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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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07
Mai23

Análise ao resultado na meia-maratona de Aveiro


João Silva

Já falei do romantismo da prova, agora venho abordar um pouco o resultado. 

Em termos numéricos, oficialmente, fiz 1h31m08 para 21,280 km. Fiquei no lugar 172 em 1680 atletas que acabaram a meia-maratona.

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Ou seja, foi um resultado incrível, até porque senti o percurso como um pouco duro. 

Comecei muito bem, tem sido assim ultimamente, há mais de um ano, sinal de que estou confiante em mim ao ponto de me levar logo para zonas de desgaste.

Os tempos parciais mostram precisamente isso. Não foi a prova relógio suíço como já me aconteceu, mas nota-se constância. Pelo menos até aos 13 km e aí tive, de facto, a primeira quebra. Não me hidratei na quantidade suficiente e respirei mal durante a ingestão. Resultado: lidar com uma dor de burro até perto dos 16 km. 

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Depois apareceu o sol descoberto e alguma dureza no percurso. Foi o meu grande momento de quebra. Foi o momento-chave para não ficar ko ali. Tive de me focar em coisas boas, de suavizar tudo o que estava a sentir, de me valorizar. 

Perto dos 20 km comecei a dar sinais de melhoria. E o final foi épico. Voei por completo quando percebi o que me esperava na meta. Que euforia do pessoal. Que euforia pessoal. Eu puxo tanto pelo público quanto quero que o público puxe por mim. Não sei viver de outra forma. Preciso desta alegria de viver para me sentir realizado. 

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Estes dados mostram ainda que o meu corpo se tornou mais eficaz recentemente. O meu batimento cardíaco é mais estável e mantém-se numa zona 5, ou seja, em zona de limite de esforço, sem estar no extremo. 

Já a cadência é bastante boa nesta fase. São quase 200 passos por minuto de média. E falamos de uma passada de 1,20m.

Fico feliz. Tenho trabalhado para chegar aqui. Mereci claramente tudo isto que vivi em termos de resultados.

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03
Mai23

Uma meia-maratona diferente em Aveiro


João Silva

Vou dividir esta análise da meia-maratona de Aveiro em duas partes. 

A prova realizou-se no passado dia 23 de abril.

O primeiro texto sai hoje e o segundo dentro de alguns dias.

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Para mim, foi uma meia-maratona. Já lá vão 13 oficiais. Para outros colegas, foi mais uma maratona. Para o André, primeiro a contar da direita, foi a primeira vez na distância. Esteve em grande, acabou ainda melhor. O bicho (ou a nossa pressão) já devem fazer das suas para a maratona do Porto em 2024.

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Começamos esta odisseia a falar numa viagem a quatro no carro do Basílio. Houve ideias de negócio para o mundo da corrida (#poopingbag ou #poopingplace), vozes manhosas de GPS, planos e sonhos de provas e até direito a detalhes nazis. A Maria João vai perceber o que quero dizer, embora eu esteja a rezar para que ela não leia isto.

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Como disse, já lá vão 13 meias-maratonas e talvez nenhuma tenha tido esta magia. Cada uma conta uma história, mas esta conta muitas.

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Era o dia dos 35 anos de casado do José Carlos. Além de mestre na arte da corrida das longas distâncias, ainda é equilibrista, pois celebrar o aniversário de casamento e correr uma maratona no mesmo dia é o mesmo que ter quatro copos na mão e não deixar cair nenhum.

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Foi o dia em que revi o meu bom amigo Eduardo. Trabalhámos juntos 7 anos no Jumbo de Aveiro. É um bom velho amigo. Não se esqueceu de me mandar uma mensagem uns dias antes da prova e lá nos encontrámos. E foi um abraço tão bom. Mesmo ali depois de um esforço bem duro na prova. E lá falámos de filhos. E lá percebi que há tanto que temos em comum na forma como vemos o nosso papel de pai. 

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Foi ainda a prova onde dei/levei um abração da minha estimada Lígia Casimiro no momento da sua chegada. Foi um novo recorde pessoal para esta jovem guerreira. Vocês não imaginam o que ela passa e trabalha para chegar à excelência que já tem! Não sei se já fez todas as seis maratonas mais conhecidas do mundo, mas para lá caminha, se não for o caso. Que bom ver aquela felicidade! Aquela cara é o rosto de um sacrifício que é recompensado com algo que se procura. Não se esquece!

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Foi a prova em que o Bruno Silva chegou com um tornozelo em forma de cachola e em que teve direito a um monte de gelo fornecido pela Cruz vermelha (ou por quem estava a vender finos, não percebi).

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Foi a prova em que se fez história para este blogue. Tratou-se da primeira entrevista em tempo real a um atleta amador. A seu tempo será publicada e também a seu tempo se conhecerá o atleta em causa. Até tive direito a um tripé humano. Impecável. E sabem que mais? Esse tripé vai virar entrevistado dentro de algum tempo. Aquilo libertou uma energia tão boa. É um caminho sem retorno.

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Foi a prova em que eu e o Basílio acabámos a fazer exercícios de recuperação da pubalgia...em cima de terra batida, na parte de trás do carro dele. 

Foi a prova em que deixámos o Tiago a definhar junto ao carro enquanto andávamos a laurear do lado oposto da Ria. Parabéns pelas tuas 3h27m na maratona, grande Tiago. E vê lá se partilhas a tua comissão no Waze!!

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Tenda desarmada, foi hora de atacar os ovos moles. Achava eu que mais ninguém queria além de mim. Se não me engano, foram mais de quatro caixas para três ou quatro pessoas.

E com isto ninguém queria almoçar. Ou melhor, todos queriam,  ninguém se decidia e ninguém sabia onde íamos manjar.

Acabámos na Rebaldaria. Ou melhor, no Rebaldaria. Uma novidade para mim: um salmão com crosta de pão ralado e mostarda. Que delícia. E até reconheci a funcionária!

Que belas conversas ali tivemos!! Um início de tarde em grande!

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Foram quase 10 anos a viver, trabalhar e estudar em Aveiro, onde também namorei e casei. Fica difícil dissociar uma prova naquela terra da minha memória. 

Aquela foi uma prova muito especial. Acho que voltar ali é voltar a um passado bom, a um pedaço de amor, a um pedaço de história. E isto também significa que vou acabar a ter de lá voltar em 2024. Esta malta não facilita e já está a pensar na maratona nesse ano. E agora, faço ou não faço?

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27
Abr19

Levem-me ao colo, cagaréus!


João Silva

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Façam-me esse favor!

Amanhã regresso a "casa", ainda que por umas breves horas. É na fantástica cidade de Aveiro que vou correr a minha segunda maratona.

Nem me sentiria bem comigo, se não fosse lá rever velhos conhecidos e percorrer as estradas e ruas da cidade que me acolheu em 2007. É uma cidade cuja história se mistura com a minha. Fui tão feliz naquele espaço. Naturalmente, como não podia deixar de ser, também houve momentos maus, mas os bons fazem a balança pender claramente para uma avaliação positiva.

Foi lá que me formei em tradução, que trabalhei e estudei em simultâneo, que estive sete anos numa empresa, que fiz bons amigos e que conheci a mulher da minha vida, com quem casei (também naquele espaço).

Foram quase dez anos, ou seja, perto de um terço de tudo o que sou hoje. Quando deixei o distrito de Coimbra, de onde sou natural, foi ali que encontrei o meu porto de abrigo.

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E é por isso que regressar agora representa um "mundo" para mim. É como se fosse mostrar o desportista em que me tornei.

Por essa razão, "peço" e espero que o apoio vindo do público seja avassalador. Quero sentir uma simbiose como a que vivenciei no Porto, em novembro. Quero poder fechar os olhos e ter a sensação de que as "gentes" dali, os cagaréus, me levam ao colo até à meta, que vão ser responsáveis por acrescentar mais uma maratona ao meu "palmarés".

Como já tive oportunidade de o referir aqui, o meu grande objetivo é mesmo terminar a prova. Para que tal suceda, é importante, diria mesmo essencial, sentir o carinho daquela terra, que também já foi mim e cuja essência trago em mim.

Desde já e sem saber como será, muito obrigado pelos vossos incentivos.

A julgar pelo calor humano em Ílhavo no passado dia 07 deste mês, diria que vocês serão fantásticos.

Amanhã darei conta, de forma resumida, da prova. A partir de segunda-feira, tratarei de fazer os devidos relatórios.

Até lá, ajudem-me cagaréus! 

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