Mais controlo menos controlo?
João Silva
A poucos dias de mais uma aventura daquelas na cidade do Porto, apraz-me falar de um assunto no qual penso muitas vezes.
Nos últimos meses, a necessidade de pensar nisso e de refletir sobre o tema tornou-se maior porque me deparei com algumas entrevistas e algumas séries que focavam a questão.
O tema de que vos falo assenta na seguinte pergunta: quando dizemos que temos a vida controlada, temos mesmo tudo controlado?
Como já vi muita gente defender, não temos controlo sobre a vida. Podemos tentar levá-la para um determinado encarreiramento porque acreditamos que isso é o melhor para nós. Devemos e, por uma questão de coerência connosco, temos essa obrigação.
Sem querer ser fatalista, mas a vida é tramada mesmo e mete umas armadilhas, uns desvios e umas ratoeiras lá pelo caminho. Como diz o outro, quem se lixa é o mexilhão.
E é por isso que também acho que não controlamos nada. Criamos em nós essa necessidade e ilusão para não termos uma nuvem constante sobre nós.
O que nós temos, aí parece-me inegável, é uma forte e fantástica de nos adaptarmos às mudanças que não foram intencionais.
Pegando no desporto, sobretudo, no que pratico, esbocei os planos como achei melhor para determinado objetivo, dei tudo mim, disciplinei-me e fiz o que podia. Portanto, aí controlei tudo na perfeição, mas se fui atropelado ou se me magoei numa pedra ou noutro lado, a vida está a mostrar-me que já não tenho controlo nenhum, que serei obrigado a adaptar-me àquela mudança.
Concluindo, temos controlo sobre a nossa capacidade de mudança, mas não controlamos a vida, tentamos que vá na direção que queremos.
Já nem levo isso para o lado da vida pessoal, deixo-vos a possibilidade de se pronunciarem quanto a esse campo.
Dito isto, aproveito para vos apresentar o maravilhoso bolo de aniversário que a minha esposa me fez em julho. Só alguém tão fantástico e que me conhece tão bem poderia controlar o segredo daquela surpresa. E só alguém tão fabuloso saberia que aquele "bolo" especial só de fruta assentaria que nem uma luva na minha personalidade.
Deixo um último desejo de controlo: que no domingo tenha capacidade para controlar a minha prova e que, se a vida decidir meter-se ao barulho, que o faça para me ajudar a ter um excelente desempenho.