Duas coisas ligadas à parentalidade. Não dá para fugir deste dilema.
Há uma fase em que os pequenitos mexem em tudo, tiram as coisas n-vezes do sítio, mesmo quando avisamos (pedimos?/berramos?/desesperamos?) para não o fazerem. Sim, dá trabalho rearrumar tudo em casa umas quantas vezes por dia!
Também há dias em que se desliga o cérebro e se liga o piloto automático. Há guerras que não vale a pena comprar. Pelo menos, aqui em casa tem sido assim.
No entanto, chega-se uma altura em que é necessário refletir sobre o que se vai/pode fazer para evitar que a televisão seja partida ou que o desgraçado do robô de cozinha faça uma viagem desagradável até ao chão.
Tudo isto faz parte do pacote da parentalidade. Até aqui tudo bem, mas há um momento em que nos vemos confrontados com o dilema "sair da frente ou fazer frente?".
Por um lado, não custa adaptarmo-nos ao bebé, mas, por outro, o bebé também tem de lidar com frustração e também tem de perceber que já existiam regras e disposições antes dele.
Dito isto, há coisas incontornáveis e que afetam a vida do bebé que não podem estar à mão: facas, tomadas, objetos de vidro, objetos de aquecimento e outros da mesma família.
Por outro lado, os objetos de grande valor pessoal, os aparelhos eletrónicos de finalidade profissional, os documentos importantes ou mesmo objetos banais como comandos de televisão ou móveis não entram nesta categoria.
Mas não tirar isto da vista do bebé também tem um enorme risco associado. Porque, no início e durante muito tempo, o bebé não percebe o conceito da negação e de não poder mexer em algo que os pais tocam constantemente. É importante explicar, avisar e (inevitavelmente, ralhar) vezes sem conta, sabendo que as probabilidades de sermos ouvidos roçam o zero. Mas lá está, não é viável tirar sempre tudo do caminho como se o problema não existisse. Pode não ser o caso no presente, mas aparecerá no futuro, sempre que o bebé vir o objeto ou o documento.
O Mateus fica louco (de alegria) quando vê o aspirador móvel a deambular pela casa. Ao ponto de lhe saltar para cima e de o desligar continuamente.
A outro nível, quando vê o rato ou o teclado do computador, não se consegue distanciar. Não raras vezes fecha programas (isso é o menor dos problemas).
E com as gavetas da roupa? Vê-nos a dobrar e a arrumar e, consciente de que está a fazer bem, lá vai tirar tudo para o chão. Obviamente que passamos o dia a dizer (às vezes, intensamente) para não o fazer. No entanto, chega uma altura no dia (ainda antes do fim da manhã!!!) em que a nossa frustração cresce e nos rendemos. A missão passa a ser "que não se magoe nem destrua coisas importantes". Naturalmente que isto não é bom, mas acredito que haja muita gente a rever-se nesta "derrota".
Fazer frente é necessário, mas é inviável ao longo de todo o dia. A dada altura é preciso sair da frente (e ficar ao lado a vigiar)...