Estava escrito ou foi escrito?
João Silva
Não acredito no destino. Acredito em escolhas e, quando muito, em opções que se influenciam mutuamente. Além disso, também acredito em coincidências, fruto, lá está, das decisões de cada um.
Posto isto, não acredito que tornar-me num corredor estivesse escrito só porque corri algumas vezes em adolescente pela minha vila.
Do mesmo modo, acredito que não me tornei corredor por o meu pai também ter sido um, corro apesar disso (até porque nem era nascido na altura). Aliás, corri uma vez com ele pelos pinhais e lembro-me de ter gostado mas de não ter ficado fã.
Olhando para trás, vejo dois grandes fatores que poderão ter antecipado esta minha paixão pela corrida: quando corria na adolescência, adorava ir para longe, "perder-me" pelas estradas secundárias e, além disso, o prazer de estar vivo e de poder desfrutar daqueles momentos graças ao desporto.
Hoje, mais de 14 anos volvidos, vejo em mim essas duas grandes razões para correr.
O prazer de ir sobrepôs-se sempre à intensidade das dores que senti, mesmo quando pesava 118 kg.
Olhando ainda mais para trás, vejo que o miúdo João já tinha a paixão pelo desporto que o adulto e pai João transporta todos os dias para a estrada.
Mesmo nos períodos de anos em que estive na universidade, onde pratiquei muito menos desporto.
O desporto, primeiro o futebol, depois o ciclismo (pouquinho) e agora a corrida foram a minha forma de escrever a minha paixão pelo desporto.
Se, de algum modo, isso passar para o meu filho, algo de que não faço questão absoluta nem uma prioridade, será pela paixão que tenho a praticar desporto e não porque "estava escrito".