Virtualmente interessante, vagamente desinteressado e realmente espantado
João Silva
O tema que vos trago hoje refere-se às corridas virtuais que começaram a ganhar espaço como forma de compensar a ausência de provas reais. Elogio, desde já a capacidade de reinvenção do meio. É uma forma de não deixar morrer o desporto ou as pessoas que dele precisam para alimentar as suas famílias.
Até este ponto, parece-me algo perfeitamente justificável e que, de certo modo, pode ajudar a motivar alguns atletas. No entanto, não acho que sejam essas tipologias de provas a cativar novos amantes da modalidade. Porquê? Porque se perde o cariz coletivo, o convívio e a capacidade de conhecer novas pessoas e terras.
Aceito o argumento de que se pode fazer em grupo e de que uma prova virtual é sempre uma prova, em alguns casos, com direito a brindes.
Por aqui, não teria problemas em participar, até mesmo para ajudar algumas organizações. Contudo, confesso que este sistema não me motiva, sobretudo, porque os percursos são escolhidos por cada um e porque não poderá haver um verdadeiro confronto dos resultados dos participantes. Por isso mesmo, assumo, nunca participei em nenhuma e corro todos os dias e, honestamente, conseguiria participar em distâncias desde os 5 aos 42 km, mas não tem interesse para os outros saber por onde ando e, em termos competitivos, não me traria aquele impulso extra que me faria ter um melhor desempenho.
E é neste último ponto que surge o meu espanto quando tomo conhecimento de pessoas que falseiam resultados em provas virtuais para ficarem com melhores resultados e mais bem classificadas.
Ora, sendo alguém que corre porque gosta e precisa disso para se manter saudável em termos psíquicos, confesso que não percebo qual a vantagem de enganar os outros e, pior ainda, de se enganar a si próprio. E isso, meus caros, é mesmo algo que me ultrapassa, embora não seja isso que me retira o gosto (ou falta dele). Além disso, este texto não se insurgé contra quem participa de alguma forma nestes eventos. Não sou ninguém para julgar e nem o estou a fazer. Simplesmente, não é algo que me cative...ao ponto de nem sequer saber se há diferenças de preços em relação a provas presenciais ou se dão algo ou não.
Fico à espera das vossas opiniões a este respeito.