Vou dividir esta análise da meia-maratona de Aveiro em duas partes.
A prova realizou-se no passado dia 23 de abril.
O primeiro texto sai hoje e o segundo dentro de alguns dias.
Para mim, foi uma meia-maratona. Já lá vão 13 oficiais. Para outros colegas, foi mais uma maratona. Para o André, primeiro a contar da direita, foi a primeira vez na distância. Esteve em grande, acabou ainda melhor. O bicho (ou a nossa pressão) já devem fazer das suas para a maratona do Porto em 2024.
Começamos esta odisseia a falar numa viagem a quatro no carro do Basílio. Houve ideias de negócio para o mundo da corrida (#poopingbag ou #poopingplace), vozes manhosas de GPS, planos e sonhos de provas e até direito a detalhes nazis. A Maria João vai perceber o que quero dizer, embora eu esteja a rezar para que ela não leia isto.
Como disse, já lá vão 13 meias-maratonas e talvez nenhuma tenha tido esta magia. Cada uma conta uma história, mas esta conta muitas.
Era o dia dos 35 anos de casado do José Carlos. Além de mestre na arte da corrida das longas distâncias, ainda é equilibrista, pois celebrar o aniversário de casamento e correr uma maratona no mesmo dia é o mesmo que ter quatro copos na mão e não deixar cair nenhum.
Foi o dia em que revi o meu bom amigo Eduardo. Trabalhámos juntos 7 anos no Jumbo de Aveiro. É um bom velho amigo. Não se esqueceu de me mandar uma mensagem uns dias antes da prova e lá nos encontrámos. E foi um abraço tão bom. Mesmo ali depois de um esforço bem duro na prova. E lá falámos de filhos. E lá percebi que há tanto que temos em comum na forma como vemos o nosso papel de pai.
Foi ainda a prova onde dei/levei um abração da minha estimada Lígia Casimiro no momento da sua chegada. Foi um novo recorde pessoal para esta jovem guerreira. Vocês não imaginam o que ela passa e trabalha para chegar à excelência que já tem! Não sei se já fez todas as seis maratonas mais conhecidas do mundo, mas para lá caminha, se não for o caso. Que bom ver aquela felicidade! Aquela cara é o rosto de um sacrifício que é recompensado com algo que se procura. Não se esquece!
Foi a prova em que o Bruno Silva chegou com um tornozelo em forma de cachola e em que teve direito a um monte de gelo fornecido pela Cruz vermelha (ou por quem estava a vender finos, não percebi).
Foi a prova em que se fez história para este blogue. Tratou-se da primeira entrevista em tempo real a um atleta amador. A seu tempo será publicada e também a seu tempo se conhecerá o atleta em causa. Até tive direito a um tripé humano. Impecável. E sabem que mais? Esse tripé vai virar entrevistado dentro de algum tempo. Aquilo libertou uma energia tão boa. É um caminho sem retorno.
Foi a prova em que eu e o Basílio acabámos a fazer exercícios de recuperação da pubalgia...em cima de terra batida, na parte de trás do carro dele.
Foi a prova em que deixámos o Tiago a definhar junto ao carro enquanto andávamos a laurear do lado oposto da Ria. Parabéns pelas tuas 3h27m na maratona, grande Tiago. E vê lá se partilhas a tua comissão no Waze!!
Tenda desarmada, foi hora de atacar os ovos moles. Achava eu que mais ninguém queria além de mim. Se não me engano, foram mais de quatro caixas para três ou quatro pessoas.
E com isto ninguém queria almoçar. Ou melhor, todos queriam, ninguém se decidia e ninguém sabia onde íamos manjar.
Acabámos na Rebaldaria. Ou melhor, no Rebaldaria. Uma novidade para mim: um salmão com crosta de pão ralado e mostarda. Que delícia. E até reconheci a funcionária!
Que belas conversas ali tivemos!! Um início de tarde em grande!
Foram quase 10 anos a viver, trabalhar e estudar em Aveiro, onde também namorei e casei. Fica difícil dissociar uma prova naquela terra da minha memória.
Aquela foi uma prova muito especial. Acho que voltar ali é voltar a um passado bom, a um pedaço de amor, a um pedaço de história. E isto também significa que vou acabar a ter de lá voltar em 2024. Esta malta não facilita e já está a pensar na maratona nesse ano. E agora, faço ou não faço?