Não foi por acaso que morreu no fim
João Silva
Já foi há alguns dias, malta porreiraça, que realizei mais um sonho bom. Voltei a uma cidade que me faz e fez muito feliz, a uma região que me diz muito e a uma prova que representa o meu maior desafio como atleta e homem por tudo o que lhe está inerente.
Em jeito de conclusão do capítulo, vou dar-vos a conhecer um pouco da história por detrás da distância mítica e verão no fim a curiosidade que marcou o episódio e que acaba por ser um símbolo do que acontece na prova.
O início da lenda tem lugar no ano de 490 a. C. na Grécia, quando um soldado, de seu nome Pheidippidis, foi enviado pelo general Milcíadis para, a correr, fazer uma distância de aproximadamente 40 km entre as cidades de Maratona e de Atenas para informar as mulheres atenienses de que tinham ganho a batalha contra os Persas. E porquê? Porque os soldados atenienses tinham deixado às suas mulheres a ordem para se matarem, bem como aos respetivos filhos, caso aqueles não regressassem da guera.
Ora, como a batalha demorou mais do que o previsto, apesar de os gregos ganharem, havia o receio de que as mulheres cumprissem as ordem.
O esforço do soldado foi de tal ordem que só teve hipótese de dizer "Vencemos" no momento em que chegou a Atenas, tendo falecido de imediato.
Para homenagear o esforço do dito soldado, nos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em 1896, criou-se a prova denominada maratona, com a distância aproximada de 40 km. Curioso o facto de a distância não ter sido encarada como fixa, cada organização estipulava uma distância a seu belo gosto.
Em 1908, nos Jogos Olímpicos de Londres, a distância foi finalmente fixada nos 42,195 km. E porquê? Porque as excelências monárquicas de Inglaterra queriam ver a partida da prova, mas não queriam assar as virilhas para se deslocar para fora do Castelo de Windsor. E assim nasceu a distância mítica.
Para nós portugueses, a maratona começou por ter um lado muito triste, isto porque em 1912, na maratona de Estocolmo (Suécia) o atleta Francisco Lázaro morreu em plena prova.
Mais tarde, em 1985, em Roterdão, o grandioso Carlos Lopes venceu a prova com o tempo de 02h07'12''.
Não deixa de ser relevante o facto de a prova estar associada a tanto sofrimento. Quem já a fez ou já treinou para a fazer sabe perfeitamente que é preciso ir ao inferno e voltar. É um desafio maior do que nós, mas que vale a pena tentar. É possível e executável!
Fontes consultadas para a história: