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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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16
Fev20

O que não mata, engorda e também te pode transformar num ciclista


João Silva

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O texto que se segue não é da minha autoria. É do Rui, criador do blogue Bike Azores, que tem uma enorme paixão por ciclismo e por bicicletas.

Perante tamanha paixão, era impensável não lhe pedir, com jeitinho, um texto sobre a sua ligação a esse desporto, que também me apaixona. Foi, pois, um muitos em um.

Amavelmente, aceitou o desafio que lhe fiz, o que me deixa imensamente satisfeito e, por essa razão, agradeço-lhe pessoalmente.

Deixo-vos com a dissertação do estimado Rui. Antes disso, recomendo a vossa passagem no espaço dele.

Espero genuinamente que gostem tanto quanto eu:

“Tal como a maioria das pessoas, o meu contacto com as bicicletas surgiu em criança e alastrou-se para a adolescência. Sempre tive um gosto especial por veículos com rodas, sendo que o seu número foi variando conforme as minhas fases de desenvolvimento. A entrar na idade adulta tive um último contacto com os pedais, mas abdiquei definitivamente deles a favor das motas.

Só 15 anos depois voltei às bicicletas. Estava longe de pensar que a BTT de entrada de gama que acabava de comprar, para efeitos de exercício físico, ia dar início a toda uma nova fase da minha vida onde as bicicletas ganhariam grande relevância.

Comecei com alguma apreensão, mas que depressa deu lugar a um grande entusiasmo. Queria fazer parte deste meio, queria munir-me de mais e mais meios. Fiz algumas provas. Troquei de bicicleta um ano depois, aquela que ficou marcada como a bicicleta mais cara que já comprei. Ainda a tenho, fez recentemente 10 anos.

Passados 3 anos, compro uma bicicleta de estrada. Diferente, no conceito, na atitude. Foi aqui que inverti o trilho que seguia. Passei a ter outros objetivos, outras prioridades. Afastei-me da competição, da qual nunca estive especialmente próximo, tirei o foco dos meios, da eficácia e da eficiência. Apaixonei-me pelo conceito mais básico da bicicleta, pela função, pela manufatura, pela tradição, pela mais pura relação homem/máquina!

Não fazia sentido continuar a ver a bicicleta apenas como meio de desporto e lazer. Comprei uma citadina, dobrável, onde comecei timidamente a fazer dela a minha companheira de deslocação e transporte. Comprei outra, mais capaz, e então nunca mais parei.

Uma nova fase ficou marcada pela amadurecida compra de uma bicicleta de carreto fixo. Devo ter passado um par de anos ou mais, a ponderar esta compra. São bicicletas exigentes e com algumas limitações, mas que prazer me dão. Adoro-as!

Mesmo assim e mais recentemente, acabei por adquirir uma bicicleta de estrada, que não sendo o último grito, é assumidamente uma bicicleta moderna. Talvez seja mesmo aquela com que menos me identifico, mas que me permitiu dizer sim a certos desafios, que de outra forma seria difícil.

Os grupos extinguiram-se e atualmente ando quase sempre sozinho, e na estrada. De quando em vez faço uma perninha na competição, apenas por diversão, quando sei que esta está assegurada.

O meu regresso às bicicletas conta com quase uma dúzia de anos, várias bicicletas, alguns quilómetros sobre elas e muito prazer e paixão associados. É uma relação total, onde o gosto passa por andar, intervencionar e apreciar estaticamente. As bicicletas alcançaram uma dimensão inesperada na minha vida, mas perfeitamente legítima e compreensível, tal é o nível das mais-valias que agora lhes reconheço.

O ciclismo é uma modalidade desafiante que nos coloca constantemente à prova, mesmo quando encarada da forma mais descontraída, como o faço. Se calhar é por isso que é tão cativante e apelativa. A prática permite-nos progredir e ir mais além. Dá-nos mais segurança e confiança. Dá-nos uma incrível sensação de prazer e liberdade. Aumenta-nos a autoestima. Que não se queira falar em ciclismo, por estar demasiado conotado como competição, mas que se fale em andar de bicicleta. Tudo faz sentido, tudo é relevante. Seja uma jornada em que se ultrapassa os 3 dígitos de quilometragem, seja uma pequena e tranquila volta a usufruir calmamente da bicicleta e da ambiência que nos rodeia.

 

Para além de me propor a escrita deste texto, o João desafiou-me para “escrever também sobre a medida em que o ciclismo pode "aprender" ou dar ao atletismo.”

Já recorri à corrida como forma alternativa de manter a forma, mas infelizmente fui obrigado a abdicar devido a uma lesão grave num joelho. Uma das coisas em que a prática do ciclismo, na vertente BTT, me era útil nas minhas corridas era o conhecimento de certos percursos fora de estrada, como forma de introduzir alguma inovação e variedade às mesmas. Outra coisa importante que se aprende, reciprocamente, é a gestão do esforço e o controlo da ansiedade, que podem fazer toda a diferença em qualquer uma das modalidades.

 

Obrigado, João!”

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