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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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24
Mar24

Diz que é uma espécie de preconceito


João Silva

Entretanto, o padeiro com quem me cruzo diariamente já virou presença assídua neste espaço.

Desta vez, abordou-me por causa da camisola que eu trazia vestida num dia de treino (era da minha equipa ARCD Venda da Luísa).

Contou-me que tem um amigo que entrou agora para a equipa e que ele também treina todos os dias.

"Mas faz isso porque não tem um trabalho como eu. Está a uma secretária o dia todo."

Estas foram as suas palavras.

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Calmamente, engoli em seco e lá respondi que não são coisas relacionadas e que é possível trabalhar e treinar, mesmo todos os dias.

Ora bem: confesso que este preconceito me enerva.

Não é o facto de treinar todos os dias que faz de mim um bon vivant.

Que haja trabalhos complexos e vidas que não permitem treinos diários demorados, aceito perfeitamente.

Que haja dias em que não há vontade, também aceito.

Que me digam que só se treina assim porque se tem boa vida, não aceito.

É preciso fazer escolhas. Falo do meu caso, mais ainda agora depois de ter sido pai. Se antes via alguns jogos de futebol, agora passei a usar algum desse tempo para treinar. Se antes me levantava às 07h30, agora levanto-me às 04h30 ou às 05h00.

Se ia às redes sociais, há mais de um ano e meio que não meto lá os coutos. É tempo que sobra para aquilo que é mesmo importante para mim.

Vejo as séries que dão, já não fico a ver ad eternum. 

Não tenho nada contra quem o faz, mas eu achei que uma parte desse tempo podia ir para o desporto. 

Não sou nem faço mais do que ninguém, mas trabalho, limpo a casa, passo a ferro, cozinho, tomo conta do meu filho todos os dias e treino todos os dias.

Como? Naturalmente com a colaboração da minha esposa que também faz tudo isto (menos treinar). Se não funcionássemos com um sentido de bem comum para a família, nada disto resultava.

Agora, tenho uma vida de luxo porque consigo treinar todos os dias?

Não, tenho uma vida tão dura como a de muitas famílias, mas uma das minhas prioridades é a corrida e por isso não abdico dela.

Quando não conhecemos o outro lado, tudo nos parece encantador.

E, para mim, a minha vida é, mas, como em tudo, tive de definir prioridades. Família, trabalho e corrida são as minhas. 

20
Jun21

Lá bem longe em conjunto


João Silva

Este último ano é meio tem sido bem propício a memórias.

Sendo alguém que gosta muito de encontrar paralelos e ligações em tudo o que o rodeia, dou por mim a navegar muitas vezes no meu tanque à procura de memórias que liguem a minha paixão pela corrida ao meu passado.

O meu pai foi corredor. Quando nasci, já ele tinha deixado o atletismo.

Portanto, não deve ter vindo daí. 

Ainda assim, recordo-me bem de um dos poucos treinos de corrida que fiz na minha adolescência. Na verdade, só tenho memória de três. Curiosamente, um deles foi com o meu pai.

Eu, ele e um colega da terra. Não sei quanto tempo andámos a desbravar mato, mas sei que gostei imenso de passar pelos pinhais e que, por outro lado, não podia com uma gata pelo rabo (era cheiinho), que detestei a corrida na areia solta e que, muito curioso, queria que aquilo acabasse bem depressa.

Quem diria que, muitos anos mais tarde, ficaria um apaixonado por corridas e, melhor ainda, por longas distâncias?

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04
Jun21

Velho? Velho??


João Silva

Trago-vos um belo episódio em que estive envolvido há pouco tempo. 

Como é hábito, estava a terminar o meu treino de reforço muscular no passeio do prédio onde habito. Como sempre também, chega o padeiro de um dos vizinhos.

Tirando o louvável "bom dia", nunca tinha metido conversa. Até àquele dia.

"Então, já está para hoje", pergunta.

"Sim, sim, para hoje está feito. Amanhã há mais", retorqui.

"Foram quantos?

"Hoje foram 15." (o treino tinha sido péssimo).

"Numa hora e meia?", insistiu

"Sim."

"Então, está bom. Mais é que não se pode, diz que faz mal."

"Ao fim de semana faço bem mais, cerca do dobro, e nunca me senti mal", procurei ripostar.

"Pois, mas com o aumentar da idade não é suposto correr mais. Faz mal." E foi embora.

E eu fiquei ali na rua meio atordoado e a pensar no que diriam as pessoas com mais de 50 anos que correm maratonas e trails endurance. 

Subi as escadas e depois caiu a ficha:

" pera aí!! Ele chamou-me velho. Velho!!!".

Ó homem, ainda nem 33 anos completei (dentro de pouco tempo)!!! (esta devia ter sido a resposta).

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06
Mai21

O maluquinho dos braços abertos


João Silva

Já viram aquela cena típica de filme em que alguém levanta os braços ou fecha os olhos de cada vez que se sente feliz ou grato por algo?

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Confesso: faço muitas vezes isso. 

É uma forma de sentir a natureza que me rodeia a tocar no meu corpo, sou eu a sentir-me grato por poder correr, por poder respirar e ter nos olhos aquelas belas paisagens. Seja dia, seja noite. Faça chuva, sol ou céu estrelado ou nublado. 

Bem sei que parece lamechas. Para quem vê de fora, ao longe, sou só o maluquinho dos braços abertos. Mas sou um maluquinho tão feliz naquele instante. Uma espécie de criança num corpo de adulto!

E quanto mais envelheço, mais abro os braços! 

29
Abr21

Estais vivo, senhor?!


João Silva

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Quando passei pela fase mais intensa do emagrecimento, perdi a camada adiposa que me protegia do frio. Desde 2016 que rapo um frio desgraçado, porque o meu calor se dissipa rapidamente. 

Ora, há algum tempo (talvez entre janeiro e Fevereiro), num dia de temperaturas rondar o zerinho e após um treino intenso, tive de me deslocar à Segurança Social da minha terra.

Quando lá cheguei, mediram-me a temperatura para saberem se me podiam deixar entrar.

Nenhuma das três medições deu resultados. Nada, parecia que estava morto. E não, aquilo não estava avariado. Quem entrou ao mesmo tempo apresentou temperatura.

Lá me deixaram entrar, não sem antes fazerem a piada do  "você está morto, homem!"

Agora que estamos no bem bom da primavera isso não me afeta, mas os meus invernos roçam a hipotermia muitas vezes.

Mas estou vivo! 

30
Ago20

Supostas técnicas para o (me) adormecer


João Silva

Nota explicativa prévia: nos últimos anos, desenvolvi uma espécie de bebedeira de sono. Quando atinjo um determinado nível de cansaço, o corpo deixa de me obedecer e começo a adormecer, seja qual for a tarefa que tenho em mãos. Sim, há sinais, mas regra geral aterro num instante.

Ter um filho não é outra coisa que atingir um nível elevado de cansaço. Juntamos a tudo isso, o trabalho, a casa e os treinos. Nada de especial em relação às outras famílias, mas, tocando-nos a nós, têm sempre um sentido mais especial.
Portanto, terminada a nota prévia, o longo dos últimos quatro meses (feitos hoje), foi necessário virar técnico especializado em adormecimento... A ideia era que o fosse para o meu filho, mas a verdade é que muitas foram as vezes em que apliquei o manancial de estratégias e em que, ao fim de um belo bocado, fui eu quem começou a adormecer.
Ja aqui falei nos agachamentos e lunges como exercícios mais intensos para meter o Mateus a ver estrelinhas. A tudo isso, juntam-se as músicas inventadas à última hora, os embalos lentos acompanhados por palmadinhas suaves no rabito e, era aqui que queria chegar, as caminhadas intermináveis em marcha à frente e em marcha atrás pelo quarto, de preferência, a altas horas da noite.
Encosto-o ao meu peito, bem aninhado, e lá vou eu fazer quilómetros de embalo, aproveitando para lhe pedir (por vezes, encarecida e desesperadamente) que adormeça. Ele deve prestar tanta atenção a isso que muitas são as vezes em que acabo eu a adormecer com ele ao colo.
Sim, tem tanto de cómico quanto de assustador, porque desligo mesmo.
Aliás, recordo-me muitas vezes de um episódio em que adormeci a passar a ferro ou de outro em que o tinha nos braços, comecei a fazer da cintura um pêndulo, acabei por ter de o passar à mãe já que as portadas (=pestanas) já estavam a fechar.
No fim de contas, a cereja no topo do bolo veio em algumas noites em que a mãe lhe cantou belas cantigas para adormecer e fui eu quem acabou embalado com os olhos cerradinhos...
Passam hoje 4 meses desde que comecei a adormecer muito mais vezes e de forma inconsciente. Foram os 4 meses mais desafiantes da minha vida. Venham mais, muitos mais... Cá estarei, se não adormecer pelo caminho.
Se assim for, ele manda-me dois berros e mete-me em sentido.

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17
Jul20

De pequenito se aprende o manguito


João Silva

Ainda nem tem voz ativa na sociedade e já manda.

Sim, falo do meu pequeno. Certamente que todos os pais têm destas particularidades com os seus rebentos, mas não deixou de ser um aspeto que despertou a miha atenção: desde tenra idade, ainda nem uma semana tinha feito, o pequeno Mateus começou a presentear-nos com o levantamento (involuntário, claro) de um determinado dedo do meio.

Foi, pois, desde muito cedo que começou na arte do belo manguito.

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E que bem que a domina. Parece-lhe "natural".

Volta e meia, dizíamos algo como "dorme, filho, não precisas de lutar contra o sono".

Ele esboçava um sorriso do alto da sua capacidade reflexiva e junto à cintura lá havia uma mão com o dedo do meio a mostrar que estava completamente de acordo com o que lhe estávamos a dizer.

 

11
Jun20

É de pequenino...


João Silva

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Nunca gostei daquelas frases feitas do "vai ser como o pai" ou "vai ser como a mãe". Vai ser o que ele quiser e como quiser, sempre na condição de mostrar respeito pelas pessoas.

Ainda assim, neste pouco tempo de vida, o Mateus já mostrou que o desporto não lhe será indiferente.

Logo ao terceiro dia da sua estadia em casa, numa daquelas tentativas loucas de acalmar a berraria vinda daqueles pulmões mais potentes que os de um nadador, saquei de uns lunges e de uns agachamentos com ele ao colo.

Gostou de tal forma que começou a acalmar. Daí a pouco tempo estava a dormir. 

Fiquei logo todo vaidoso. Daí a uns dias, acabou-se a magia e agora, mais do que o pôr a dormir permanentemente, estes exercícios só servem para o acalmar.

É verdade que o efeito diminuiu, porque o rapaz descobriu cedo que tem inteligência, mas não é menos verdade que caminhar e fazer agachamentos e lunges pela casa em plena madrugada ainda ajuda a acalmar. 

Além destes, experimentei ainda os levantamentos de Mateus com os braços. Também acalma, mas dormir que é bom parece uma quimera para um rapaz que esbugalha os olhos e dá uma tareia ao sono.

Ainda assim, não se perde tudo, porque isso permite-me fazer exercício físico e, melhor ou pior em tudo isto, não são assim tão poucos os minutos. 

13
Mai20

Foi tão curto mas soube tão bem


João Silva

No passado dia 27 de março, acompanhei a esposa a mais uma consulta de maternidade.

Perante o impedimento de entrar no Centro de Saúde devido ao Covid-19, acabei por ficar "à porta".

Ora, apesar da pandemia, decidi que ia aproveitar aquele tempo de espera para treinar um pouco ao ar livre.

Não sou mais do que os outros e estava de perfeita consciência comigo. Já não saía de casa desde o dia 12 de março e, sempre com cuidado para não me aproximar de pessoas e para não tocar em nada, lá consegui fazer 25 minutos de corrida e de exercícios. O espaço é recatado e bem "abastado". Ou seja, não precisava de ocupar a área de quem lá passasse. Em bom rigor, dada a necessidade de ter atenção, sempre que via alguém no passeio, mantinha-me alerta.

Posso revelar-vos que me senti uma criança novamente, de tão feliz por poder fazer uma das coisas que amo na vida.

Desinfetei-me como era suposto. Aliás, o exterior do meu corpo deve ter uma acumulação inédita de "resíduos" de lixívia.

Quando finalmente a grávida apareceu, tinha um sorriso de orelha a orelha.

A verdade é uma: com estas situações, aprendemos a valorizar melhor aquilo que antes demos por adquirido e isso não tem nada de filosófico.

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27
Dez19

Batoteira, fura-filas ou algo que o valha


João Silva

Depois da época natalícia, corremos a passos largos para mais um virar de ano.

Nesta época em que estamos mais propícios às recordações, trago-vos uma história insólita que data da minha última maratona, no passado dia 03 de novembro no Porto.

Ao quilómetro 37, seguia eu de sorriso estampado no rosto quando ultrapassei alguns atletas em maior dificuldade.

Como forma de incentivo, soltei um "vamos lá, está quase" e um "para quem já fez 37 km, o que são 5?".

Perante esta minha observação, uma atleta vira-se e diz-me o seguinte: "para mim são menos que só comecei aos 17".

Não parei, porque não me perdoaria, mas fiquei incrédulo perante aquela desfaçatez.

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E porque digo isto?

Porque a senhora tinha dorsal de maratona, logo estava a participar no evento e não era uma "mera corredora" de domingo e porque é mais comum do que se pensa haver batota nestas provas, algo que me ultrapassa.

O que se pode ganhar com isso? 

E pior: que benefício para quem o faz? É uma espécie de autoengano.

Além disso, parece-me de uma tremenda injustiça dizer-se que se cruzou uma meta numa prova dessas após fazer uma estupidez do género.

Já vos chegaram aos ouvidos histórias de batota no desporto?

Convido-vos a partilhá-las aqui.

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