Aplicações personalizadas vs ginásios
João Silva
O dilema já vêm de trás. Não é o meu caso, mas há muitas pessoas que pagam ginásio e agora há cada vez mais que preferem subscrever aplicações e seguir um caminho próprio. Este fenómeno é mais recente e terá tido o seu expoente máximo durante e depois da pandemia.
Não acho que seja uma decisão óbvia. Nem uma questão de trincheiras como agora se vê muito.
Onde me parece que começa o problema é quando se prometem sonhos inalcançáveis às pessoas. Mas isso passa-se nos dois polos.
A meu ver, o ginásio é toda uma experiência social, no sentido em que é mais do que mero exercício físico. Há um statu quo, uma espécie de elitismo associado.
Tem a enorme vantagem de disponibilizar diferentes ferramentas de treino. Permite uma grande progressão muscular. Oferece acompanhamento da evolução e ainda permite diversificação de modalidades. Outro grande trunfo é o contacto social. A aprendizagem através da partilha.
No entanto, o tal contacto social também funciona como uma feira de vaidades e, não poucas vezes, culmina em influências estúpidas de consumos de substâncias ilícitas. Além disso, se a camparacão permite aprender, também pode destruir a confiança.
Analisando agora as aplicações de uso "doméstico", vejo-as como elemento positivo de apresentação de diferentes exercícios, muitos deles sem recurso a aparelhos. Só com o peso do corpo (conhecido como bodyweight).
A diversidade de exercícios e de grupos musculares é tanta que o difícil é mesmo escolher.
O grande trunfo é fazer o que se quiser, onde se quiser, quando e como nos aprouver. Quem não tem horários disponíveis encontra aqui uma excelente forma de fazer o seu exercício.
A margem de progressão depende da disciplina de quem usa a aplicação. E é aqui que uma vantagem pode passar a desvantagem. Quem precisa de incentivos para fazer desporto vai ter problemas em encontrar motivação. Fazer desporto de forma solitária não é algo que todos consigam tolerar. Uma grande desvantagem é, pois, a ausência de contacto social. Neste caso, também aqui considero que a comparação (ou falta dela) pode ser boa e má em simultâneo.
Não sei já ouviram falar, mas a Freeletics é uma das aplicações mais completas em termos de exercícios para fazer de forma individual. Este site reúne métodos de treino, treinadores, planos específicos e vídeos, muitos vídeos de execução de exercícios. E por que venho eu falar nesta aplicação que não me encomendou qualquer sermão?
Porque usufruí muito da versão gratuita. Como tem vários níveis de exercícios, podemos escolher em função do patamar onde estamos.
Fazer exercício de forma autodidata é algo que requer muita disciplina e motivação, mas é algo que aconselho vivamente. Ainda assim, sou suspeito, porque gosto de ser eu a determinar os meus passos.
Muito antes de 2016, andei num ginásio. Conheço bem as duas vertentes. No entanto, por tudo, assumo claramente que gosto de ir buscar os meus exercícios e que gosto de fazer à minha vontade. Mas sem me enganar. Não vou atrás de sonhos cegos. Quis e quero ganhar massa muscular para poder correr melhor e para poder não ter um corpo flácido.
Há pouco tempo, deparei-me com um vídeo de um canal alemão onde fazem bem a distinção entre estes dois setores de exercício físico, que, na verdade, até se podem complementar.
O vídeo está em alemão, não sei se ajudará muito a que todos percebam o tipo de sonhos e de riscos associados aos dois polos. Seja como for, acho que vale a pena dar uma espreitadela.