O azar de uns e a sorte de outros
João Silva
É mesmo assim. Aqui nem se trata de pessoas relacionadas.
Há uns tempos, tive de chamar um canalizador.
Conversa puxa conversa e, entretanto, percebo que praticou desporto, em particular, corrida e futebol. Daí a pouco, diz-me que já não pode praticar desporto. Teve uma infelicidade numa brincadeira com a filha que o impede de continuar a correr, uma das suas grandes paixões.
O amor com que falava das corridas que fez ou do futebol que jogou aqui no concelho deixavam antever a mágoa que sente por já não poder.
Nestas alturas, nem sei que pensar. Projeto sempre esse problema é penso: e se fosse comigo? Se me "roubas sem" a possibilidade de correr?
A verdade é que não sei o que aconteceria. Sinto que teria uma tristeza profunda e que teria muita dificuldade no início. Uma pessoa reinventa-se, mas perder a possibilidade de praticar desporto, em particular, de correr, é algo que me assusta. Tanto que não consigo sequer pensar num "e depois?".
Sinto que tenho uma sorte dos diabos por conseguir fazer algo que me realiza tanto.