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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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13
Jun22

Crónica de uma série de VMA


João Silva

Estou a queimar os 20 minutos de aquecimento e a excitação (e o entusiasmo) está nos píncaros.

É a primeira repetição de uma série que é suposto deixar-me perto do farrapo.

Olho para o relógio do pulso esquerdo e vejo as horas. O do pulso direito assinala a distância e o "meu destino".

Pé a marcar ritmo e siga. Velocidade máxima. Mais do que aquilo o corpo não tem. Braços para cima e para baixo em coordenação com as pernas. O peito recebe o ar que a boca teima em armazenar num ritmo frenético.

Sente-se rapidamente o quentinho a invadir o corpo. Esbaforido olho para o cronómetro indignado por aqueles dois minutos demorarem imenso a passar.

Chegam finalmente ao fim e vejo que corri quase 600 m naquele tempo. É bom, para uma primeira série desta intensidade, é bom.

Começo a fase de recuperação. São dois minutos num trote quase cambaleante. Sabem a ouro aqueles dois minutos se recuperação, mas também são a contagem decrescente para mais uma sequência exasperante de velocidade.

Devo ser masoquista, penso. Eu adorei aquela sensação, aquele arfar e aquele ímpeto. Decididamente sou masoquista, constato.

Seguem-se as outras sete repetições previstas e, em cada uma, vou perdendo frescura. O corpo treme mais porque já não tem tanta energia. Ainda assim, mexe-se com a desenvoltura de quem quer mais, muito mais. De quem sente que este é o caminho.

Acreditar é um pouco disto: seguir no caminho trilhado na esperança de que dê resultado.

Termino a sessão extenuado mas esperançado.

Na retina fica-me uma das últimas repetições em que senti o meu corpo a mexer-se por inteiro, em que senti que o movimento de passada me obrigou a deixar "tudo" na estrada.

Foi a primeira vez que fiz um jogo de séries tão longo. Não terá sido a última

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03
Set21

O João tem duas vidas, porque se recusou a ter pena!

Uma crónica de João Lima


João Silva

18.57 de 31 de Dezembro de 2019, momento em que corto a meta na sempre excitante São Silvestre da Amadora, uma vez mais repleta de entusiástico público que nos faz sentir, do primeiro ao último, especiais. A melhor maneira de terminar um ano!

Encerrava assim a minha 14ª época de corridas. 14 anos onde participei em 466 provas, entre as quais 65 Meias-Maratonas e, a coroa de glória, 13 Maratonas concluídas. Mas se posso colocar estes números, outros há impossíveis de quantificar, com especial realce para o sempre presente prazer de corrida.

Nunca em 14 anos tive a mínima falha de motivação, sempre focado ao máximo em correr e retirar todo o prazer daí inerente, tornando-o em algo de fundamental na minha vida.

Mas às 18.57 desse dia, e a rodear-me de amigos para as habituais trocas de impressões, nenhum destes números em jeito de balanço estavam presentes. O olhar estava inteiramente direcionado para o ano que iria começar dentro em pouco e nos objectivos que idealizava, entre os quais, e aguardadas com muita expectativa, as Maratonas de Madrid e Málaga e nos dois anos seguintes a de Berlim e a que mais desejava fazer, após ter cumprido o sonho de correr em Paris, a Maratona de Loch Ness.

Impossível era de prever o que o ano que estava prestes a iniciar iria trazer para todo o planeta. E em termos pessoais, a notícia que nunca pensaria. Sempre me via a correr pelo resto da vida fora. Até gracejava dizendo que ainda iria fazer uma Maratona aos 100. O que não sabia é que nessas 18.57 do último dia do ano de 2019 as corridas tinham acabado para mim!

No início de 2020, no joelho esquerdo e vinda do nada, uma dor persistente e incapacitante de correr. 

Tentei várias abordagens e entendidos na matéria, tendo acabado por ir parar a um ortopedista especialista em joelho. Com um movimento na perna, desde logo apercebeu que havia uma rotura horizontal no menisco interno. Algo que uma ressonância magnética confirmou. E pelo que se via, uma avançada condropatia, o maior problema. 

Inevitável a intervenção cirúrgica, com a esperança bem presente de que estava a passar apenas por um interregno na corrida e que cerca dum mês depois recomeçaria.

Conheço quem tivesse o mesmo, antes da operação ter sido avisado que as corridas tinham acabado mas durante a mesma o médico constatar que afinal o estrago não era tão extenso como o exame tinha dado a entender, o que permitia a continuação do desporto que nos apaixonou. Infelizmente, comigo sucedeu o inverso. Durante a intervenção, na qual estive acordado e a ver as imagens no ecrã, o médico avisou-me que as cartilagens tinham acabado e que não poderia ter mais impactos. Mas como para mim era tão inverosímil o ter que deixar a corrida, fiquei na firma esperança que tudo iria passar e voltaria ao mesmo.

No fundo, qual o problema? Segundo se viu, esta rotura já teria talvez um par de anos mas sendo interna e horizontal, não se manifesta em qualquer tipo de dor. Terá sido provocada por alguma batida forte, talvez nalgum bico de mesa ou similar. Nunca senti qualquer dor, por isso corri como sempre pois não poderia imaginar o que se passava. E o que provocou a rotura? Serviu como espécie de lixa nas cartilagens. Cartilagens que não têm terminais nervosos, daí também não sentir nada. Foi desgastando, desgastando, desgastando, até que ao dar completamente cabo delas, surgiu a dor. Por outras palavras, nada poderia ter evitado pois nada sentia de errado.

Passados dois meses após a cirurgia, fui infiltrado e sempre me agarrei à firme esperança que esta acção resolvesse tudo e recomeçasse a correr. Não queria acreditar no desfecho! (abro aqui um parêntesis para explicar que a intervenção poderia ter sido efectuada um mês após a cirurgia mas a operação foi realizada no último dia possível antes de entrarmos no primeiro e completo confinamento, onde praticamente tudo fechou e só foi possível no mês seguinte).

Por mais avisos que o médico fizesse para esquecer a corrida e eu recusar aceitar, dois dias após a infiltração, e com o resultado da mesma, caí em mim. Não conseguia mais correr! Não havia mais a mínima hipótese, tudo por culpa do impacto. Não consigo ter qualquer impacto com esta perna. 

Foi dura, muito dura esta constatação! Quem conhece-me sabe a dor que foi o ter que abandonar algo que tanto amava! E a 27 de Maio escrevi no blogue o artigo que mais me doeu, o anúncio do abandono forçado. 

Entrei num necessário luto mas rapidamente percebi ser obrigatório arranjar alternativas. Parar é que não! Mas sem possibilidade de impactos, o leque fica muito reduzido. 

Lembrei-me de caminhadas e inquiri o médico. Respondeu que o melhor para o joelho é não parar, mexer o máximo que se puder e caminhadas eram uma boa opção, desde que cumprisse três regras: 1ª Calçado com o melhor amortecimento 2ª Usar uma joelheira própria para estes casos 3ª Não andar em pisos irregulares.

Como os sapatos de corrida tinham o melhor amortecimento, apenas faltava a dita joelheira que logo adquiri. E a 31 de Maio, apenas 4 dias após o doloroso luto, comecei a caminhar. Sem olhar para trás.

É muito curioso como mudamos consoante as circunstâncias. Bastas vezes ouvia “um dia que não possa correr, caminho” e pensava que para mim isso não fazia sentido. Correr era tudo, caminhar não. Mas isto era a pensar de barriga cheia. Quando me apanhei sem poder correr e apenas a restar-me a caminhada, passei a encará-la de forma diametralmente oposta.

E comecei então a dedicar-me à caminhada com o mesmo empenho que à corrida. Sem faltar e a colocar objectivos e planos. E se de início estava muito perro, fui-me soltando e a melhorar cada vez mais a distância e a velocidade, alcançando ritmos que não imaginava ser possível, como fazer um quilómetro a caminhar em 7.27 ou dez à média de 7.57, ou aguentar quase 4 horas e meia a uma média de 8.36

Como é evidente, cedo apareceu um objectivo maior. A Maratona sempre foi uma paixão muito especial, aquela a que dedicava tudo. Impossibilitado de tornar a entrar nessa prova tão marcante e que proporciona sensações únicas, logo idealizei fazer os 42.195 a caminhar, o que sucedeu no início do ano, com a surpreendente marca de 6.27.55 E em Outubro repetirei a dose.

Para quem corre, estes objectivos e esta dedicação a simples caminhadas, podem parecer filhos dum deus menor, mas para mim é tudo pois é o que posso praticar. O que não posso de modo algum fazer é olhar para trás e ver tudo o que perdi com este problema. Existem apenas duas hipóteses, ou passar a vida a lamentar o que deixei de poder fazer ou agarrar-me ao que está ao meu alcance.

Assim, continuo a ser e fazer o mesmo, com a diferença de não correr mas caminhar, além de não entrar em provas.

O estar sempre a desafiar-me para ir mais além no que posso fazer? Deixem-me ser feliz assim!

E exorto a todos que deixaram de poder fazer fosse o que fosse, a tentar sempre mitigar essa ausência com algo a que se possam agarrar. A vida é muito curta para a desperdiçarmos com lamentos e pena de nós próprios. Temos em nós a força de virar a bússola a qualquer momento. Haja vontade e capacidade de mudança!

  

Este texto foi escrito pelo João Lima, um homem que muito admiro pela paixão que nutre por maratonas e por me mostrar que a vida não acaba com obstáculos. Foi uma honra poder ter aqui este testemunho. Concedendo ao texto a importância que ele tem, voltarei ao ritmo habitual de publicação do blogue no dia 07 de setembro. Entretanto, passem também no blogue deste homem mais duro que o aço: 

http://joaolimanet.blogspot.com/?m=1

25
Jul20

A Maratona de Médoc na escrita do Manuel Sequeira


João Silva

Dentro de dois dias, perceberão melhor quem é o "jovem" Manuel Sequeira, residente na zona sul do país.

Posso adiantar que foi um dos melhores conhecimentos que o atletismo me ofereceu nestes "pequenos" e "curtos" três anos e meio.

É um monstro das maratonas e tem a "sorte" de colaborar com a Revista Atletismo. O resto saberão depois.

Detentor de uma gentileza extrema, mostrou-me uma reportagem sua sobre a Maratona de Médoc, prova realizada em França e com característias muito específicas.

Não tinha como deixar escapar esta oportunidade, perdi a vergonha e perguntei-lhe se vos podia mostrar esta relíquia que ele escreveu para a Revista Atletismo.

Até aposto que haverá alguns de vós a querer correr uma maratona, isto depois de perceberem que se trata de uma aventura sem qualquer tipo de comparação.

Leiam e depois contem-me se já tiveram uma experiência assim (mesmo em trails).

Maratona de Médoc-1.jpeg

Maratona de Médoc-2.jpeg

 

18
Fev20

Envelhecer não (nunca) é perder


João Silva

 

 

 

O convite já tinha sido feito há algum tempo e foi um daqueles que tinham mesmo de ser. Porquê? Porque reconheço na Luísa uma enorme paixão pelo desporto e isso é logo o facto digno de destaque. Partilha no seu blogue Mais boa forma conselhos muito bons. Além disso, é a prova provada de que velhos são os trapos e de que não há idades, há personalidades. A juntar a tudo isto, reúne, precisamente pelo gosto e pela idade, algumas características que reconheço em pessoas próximas de mim e que vejo como exemplo enquanto ser humano e ser desportivo. Antes de vos deixar ler o seu grande testemunho, convido-vos a visitar outro espaço dela, o blogue Uma pepita de sucesso, onde nos presenteia com histórias da sua vida e da sua bela ilha, a da Madeira.

Quando tinha 20 anos perguntavam-me porque me preocupava tanto com a saúde e com a boa forma, porque me alimentava de forma equilibrada, fazia exercício físico diariamente, estando muito bem de saúde? Respondia que era para continuar assim bem de saúde e em forma aos 40 anos.

Quando fiz 40 anos voltavam a perguntar-me o mesmo! Respondia que era para chegar aos 60 anos com saúde e energia.

Agora que estou à beira dos 60 anos, ainda me perguntam porque sou “viciada” em hábitos saudáveis, se não tenho problemas de saúde e estou em boa forma física. E mais … perguntam-me como consigo estar tão bem de saúde e em forma com quase 60 anos! Respondo que é porque sempre tive cuidado com a minha alimentação, sempre fiz exercício físico e porque quero chegar aos 80 anos assim saudável, a fazer exercício físico diariamente, a alimentar-me corretamente e ser uma velhinha muito feliz e independente!

A minha relação de amor/paixão com a saúde, atividade física e bem-estar vem de há muitos anos. Desde os 12 anos, quando decidi entrar para a única escola de ballet que havia no Funchal, percebi que o movimento é parte integrante de uma vida saudável. A partir daí o “bichinho” pelo exercício físico virou um hábito diário.

Fui também inspirada pelo meu pai, amante do desporto, jogador de futebol e massagista no Club Sport Marítimo.

Desde então, nunca deixei de introduzir no meu dia-a-dia o ballet, dança, yoga, pilates, aeróbica, treino de tonificação e todas as modalidades desportivas para as quais tenha vontade de praticar e que sinta que me motivam e fazem bem.

Sou também uma acérrima curiosa em tudo o que se relaciona com a saúde e o bem-estar, modelando e inspirando-me nos gurus de fitness, “abraçando” formações, estudos científicos e toda a informação pertinente para “suportar” esta minha paixão e adaptar aos meus treinos e ao meu dia-a-dia.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2002, salientou que muitas das alterações que ocorrem durante o envelhecimento, bem como a maneira como ocorre nos indivíduos, são motivadas por fatores como a exposição solar, hábitos alimentares incorretos, inatividade física, obesidade, tabagismo e outros estilos de vidas incorretos.

Acredito que muitas das acentuadas alterações na aptidão física e na capacidade funcional do indivíduo, devem-se ao desuso e ao uso exagerado ou incorreto a que está sujeito o organismo.

Acredito, também, que o envelhecimento da população atualmente é uma tendência positiva, que caminhamos para sermos idosos mais ativos e que está intimamente ligada à maior eficácia das medidas preventivas em saúde, ao progresso da ciência no combate à doença, a uma melhor intervenção no meio ambiente e, sobretudo, à consciencialização progressiva de que somos os principais agentes da nossa própria saúde, alterando hábitos de vida sedentários e contrariar a degeneração e enfraquecimento do organismo de modo a preservar a aptidão física, psíquica e cognitiva, a independência e a saúde.

E nunca se esteve tão bem como agora no que se refere à promoção e prevenção da saúde e do bem-estar.

Existem ginásios com uma variedade de modalidades desportivas ao gosto e motivação de cada um e a preços suportáveis.

Existem livros, vídeos, jogos, todos com excelentes programas de atividade física, nutrição e estilos de vida saudáveis.

Existem canais no Youtube com vídeos gratuitos, com planos e programas de exercício físico para todas as faixas etárias, níveis de intensidade e duração.

E no envelhecimento existem muitos equipamentos orientados para a o envelhecimento ativo, tais como academias e/ou universidades seniores e centros de dia, todos como uma resposta social que visa promover e proporcionar momentos de educação, prazer, cultura, promoção da saúde, lazer e de bem-estar.

Está nas nossas mãos preparamos o nosso envelhecimento com saúde e qualidade.

Ser saudável é uma escolha!

 

*** Obrigada, João Silva, por me ter dado o privilégio de escrever no seu blog e poder dar o meu testemunho sobre envelhecimento com saúde, atividade física e qualidade de vida.

 

16
Fev20

O que não mata, engorda e também te pode transformar num ciclista


João Silva

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O texto que se segue não é da minha autoria. É do Rui, criador do blogue Bike Azores, que tem uma enorme paixão por ciclismo e por bicicletas.

Perante tamanha paixão, era impensável não lhe pedir, com jeitinho, um texto sobre a sua ligação a esse desporto, que também me apaixona. Foi, pois, um muitos em um.

Amavelmente, aceitou o desafio que lhe fiz, o que me deixa imensamente satisfeito e, por essa razão, agradeço-lhe pessoalmente.

Deixo-vos com a dissertação do estimado Rui. Antes disso, recomendo a vossa passagem no espaço dele.

Espero genuinamente que gostem tanto quanto eu:

“Tal como a maioria das pessoas, o meu contacto com as bicicletas surgiu em criança e alastrou-se para a adolescência. Sempre tive um gosto especial por veículos com rodas, sendo que o seu número foi variando conforme as minhas fases de desenvolvimento. A entrar na idade adulta tive um último contacto com os pedais, mas abdiquei definitivamente deles a favor das motas.

Só 15 anos depois voltei às bicicletas. Estava longe de pensar que a BTT de entrada de gama que acabava de comprar, para efeitos de exercício físico, ia dar início a toda uma nova fase da minha vida onde as bicicletas ganhariam grande relevância.

Comecei com alguma apreensão, mas que depressa deu lugar a um grande entusiasmo. Queria fazer parte deste meio, queria munir-me de mais e mais meios. Fiz algumas provas. Troquei de bicicleta um ano depois, aquela que ficou marcada como a bicicleta mais cara que já comprei. Ainda a tenho, fez recentemente 10 anos.

Passados 3 anos, compro uma bicicleta de estrada. Diferente, no conceito, na atitude. Foi aqui que inverti o trilho que seguia. Passei a ter outros objetivos, outras prioridades. Afastei-me da competição, da qual nunca estive especialmente próximo, tirei o foco dos meios, da eficácia e da eficiência. Apaixonei-me pelo conceito mais básico da bicicleta, pela função, pela manufatura, pela tradição, pela mais pura relação homem/máquina!

Não fazia sentido continuar a ver a bicicleta apenas como meio de desporto e lazer. Comprei uma citadina, dobrável, onde comecei timidamente a fazer dela a minha companheira de deslocação e transporte. Comprei outra, mais capaz, e então nunca mais parei.

Uma nova fase ficou marcada pela amadurecida compra de uma bicicleta de carreto fixo. Devo ter passado um par de anos ou mais, a ponderar esta compra. São bicicletas exigentes e com algumas limitações, mas que prazer me dão. Adoro-as!

Mesmo assim e mais recentemente, acabei por adquirir uma bicicleta de estrada, que não sendo o último grito, é assumidamente uma bicicleta moderna. Talvez seja mesmo aquela com que menos me identifico, mas que me permitiu dizer sim a certos desafios, que de outra forma seria difícil.

Os grupos extinguiram-se e atualmente ando quase sempre sozinho, e na estrada. De quando em vez faço uma perninha na competição, apenas por diversão, quando sei que esta está assegurada.

O meu regresso às bicicletas conta com quase uma dúzia de anos, várias bicicletas, alguns quilómetros sobre elas e muito prazer e paixão associados. É uma relação total, onde o gosto passa por andar, intervencionar e apreciar estaticamente. As bicicletas alcançaram uma dimensão inesperada na minha vida, mas perfeitamente legítima e compreensível, tal é o nível das mais-valias que agora lhes reconheço.

O ciclismo é uma modalidade desafiante que nos coloca constantemente à prova, mesmo quando encarada da forma mais descontraída, como o faço. Se calhar é por isso que é tão cativante e apelativa. A prática permite-nos progredir e ir mais além. Dá-nos mais segurança e confiança. Dá-nos uma incrível sensação de prazer e liberdade. Aumenta-nos a autoestima. Que não se queira falar em ciclismo, por estar demasiado conotado como competição, mas que se fale em andar de bicicleta. Tudo faz sentido, tudo é relevante. Seja uma jornada em que se ultrapassa os 3 dígitos de quilometragem, seja uma pequena e tranquila volta a usufruir calmamente da bicicleta e da ambiência que nos rodeia.

 

Para além de me propor a escrita deste texto, o João desafiou-me para “escrever também sobre a medida em que o ciclismo pode "aprender" ou dar ao atletismo.”

Já recorri à corrida como forma alternativa de manter a forma, mas infelizmente fui obrigado a abdicar devido a uma lesão grave num joelho. Uma das coisas em que a prática do ciclismo, na vertente BTT, me era útil nas minhas corridas era o conhecimento de certos percursos fora de estrada, como forma de introduzir alguma inovação e variedade às mesmas. Outra coisa importante que se aprende, reciprocamente, é a gestão do esforço e o controlo da ansiedade, que podem fazer toda a diferença em qualquer uma das modalidades.

 

Obrigado, João!”

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