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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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17
Set21

O ano mais difícil


João Silva

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De facto, este está a ser um ano mais duro em termos de forma. Obviamente que há toda uma situação externa muito complicada para todos, mas, honestamente, não me refugio nisso, porque sei que a minha descida permanente de forma teve outras origens.

O facto de praticamente nunca ter parado retirou-me capacidade de regeneração e de assimilação de processos.

O volume médio de 550 km por mês nesta fase foi muito mais contraprodutivo do que útil em muitas situações. Mas também teve pontos muito bons, não é necessário pintar tudo a tons de preto.

A proximidade de treinos duros não ajudou na recuperação. E essa foi uma grande falha que, mais recentemente, acabou por ter consequências desagradáveis para a minha evolução: o aparecimento de uma lesão, que, ainda assim, não teve uma origem relacionada com o cansaço mas sim com "velocidade a mais". 

A ausência de treinos mais suaves, por exemplo, de sessões de rolo nos músculos retira frescura. Essa foi outra grande verdade que aprendi às custas do meu corpo.

O facto de ter sido pai e de descansar menos tempo seguido também bloqueou o progresso a dada altura. Ossos do ofício.

A incapacidade para implantar planos de treino mais equilibrados e consistentes também foi contraprodutiva. (isso mudou em junho deste ano e só foi interrompido agora por causa de uma contratura).

O ritmo e a cadência diminuíram e só melhoraram a espaços. (uma vez mais, algo que mudou muito a partir de junho.)

E foi aqui que entrou o ponto mais importante de tudo.

Passei meses a mentalizar-me de que corria mais do que aquilo que estava a acontecer e de que o meu ritmo normal não era aquele.

Um exemplo: em fases boas, consigo encaixar 18 km em 90 minutos de corrida (ritmo médio de 05 minutos/km).

Com todos estes problemas, passei a fazer habitualmente 16,50 km ou mesmo 15,50 km em momentos de maior desgaste.

Qual a importância de pensar sempre que corro mais do que no momento de baixa forma?

É que assim não me deixo cair no "é normal" ou "agora corro assim".

Da mesma maneira que passei a correr "pior" até abril, também consigo voltar ao "normal" e também provei que é possível atingir outro nível (num ponto avançado da preparação, cheguei a fazer quilómetros a 4'11 ou mesmo treinos de 2 horas ou mais a 4'42"/km). Isso ajuda a manter o foco num dado patamar.

No fundo, apesar de estar a ser o ano com mais períodos de baixa forma, tive a possibilidade de ser persistente. De me manter concentrado no ponto que queria atingir. E esse é o meu maior trunfo. Ajuda a relativizar tudo e mantém a crença na melhoria.

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Se sei tudo isto e tudo o que deu errado, por que razão não corrigi?

Nas próximas semanas falarei sobre isso, porque as tentativas de corrigir foram muitas, mas isto, tal como a vida, não é "chapa cinco".

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