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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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04
Jun23

Ser treinador


João Silva

Há muito tempo, um colega disse-me que eu dava ares de perceber muito de corrida e que poderia ser treinador.

IMG_20180318_113936.jpgEm primeiro lugar, sabe sempre bem ouvir este tipo de palavras, de reconhecimento, no fundo.

Depois disso, deixei entrar aquelas palavras e comecei a pensar na ideia.

Na verdade, já em adolescente tinha esse bichinho em mim quando procurava conhecer e perceber táticas de futebol e quando procurava dar instruções aos colegas das minhas equipas. Além disso, força para me motivar e para motivar os outros nunca me faltou, felizmente. O espírito de equipa e de pensar no coletivo está dentro de mim, apesar de ser uma pessoa que pense para o individualismo, mesmo quando sabe que isso é prejudicial.

IMG_20181118_101234.jpg

 

A juntar a tudo isto, sou alguém que procura muito conhecimento, que gosta de perceber mecanismos e que tenta implementar ideias novas com o objetivo de melhorar. E ainda tenho tolerância aos erros (dos outros, não dos meus).

Mas tudo isto tem alguns pontos contra: primeiro, é necessário conceder autoridade a quem lidera. Se fosse treinador da minha equipa, por exemplo, seria necessário que reconhecessem em mim esse líder. Não me posso queixar de falta de reconhecimento dos meus esforços.

IMG_20210606_064815.jpg

Perante tudo isto, confesso que gostaria de ser treinador de atletismo. A nível individual, de acompanhamento de cada atleta. Tenho falado com vários atletas e muitos me pedem dicas e isso desperta em mim uma enorme vontade de partilhar conceitos, de torcer por eles, de os ver evoluir. E não sabia que era possível tirar prazer disso em termos pessoais. A verdade é que a meditação e a psicologia me fizeram mudar essa forma de pensar, porque o treino dos outros cria em nós um sentido de missão, de partilha do desporto, algo que só quem o pratica consegue sentir por igual. Treinar alguém é também acreditar no desenvolvimento da pessoa e no seu tempo de evolução. É respeitar isso. Respeitar que não são iguais a nós e que são tão válidos para eles como os nossos são para nós. 

Talvez o meu amigo Ricardo Veiga já soubesse que tenho isso emkm, na minha pessoa. Talvez. Como sempre. E talvez seja por isso que hoje treino a Fátima e que a tenho ajudado e que já tenho o Marco em "compromisso" e o Vítor como promessa para quando quiser fazer a sua primeira maratona. 

Para já, pelo menos. Mas fazer isso é algo que me dá imenso prazer. 

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