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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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15
Fev23

Uma lesão que tudo mudou - versão 2021


João Silva

Logo assim de caras, a lesão na BIT (banda iliotibial) mudou os momentos pré e pós corrida. 

Desde então que passei a integrar 10 minutos de exercícios dinâmicos de aquecimento.

Nesse período, faço aberturas lentas das coxas, para dentro e para fora e alguns exercícios de equilíbrio. Na segunda metade desse tempo, adoto alguns exercícios técnicos: subir joelhos à zona da cintura, subir calcanhares à zona dos glúteos, abrir a coxa em corrida para fora e para dentro, corrida lenta com pernas esticadas, corrida lenta com pequenos saltos ritmados, corrida lenta de costas e corrida lateral com cruzamento das pernas.

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O objetivo passa por deixar o corpo pronto para a dificuldade da corrida. No início, custa um pouco, mas rapidamente trazem melhorias à própria postura da corrida. Já não prescindo desses exercícios.

No fim da corrida, dedico 10 minutos a alojamentos lentos mas dinâmicos. Aprendi que o dinamismo é mais benéfico para o alongamento dos músculos do que o lado estático. 

Agora vem o clichê tão verdadeiro: corro menos tempo mas corro com uma técnica mais apurada.

P.S.: e é tão engraçado perceber que já tinha este texto agendado há quase um ano e que agora ando a fazer fisioterapia para resolver uma pubalgia. Apesar de ter reduzido muito a carga, continuo a poder praticar desporto e essa é a minha grande vitória aqui. Não tenho conseguido, porque também ando numa autodescoberta que me tem ajudado a resolver algumas questões mentais, mas aqui deixarei um testemunho qualquer sobre como foi enfrentar esta lesão agora e o que de bom isto me tem dado. 

03
Abr22

O que trouxe de diferente 2022?


João Silva

Nem sempre percebemos se aprendemos mesmo alguma lição com algo que nos aconteceu. 

Era uma expectativa que eu também tinha em relação a mim.

Depois da lesão, houve algumas mudanças no meu interior. Fiquei mais consciente dos problemas que posso ter se abusar. Claro, desde logo, isso tem-me custado os treinos de longa distância. É algo que me faz mesmo muita falta. 

Como forma de substituição, passei a integrar mais provas na minha agenda e isso ajudou-me a criar um foco diferente.

Se antes de me lesionar chegava aos 600 km/mês, depois desse episódio procuro treinar bem e dar a dose certa de descanso ao corpo. O aparecimento dos resultados dessas mudanças também acaba por as alimentar. 

Em princípio, o segundo semestre será mais rasgado por causa da maratona. É também uma altura em que faço algumas meias maratonas. Tudo isso requer uma preparação mais exigente.

Ainda assim, até aqui, tenho adotado treinos intensos mas com uma duração que não seja superior a 60 minutos e por treinos longos que não passem dos 90.

Não corro todos os dias. É algo que me custa, mas também tenho de reconhecer que os dias em que não corro são de treino, primeiro porque potenciam o descanso ativo e depois porque trabalho o reforço muscular. 

No futuro pretendo chegar aos seis dias de corrida, mas por agora vai funcionando bem assim.

Esse foi e é o dilema: como tem funcionado bem, posso acabar por estragar. Também por isso é bom preparar provas diferentes, obrigam-me a sair de zonas de conforto.

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06
Jan22

Os medos


João Silva

Por muito que haja força de vontade em retomar a corrida, uma lesão com paragem é sempre um ponto de viragem.

Tem de suscitar sempre alterações no nosso interior. 

Nada pode ser como era, pelo menos, no início. E o início pode demorar tanto...

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Algo que senti com o aproximar do regresso foi uma certa retração na hora de conceber determinados tipos de treino.

Olhando para o que fazia antes, o volume excessivo de treinos, as grandes distâncias seguidas e os vários treinos de velocidade seguidos eram algo impossível de replicar como tal logo nos primeiros tempos. Mesmo agora, tem de ser com calma e ponderação. Ainda não passei os treinos de 80 minutos e sinto-me k.o. quando faço dois treinos intensos seguidos acima de 60 minutos. Sinto mais necessidade de dar descanso ao corpo. Não me posso precipitar...

Um dos maiores medos foi, precisamente, a paciência necessária para não saltar etapas. Conheço-me e sei que resvalo com facilidade.

Mas de todos os medos e pensamentos na hora do regresso, houve um que me acompanhou durante a segunda metade da fisioterapia: medo do aparecimento da dor com o impacto.

Isto só se combate com a prática, com a vontade de correr e com o treino. 

Mas faz hesitar, oh se faz!

23
Nov21

Começa-se do zero?


João Silva

Uma lesão é o "ponto negativo máximo". Normalmente, daqui não se desce mais. 

É a subir.

Uma vez curada a lesão, é hora de retomar os treinos.

Mas não se vai para a estrada nem se começa logo a correr à bruta. Os primeiros tempos são de habituação ao "novo corpo".

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Um corpo lesionado ou que curou uma lesão é um corpo com uma nova dinâmica. É preciso percebê-lo e ouvi-lo e isso não se faz de um momento para o outro.

É um começar do zero sem ser um começar do zero.

Passo a explicar: é um regresso ao início com uma evolução cuidadosa e progressiva. É uma interação entre caminhada e corrida. É um passo a passo.

Mas já é um início com um passado de cinco anos na modalidade e, portanto, há conhecimentos que se vão adquirindo. Há uma parte da etapa que já está interiorizada. Falo de aspetos como postura, posição e respiração.

Há um registo no corpo que é ativado no momento da primeira passada. E que saudades dessa passada na estrada...

 

21
Nov21

Os sonhos


João Silva

Não falo dos futuro, falo dos que ocorrem mesmo na nossa cabeça.

Sintomático ou não, foram poucas as vezes em que sonhei com corridas durante cinco anos.

Até que me lesionei e o cérebro decidiu aliar-se à "dor" em duas circunstâncias.

Já em pleno tratamento, numa altura de evolução positiva, eis que a fábrica de sonhos do corpo me presenteou com um episódio fantasioso em que estava a correr todo feliz e contente. Mesmo assim como quem dá esperança!

Para depois ma tirar com um sonho (pesadelo) logo no dia seguinte em que uma saída fictícia para treinar acabava comigo ainda mais lesionado.

Curioso também aqui isto ter acontecido num dia de mais dores.

E ainda dizem que o lado psicológico é irrelevante... Está bem, está!

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Isso e que os nossos receios não nos podem condicionar!

Felizmente, neste regresso ainda não houve recaídas...

 

18
Nov21

Estabilidade, equilíbrio e força


João Silva

Esta tríade é indissociável e foi a chave do tratamento da minha zona sacro-ilíaca e da banda iliotibial.

Os exercícios que tive de fazer na fisioterapia visaram sobretudo a estabilidade da perna. 

Depois de lhe dar equilíbrio, era necessário reforçá-lo para que a estrutura óssea pudesse voltar a suportar o impacto. 

O trabalho incidiu na zona média do glúteo, nos adutores, nas virilhas e na zona lombar baixa.

Na devida altura, recorrerem a algo gráfico para vos mostrar o lado prático dos exercícios necessários.

Para já, deixo algumas aprendizagens que fui obtendo:

- postura direita para não deixar a perna direita desalinhar: percebi que a minha perna direita e o meu joelho têm tendência para virar para dentro no movimento (por causa da banda);

 

- pontos específicos de realização da força: ativação constante dos abdominais para garantir que não havia levantamento da "bacia" e da anca;

 

- movimentos lentos e diretos, bem prolongados, para garantir a estabilidade da perna;

 

- rotação da pélvis e da zona sacro-ilíaca em básculas para dar mobilidade;

 

- alinhamento dos joelhos com a ponta dos pés para impedir movimentos irregulares e impulsivos para dentro;

 

- postura em bicicleta estática: joelho alinhado com a ponta dos pés, perna direita, movimento seco e costas não arqueadas, direitas. 

 

A moral da história é que este tipo de exercícios passou a integrar permanentemente o meu plano diário de treinos.

14
Nov21

(Re)equilibrado


João Silva

Gosto de escalpelizar os acontecimentos. Até de mais. Seja como for, gostava de abordar melhor tudo o que fui aprendendo enquanto tentava recuperar da lesão com a ajuda daa fisioterapeutas da clínica Reequilibra, sediada em Coimbra.

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Desde logo, as trocas de ideias serviram para reforçar a consciência que tinha do meu problema. Não é um "eu estava certo e a médica de família errada". Nada disso, é mais "eu estava atento e sabia o que se passava comigo."

Depois disso, foram os exercícios de reforço muscular que tive de fazer para ajudar o músculo a recuperar e a ficar mais estável. Ganhei alguns exercícios novos e, acima de tudo, ganhei dicas de correção postural, porque uma boa postura é essencial para não agravar os problemas.

Da mesma forma, ajudaram-me a ter uma maior consciência da importância da estabilidade na corrida. Os nossos músculos estabilizadores são fundamentais. Graças ao pessoal médico, passei a analisar melhor o alinhamento das minhas pernas e a procurar uma postura correta.

Posso dizer que me devolveram o equilíbrio, que me deixaram reequilibrado. 

Acima de tudo, deixaram-me também com muito mais conhecimento e isso é tão valioso quanto a recuperação em si.

Já me conheço, sei que vou passar a integrar estes exercícios no meu treino diário de corrida. E isso é muito bom. Pelo menos, espero que evite as recaídas.

O processo global de tratamento ainda não está terminado, mas agora entrei numa fase de testes, de readaptação à estrada.

Uma corrida de cada vez. E já foram oito. Sem passar os 35 minutos. E sabem que mais?

Custa mais do que fazer 30 ou 40 km. Sim, foi como se tivesse havido um reset na máquina, que, por agora, está a ganhar resistência como das primeiras vezes.

 

13
Nov21

Gratidão


João Silva

Agora que a lesão ficou praticamente debelada, apraz-me agradecer a quem me ajudou a chegar aqui, à fase em que já posso correr de forma gradual. 

Começo pela minha família chegada, que me aturou e apoiou mesmo quando não mereci. Lidaram com o meu mau feitio dia e noite e com todas as minhas ansiedades e hesitações. 

Depois tenho de agradecer mesmo à equipa ARCD Venda da Luísa. Quantas equipas amadoras prestam assistência gratuita aos seus atletas? 

Tenho a certeza de que foram a chave para que me pudesse tratar em condições.

Foram prestáveis, atenciosos e colocaram-me à vontade, mesmo sabendo que eu acrescento zero valor à equipa e que nem sequer uma prova fiz nos últimos 12 meses. É algo que mexe e que dá vontade de retribuir, sobretudo, na estrada, embora esta equipa se dedique quase exclusivamente ao trail.

Por último, apraz-me deixar uma palavra de gratidão a quem cuidou efetivamente de mim na clínica Reequilibra.

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Foram muitas sessões de fisioterapia (com mais algumas de acompanhamento pela frente). Muita paciência para me aturar e para encaminhar a recuperação. 

Em todo o processo, senti sempre que queriam ajudar. Não sei como poderei agradecer tamanho cuidado. Ocorre-me uma ideia: valorizando os conselhos que fui recebendo e integrando todo o reforço muscular na minha rotina de treinos.

 

08
Nov21

As rédeas

E as felicitações pré-maratona


João Silva

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Neste processo todo da lesão e da recuperação (ainda em curso), houve muitos dias em que foi difícil segurar o ímpeto de sair para correr.

Nunca o fiz, talvez por saber que era mais importante para depois não ficar arrumado, mas, ainda assim, vontade não faltou.

Sobretudo nos dias de muita frustração e stress, teria dado jeito. 

Em certos dias, via pessoas a correr à minha frente e só me apetecia ir.

E nos inícios dos inícios nem sequer conseguia correr "instintivamente" para ir ter com o Mateus quando ele fazia algumas macacadas.

E ia na mesma, mas tinha de ser ao mancão (pé coxinho).

Mas esses momentos foram sempre as rédeas. Os alertas de que era preciso esperar. 

Lá teve de ser. Há coisas bem piores. Mas foi difícil.

Depois "resignei-me" e deixei de tentar forçar. Deixei que as coisas viessem naturalmente e os movimentos foram ficando mais soltos com a evolução do tratamento.

Hoje, mesmo com algumas dores normais da retoma, já são visíveis as melhorias e a liberdade de movimentos. 

Agora as rédeas já não são apenas físicas, têm de ser mentais. Porque o corpo me diz que só alinha se correr pouco e devagar. E eu tenho de aceitar.

Com a de hoje, já foram seis sessões de corrida. Sem passar os 25 minutos por agora. 

Pouco mas bom, pouco mas promissor, pouco mas muito melhor. É por aí o caminho...com o travão de mão sempre na dita, porque a rédea tem de ser curta...

 

P.S.: a maratona do Porto realizou-se ontem. Por ser o dia em si, bateu uma certa tristeza por não poder estar. Mais ainda ao trocar mensagens com dois bons companheiros de "armas" que lá estiveram, o José Carlos e o Ricardo Veiga.

Vejo no Zé o exemplo do que quero ser daqui a vinte anos. Um atleta que não se nega às grandes distâncias. Que as respeita e domina.

E vejo no Ricardo a garra e a vontade de fazer as coisas certas, a autoprovação, a autossuperação. A força de vontade que está sem se ver a olho nu. 

Fiquei muito contente por saber que foram à luta. 

Já agora, parabéns a todos os meus conhecidos que lá estiveram. Foram e são uns bravos.

Tive a oportunidade de estar presente, nem que fosse a apoiar, mas a alma ia sofrer muito. Já sofri só com as mensagens. Ia fazer-me mal e prejudicar o meu processo de recuperação. Preferi ficar (ao) longe...

 

01
Nov21

A decisão


João Silva

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Foram quase nove semanas de paragem, sem que o corpo me deixasse correr sem dores e com medicamentos e fisioterapia.

Naturalmente, ia fazer mossa. 

Os músculos das coxas encurtaram, comecei a perder massa muscular e ainda tinha o facto de a lesão original me ter afetado os músculos estabilizadores.

Perante isto e o devido aconselhamento, não dá para estar em condições mínimas no Porto (também não iria querer ir apenas pelo mínimo, honestamente). Portanto, nada de maratona este ano. A prova realiza-se já no domingo. Era só somar 1+1. Dá para ver que ia acabar com uma recaída no bolso, frustração de sobra e tempo perdido materializado numa manhã longe dos meus, sem poder fazer nada.

O mais importante é retomar a corrida com calma e ir gradualmente.

Penso que voltarei a correr uma maratona, mas terei de esperar. Terei de saber esperar.

Mas voltei a correr e isso supera tudo o resto. Já foram três sessões de corrida, nenhuma acima dos vinte minutos. Mas foram tão boas, apesar de algum desconforto expectável.

Há que aprender a valorizar as pequenas vitórias para se valorizar mais aquela que procuramos.

Esta é também uma lição para si, senhor João Silva.

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