar algum projeto com maior brevidade, ele não descansa enquanto não vou ter com ele. Quer brincar. E se comigo é assim, imaginem como é quando é a mãe a ter projetos e a não poder estar mais diretamente!

Sim, eu brinco. Eu faço figuras tontas. Eu sou pai. Coloco-me sempre ao nível dele (eu e a mãe). É um igual a nós, só que mais pequenino. 

Acho que ele adora brincar comigo. Eu sei que há poucas coisas na vida que me deixam tão feliz.

Há uns tempos, o Pedro Ribeiro da Comercial dizia que adorava sentir-se criança quando brincava com os filhos.

É, de facto, uma bênção! Não trocava uma brincadeira com o meu filho pela melhor maratona do mundo (não é necessário chegar a tanto, é possível conciliar, mas é para se perceber que adoro brincar com ele).

E quando brincamos, eu saio da pele de adulto e sou feliz na minha forma mais pura. Não escondo qualquer desejo de voltar à minha infância. Teve liberdade mas também teve muitas dores que não provoquei e, mesmo assim, teimaram em aparecer.

Quando brinco com o Mateus, deixo brincar quem está dentro de mim.

E mesmo quando a brincadeira acaba, acabo o dia com esperança de poder ter tempo para voltar a brincar com ele no dia seguinte.

Ser pai não é brincar a toda a hora, mas é mostrar ao nosso filho que também nós temos uma criança que precisa de ser "alimentada". 

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Não sou um amigo. Sou amigo. É diferente. Para mim, 

20
Mai22

Bebé bailarino


João Silva

Dançar também é uma atividade desportiva.

O meu bebé que o diga.

O senhor Mateus adora dançar.

Na verdade, ele mistura a dança com o movimento de agachamentos. E fá-lo sempre que pomos música, quando ouve o seu livro de instrumentos musicais ou quando ouve e vê a máquina de lavar a roupa a trabalhar.

Será que inventou a dança agachada? Um novo desporto?

Além disso, ainda manda testos para o chão com o objetivo de dançar enquanto os ouve a tilintar.

Que desportos inventaram os vossos pequenitos?

 

10
Abr22

Uma questão de identidade


João Silva

Este é mais um tema ligado à paternidade.

Um bebê nasce e os pais morrem como seres individuais!

Vá lá, apesar de haver veracidade nisso, não é inteiramente assim. Porém, é óbvio que temos de sair de cena para dar prioridade a quem depende muito de nós.

Essa dependência mantém-se durante muito tempo, portanto, os primeiros anos de vida não dão grande margem para que os dois adultos do casal (apenas com um filho) tenham muito tempo para si.

Ainda assim, as coisas bem faladas e partilhadas pelo casal permitem que cada pessoa possa ter os seus bocadinhos. Possa perceber que ainda existe sem ser como pai ou mãe.

Isso é muito importante. É preciso comunicar muito em casal e transmitir a sua vontade.

É um pouco ao abrigo disso que acabo por conseguir treinar. Abdico de algumas horas de sono e procuro ainda que a Diana tenha tempo para si, às vezes, simplesmente para estar, para descansar.

Apesar de me custar abdicar da minha identidade, ser pai também me trouxe uma realidade que desconhecia: adoro ajudar um bebé a ganhar vida a cada dia que passa.

Adoro cuidar dele, mesmo nos dias em que me apetece gritar de desespero, em que quero "fugir" da dura realidade. Embora adore, não significa que não precise de saber quem é o João. Mas esse é um processo demorado. Lá está, mais uma maratona!

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27
Mar22

A comparação


João Silva

Poderia estar a falar da corrida, mas não. Este é mais um caso de paternidade, algo que também é importante e que também faz parte deste espaço.

Como já disse várias vezes, cresci num meio de violência doméstica. Naturalmente, é algo que nos ensombra e persegue.

E depois chega a hora em que sou eu o pai e em que tenho de ajudar a dar educação a um ser humano.

Há muita coisa que o meu pai faz ou diz com a qual não me identifico. Pura e simplesmente, vejo (muitas) coisas de maneira diferente.

Quando se cresce, procura-se seguir o que vemos em casa. Eu tive que lutar contra isso, porque o exemplo era francamente mau a vários níveis.

E depois surge a paternidade e somos obrigados a educar e a cuidar de alguém.

Felizmente, o Mateus não tem nem o meio nem o exemplo que eu tive em pequenito.

Mas também não é viável educar com base na comparação ao contrário. Não serve de nada e pode ser prejudicial fazer algo como "comigo foi assim, então vou fazer ao contrário". Até porque nem tudo o que foi feito foi errado. Há que reconhecê-lo: houve coisas que só agora consigo perceber e essas nada tiveram a ver com o tal ambiente. São as questões próprias da chegada de um filho a casa. Aqui é que está a dureza: ter de reviver o passado para educar de forma consciente no presente e sempre com um olho no futuro. 

Houve uma altura em que o pequeno João foi privado de falar com a avó materna. É algo impensável para o pai João. Não é essa a via, até porque o amor dos avós é necessário para construir uma personalidade forte, apoiada, consciente do seu valor. Porque os pais têm de estar ocupados a educar e nem sempre dão o mimo que só os avós vão conseguir revelar. Neste caso, sei que o Carlos é muito mais "apaixonado" como avô do que foi um pai. Mas isso é ótimo para o Mateus. E eu estou de bem com isso.

Temos sempre duas opções: podemos cortar abruptamente com o passado e não aproveitamos nada dele ou temos de o reviver para tirar algo benéfico de lá. Só que essa comparação traz dores. As dores do que se viveu! E depois das dores vêm os fantasmas e isso cria mais dores...

 

 

07
Mar22

Treino interrompido....


João Silva

Esta foi uma sensação que comecei a ter muito desde o nascimento do Mateus. (E que agora regressou mesmo em grande, quase ao nível do nascimento. Ele está a atravessar uma fase muito complicada que terá começado há um mês, quando decidimos abandonar a chupeta para dormir. Falarei nisso lá muito para a frente. Naturalmente, ainda está a tentar encontrar a melhor forma de regular o seu novo sono.)

O nascimento de um filhote marca o fim do controlo que temos da nossa vida. Arriscaria a dizer que, se os dois pais fizerem as coisas de forma equitativa, é mesmo isso. Já não mandamos. Fazemos as nossas coisas e os nossos hobbies quando e se os filhos deixarem.

Uma das piores sensações que tenho é quando o telefone toca a meio de um treino (quando este está a correr bem) e tenho de regressar logo a casa.

Até há bem pouco tempo, o Mateus adormecia ao meu colo. Agora isso mudou um pouco, mas quando tem noites complicadas e não dorme depois das 05 horas da manhã, recebo as chamadas da Diana.

Para que tudo fique bem claro, não me estou a queixar por isso. Faz-se o que é necessário e a prioridade da minha vida é o filho. Mas também mentiria se dissesse que gosto da sensação de treino interrompido.

No início, ficava com o dia estragado. Remoía naquilo, porque ficava com a sensação de ter falhado! O tempo ajuda a curar tudo e lá aceitei. É o que é. E não posso fazer nada.

Se tinha marcado um treino de uma hora e meia e só fiz trinta ou quarenta minutos, pelo menos ainda corri um pouco. Tento tirar o lado bom da situação.

E quando tenho de regressar a casa, se o corpo deixar, procuro tirar o máximo daqueles quilómetros.

E já tive grandes treinos assim!!!

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E também aprendi que o pouco representa muitas vezes muito, em termos de treino (e não só). Depende sempre do que fazemos com esse pouco.

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