Janeiro: to be or not to be (proud)
João Silva
O que vos mostro na imagem da minha aplicação de treinos é tão só uma espécie de catarse misturada com problemas de agenda: pela primeira vez, corri 636 km num mês. Que loucura (boa)!
Parece um paradoxo, mas os restringimentos laborais que tive obrigaram a um método de treino mais monótono, sem que, no entanto, isso me tenha aborrecido. Muito pelo contrário.
No entanto, pela facilidade de encaixe na minha agenda, tornou-se mais fácil adotar sessões de corrida de uma hora e meia seguida. Qual a vantagem? O treino era todo feito de uma vez só, sem estar a cortar para iniciar a sessão de reforço muscular.
Como já tinha dito há uns meses, as minhas sessões costumam ser duplas numa base diária, sendo que dividia, regra geral, entre 1 hora de corrida e 1 h de reforço muscular.
As limitações de tempo e a minha incapacidade para me disciplinar numa hora seguida de trabalho de força, achei mais proveitoso um treino longo mas continuado.
Claro que a tipologia de treino acaba por se tornar num risco para o meu corpo e, para ser sincero, brinquei com o fogo. A minha “sorte, que não foi sorte porque foi o reflexo de três anos de trabalho, foi ter uma estrutura física que aguenta bem este tipo de cargas e, além disso, nunca deixei de parte os alongamentos. Tenho a certeza de que isso foi crucial para aguentar volumes semanais com uma média de 110 a 140 km.
A espaços, quando fui conseguindo ter tempo, reintroduzi os trabalhos de força. Adoro treino de reforço e maior ausência nesta fase mostrou-me precisamente isso. E o que fez essa vontade de retoma? “Lançou-me” à procura de exercícios intensos mas curtos, também conhecidos como HIIT.
Descobri alguns muito bons e fui aplicando como complemento das sessões de corrida. Aqueles HIIT de 10 ou 20 minutos foram-me sabendo pela vida.
No fim de contas, fiz o que foi preciso para me aguentar. Não andei bem da cabeça, senti que precisei daquele sistema. Tenho noção de que arrisquei, percebo quem me possa chamar tresloucado, mas, francamente, estando à procura do meu eu e da minha “cura”, tudo o que fiz foi necessário e não quero saber de mais nada a esse respeito. Sabia que estava no caminho das lesões, mas precisei de arriscar. Felizmente, correu bem.
Como se pode ver abaixo, em dois meses, passei a barreira dos 1000 km na estrada. Independentemente do que a minha vida possa vir a ser a partir de maio, jamais isso será arrancado de mim, o que me deixa tremendamente feliz, porque cheguei ao dia 31 de janeiro consciente de que o meu corpo aguentou bem, apesar de tudo.