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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

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Em destaque no SAPO Blogs
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04
Mai22

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

Hoje é dia de mais um rapaz atleta ainda moçoilo nestas andanças mas que dá sinais de gostar disto a que chamamos corrida... É mais "um dos nossos". Por agora, está a apostar nas curtas distâncias (e parece-me que faz muito bem). No entanto, também ambiciona voos mais elevados. 

É prático, não está com rodeios mas nota-se que desfruta deste desporto.

Fiquem, pois, com o Ivo Carrito:

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Foto: Corrida 4 estações de inverno, em Coimbra, 2022

Nome

Ivo Manuel dos Santos Carrito 

Idade

27

Equipa

ARCD Venda da Luísa

4 estações inverno 2022.JPG

Foto: Corrida 4 estações de inverno, em Coimbra, 2022

Praticante de atletismo desde

2020

Modalidade de atletismo preferida

Trail

Prefere curtas ou longas distâncias

Prefiro Curtas.

Na atual equipa desde

Época 2020/2021

Volume de treinos por semana

Tenho semanas que nem treino corrida mas normalmente só descanso ao fim de semana com 3 dias de corrida, em estrada ou em trilhos, e 2 de ginásio para reforço muscular.

Importância dos treinos

Os treinos são sempre importantes para atingirmos os nossos objetivos e para evitarmos lesões.

 

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Foto: 15 km no Trail de Sicó em 2022

Se tem ou não treinador

Não tenho treinador.

Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual

Bastantes diferenças, como por exemplo, não havia tanta escolha de material desportivo e a tecnologia como os relógios gps foi uma evolução grande para os treinos e provas.

Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Para a quantidade de provas que fiz, que foram 4, não tenho assim uma história insólita que me lembre. 

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Foto: 15 km no Trail de Sicó em 2022

Participação em prova mais longa

TAUT, 18 km que no fim foram 20 km. 

Objetivos pessoais futuros

Conseguir fazer uma prova mais longa e já estou inscrito nos 27 km do Gerês.

Como vê o atletismo daqui a 5 anos

Espero vê-lo mais evoluído e com mais malta jovem a participar em Trails.

 

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Foto: Trail Encostas do Mondego 2021

Como se vê no atletismo daqui a 5 anos

Só o futuro o dirá, mas pretendo avançar para as longas distâncias.

Como é que a COVID afetou a evolução como atleta?

Afetou muito porque estava com uma boa forma física já para participar a provas e com as restrições, fecharam os ginásios e provas canceladas o que me levou a alguma desmotivação.

O que mudou nas provas com a pandemia?

Eu antes da pandemia nunca tinha participado uma prova, mas pelo que tenho visto nas que tenho ido, implementaram novas regras tais como o certificado digital, a máscara na partida e na meta entre outras.

08
Abr22

1, 2, 3 uma entrevista de cada vez


João Silva

Hoje trago-vos uma atleta com quem ainda não falei pessoalmente mas de cuja bravura fiquei fã quando o seu namorado, o Bruno Silva, me falou de uma aventura que teve na noite em que alcançou uma enorme proeza na Madeira: partiu a cabeça!!

Tinha de a entrevistar. E fiquei com as melhores impressões, pois, claramente, por detrás desta atleta está uma pessoa com ideias claras quanto à sua paixão pelo atletismo e quanto à afirmação do seu género na modalidade.

Confirmem lá se não vos digo a verdade.

Fiquem, pois, com a Rafaela:

 

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Foto: Trail vale dourado de Famalicão

Nome:

Rafaela Bento

Idade:

34 anos

Equipa:

CTM Vila Pouca de Aguiar

Praticante de atletismo desde

2016

Modalidade atletismo preferida:

Trail

Prefere curtas ou longas distâncias:

Prefiro distâncias longas (ultra trails)

Na atual equipa desde

Estou no CTM desde a época 2018/2019

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Foto: 57 km do Trail de Sicó

Volume de treinos por semana:

Treinos 4/5 por semana

A importância dos treinos:

Os treinos são extremamente importantes para conseguirmos alcançar os nossos objetivos.

Diferenças entre o atletismo passado e o atual:

Atualmente o atletismo tem sido visto como algo positivo, contudo, ainda pouco valorizado, ou nada, face a outras modalidades desportivas.

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Foto: MIUT (Madeira)

Aventura marcante:

Até ao momento tenho como atividade marcante o primeiro trail que fiz em Vila Pouca de Aguiar, apenas 10kms que para mim foram uma grande conquista. “Os montes” de Vila Pouca tem uma beleza incrível, quer seja em prova ou em treinos é fascinante. Outra prova que amei ter feito foi TPG, Transpeneda Gerês, 105kms (em 2021). O Gerês é a minha serra de eleição e é lá que faço as minhas grandes aventuras.

Há uma ilha que adoro e também me fez sonhar no mundo dos trails, a Ilha da Madeira e fui conquistar o sonho de correr entre o Pico Ruivo e Pico do Areeiro. Esta conquista foi em novembro de 2021. Participei nos 85kms do MIUT.

Objetivos pessoais futuros:

Os meus objetivos continuam a ser os ultra trails. Nestas provas consigo estar bastante tempo eu a Natureza e aqui sou muito feliz. Emoções sentidas que não há palavras para explica-las. Contudo, de vez em quando traço um objetivo maior e aventuro-me numa prova de três dígitos.

Ano após ano, há mais interessados pelo atletismo e espero que aumente nos próximos anos. Sejamos a inspiração de quem nos rodeia. Enquanto tiver possibilidade continuo no atletismo. Participo em diversas provas, dos 8 aos 80 kms (ou ainda mais) de modo a sentir-me bem e divertir-me. Algumas provas são pela estrada, algumas também gosto. Contudo, o mundo do trail é a minha prioridade.

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Foto: 85 km do MIUT

Como é que a COVID afetou a evolução como atleta?

A pandemia veio alterar muitos hábitos a todos nós. Uns aspetos positivos, outros negativos. Se observarmos a maioria das pessoas vemos constantes lamentações porque estão demasiado isoladas devido ao vírus, mas será que é devido ao vírus ou a elas próprias? Eis a questão.

Nesta fase tive mais tempo para treinar porque tive menos trabalho. Sou grata por essa oportunidade. Contudo, senti falta das provas, de sairmos em grupo, acordar cedo e irmos para uma prova. Mantive o foco nas provas que pretendia atingir, treinei e assim foi, consegui atingir os objetivos que me tinha proposto.

O que mudou nas provas com a pandemia?

Com a pandemia foram poucas as provas que se realizaram e as que se realizaram tinham menos atletas o que acabou por afetar a motivação. Durante a prova, as regras são basicamente as que existem no dia a dia. É preciso sabermo-nos adaptar às mudanças.

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Foto: Trail de Vila Pouca de Aguiar

Essas mudanças são boas para a modalidade?

As mudanças são boas para a modalidade se houver mudar a consciência do ser humano.

Porque existem tão poucas mulheres no atletismo?

A meu ver nenhuma modalidade desportiva levada a sério (mesmo amadores temos que nos dedicar), pelo menos minimamente, requer bastante dedicação, foco, disciplina, coragem, resiliência e paciência e muitas mulheres não estão dispostas a isso.

Com dedicação conseguimos fazer o que ambicionamos sem nos deixar afetar pelos/as “parasitas” que preferem ficar no café a beber, a fumar, a comer (ou seja lá o que for que os prejudica mais que o atletismo) e chamam viciados aos atletas. Cada atleta deve fazer o que a motiva. Nós temos a capacidade de criar o nosso bem-estar, não precisamos de recorrer a nada externo. Basta movimentarmo-nos, sim, o corpo foi feito para estar em movimento, dai termos pernas e não raízes.

A dedicação ao atletismo (como tantas outras coisas) tem ganhos e perdas. Saibamos escolher o que é melhor para nós. Façamos escolhas conscientes se o que escolhemos é para nossa felicidade ou por base no dito correto ou melhor. Saibamos escutar o nosso sentir.

Porque há tão poucas a fazer grandes distâncias?

A mulher ainda tem muito trabalho a fazer na sociedade e poderia começar a dedicar-se a si em primeiro lugar para a seguir tudo vir na medida certa. As grandes distâncias requerem muita dedicação. É preciso gerir o tempo para planear o trabalho, o lar e o social.

Quando se faz uma gestão do tempo equilibrada temos a possibilidade de conquistarmos o que desejarmos.

Existe alguma diferença no tratamento das mulheres face aos homens no atletismo?

Na mentalidade medíocre, a mulher ainda é criticada, mas cabe a cada uma dar a resposta à sua altura quando temos consciência que fazemos o melhor resta-nos continuar a fazer o nosso caminho.

 

Foto: 105 km do TPGFB_IMG_1646227655301.jpg

29
Mar22

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

Alguma vez fizeram uma prova com alguém do início ao fim?

Também nunca me tinha acontecido. Na verdade, nem procuro que suceda, a não ser que encontre alguém com um ritmo semelhante e que queira uma espécie de ajuda mútua.

No entanto, no passado dia 27 de fevereiro, aconteceu uma coisa engraçada: fui fazer um trail. E fui apenas para me divertir (coisa rara). Sucede que pouco depois do início do trail, este rapaz estava mais ao menos ao meu lado.

Conversa puxa conversa e acabámos por fazer o trail juntos (foi o primeiro dele). O que me fascinou? Ter encontrado no monte mais alguém com uma enorme paixão pela corrida em estrada. E trata-se de alguém que já passou por grandes experiências em tão pouco tempo de modalidade. 

Tinha de o "trazer" para aqui. Foi algo tão óbvio para mim que nem hesitei na hora de lhe pedir uma entrevista, assim que cruzámos a meta no final desse trail...

Ficou a vontade de treinar com ele e de o reencontrar em provas.

Fiquem, pois, com o Bruno Silva:

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Nome:

Bruno Silva

Idade:

40 anos

Equipa:

ARCD Venda da Luísa 

Praticante de atletismo desde

2016

Modalidade atletismo preferida:

Prefiro claramente atletismo de estrada, sobretudo as meias maratonas.

 

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Prefere curtas ou longas distâncias:

Meias maratonas

Na atual equipa desde

2020

Volume de treinos por semana:

Costumo treinar entre 3 e 5 vezes por semana, dependendo se tenho provas ou não e se tenho algum objetivo específico para essa prova. Actualmente não tenho treinador.

A importância dos treinos:

Os treinos são importantes por uma série de fatores: para além da preparação física que te dá, fortalece-te também mentalmente, não só porque aprendes a sofrer, mas também porque quando acontece uma adversidade começas a encará-la com otimismo. O exemplo mais comum são as lesões. É difícil lidar com elas, sobretudo quando isso arrasa uma preparação de meses. Mas é com elas que evoluis e corriges erros. Aprendes também a conhecer-te, a conhecer melhor o teu corpo e a perceber onde estão os teus limites. O foco e a determinação nos treinos são fundamentais para que as provas te corram dentro do planeado.

Se tem ou não treinador:

Tive nos primeiros anos em que representei o Núcleo de atletismo de Vila Real, mas depois deixei de ter.

Diferenças entre o atletismo passado e o atual:

O atletismo na atualidade mudou para melhor. Hoje dispomos de melhores condições, melhor calçado,temos pistas onde treinar, temos caminhos marcados no monte, temos relógios que nos dão toda a informação não só do teu treino como do desempenho do teu corpo e do tempo que necessitas para recuperar, enfim, hoje dispomos de uma série de tecnologias e de profissionais ligados a está modalidade que há uns anos não existiam. Tudo isto tem a ver não só com a evolução normal da tecnologia mas também, e sobretudo, com o aumento do número de praticantes amadores. Mesmo da época em que comecei a correr para os dias de hoje se vêem cada vez mais atletas não só na estrada, mas sobretudo no monte. O trail a meu ver foi a modalidade que mais praticantes ganhou nestes anos mais próximos.

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Aventura marcante:

Várias foram as provas que me marcaram. A corrida da Hello porque foi a minha primeira prova oficial, as duas meias Maratona da Ria de Aveiro, porque numa me estreei na distância e na outra porque foi a primeira vez que baixei da marca psicológica de 1:30h na distância. Mas ficaram ainda na memória a Meia maratona de Guimarães, porque foi a prova onde passei pior e onde retirei grandes lições para o futuro, e a Meia Maratona de Viseu por ser a prova em que começando mal acabei por realizar a minha melhor marca na distância. Esta prova também me marcou por ter sido a última oficial que fiz nesta distância. Por fim, e ainda fresquinho na memória, o Trail do Sico deste ano, por ter sido o primeiro trail que realizei.

Objetivos pessoais futuros:

Para o futuro não há muito ainda em mente. Havia o objetivo de realizar a maratona aos 40 anos, por ser uma data emblemática, e como tal tinha idealizado uma prova emblemática, realizada num local emblemático, preferencialmente, Atenas. A pandemia e alguns problemas que vão surgindo nos joelhos adiaram ou hipotecaram essa hipótese (o futuro o dirá). Para já o futuro mais próximo passa pelas meias maratonas e quem sabe a realização de alguns trails mais longos. De uma coisa tenho a certeza, passe pelas provas que passar o objetivo será sempre o mesmo: desfrutar e divertir-me.

Como imagina o atletismo daqui a cinco anos?

Sinceramente é difícil perspetivar o atletismo a cinco anos, até porque o atletismo vive dos praticantes amadores, há poucos profissionais, não é uma modalidade que seja apoiada como outras modalidades e daí também o desaparecimento do nosso país nos lugares cimeiros do atletismo na Europa e no mundo. Sem investimento não poderemos ter atletas profissionais que se dediquem por inteiro e que representem o país dignamente. Assim sendo o atletismo vai sempre depender do número de praticantes amadores para sobreviver nos próximos anos e isso pode afetar a modalidade porque muitos atletas amadores acompanham as modas e podem deixar o atletismo. Quando comecei havia muitos atletas de estrada, hoje o trail está na moda, mas também muitos viraram para o ciclismo que é a moda mais recente. Aos poucos as pessoas podemvirar-se para outras modalidades e o atletismo cair no esquecimento. Isso será prejudicial para a modalidade porque pode colocar em causa a realização de provas que são importantes hoje em dia tambémpara a divulgação das regiões que acolhem essas provas e para a dinamização do comércio local.

Como se imagina no atletismo daqui a cinco anos?

Dentro de cinco anos espero sinceramente continuar a correr e ter mais alguns kms nas pernas (risos). Ter realizado provas mais longas quer de trail, quer de estrada. São o objetivo.

Como é que a COVID afetou a evolução como atleta?

Inicialmente o Covid afetou a evolução de todos os atletas. Não se podia treinar, porque havia medo e depois não havia motivação, não só pela pandemia como pela inexistência de provas e se o atleta treina para descansar a mente, também gosta de ter no horizonte a sua prova (risos).

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Foto: primeira prova realizada pela ARCD Venda da Luísa

O que mudou nas provas com a pandemia?

Com a pandemia surgiram as provas virtuais. Foi uma forma de se conseguir ter algum foco nos treinos, embora nem de longe nem de perto seja a mesma coisa pois ninguém gosta de correr sozinho.

Essas mudanças são boas para a modalidade?

Com a pandemia surgiram medidas sanitárias mais apertadas e isso também é positivo para a modalidade. Sinceramente acho que esta pandemia fortaleceu ainda mais os atletas, tornou-os mais resilientes, como tal acho que a pandemia também trouxe algumas coisas boas para a modalidade.

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Foto: primeiro trail (Trail de Sicó)

 

27
Dez21

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

Hoje dou-vos a conhecer mais um atleta.

Este vem do norte e é um homem que já trata as grandes distâncias da corrida por tu.

Conheço-o desde setembro de 2019, numa Eco meia maratona  de Coimbra.

Com a falta de vergonha do costume, fui pedir a alguns elementos da equipa do Boavista para tirarem uma foto comigo.

Este jovem fazia parte da mesma. Encontrei-o ao longe na maratona do ano de 2019.

Passei a admirá-lo pelo seu amor à corrida. Vejo nele a paixão do desporto que quero ter um dia, quando passar os 50 anos.

Tinha obrigatoriamente de ter o testemunho dele aqui.

Como faço com todos, pedi que me respondesse a umas questões. 

Em vez de o fazer de forma segmentada, este entrevistado criou um texto corrido onde se percebe claramente o lado humano a comandar o atleta.

Por isso mesmo, quero partilhar convosco o texto na sua versão natural, sem adaptações.

Fiquem, pois, com o estimado Baltazar Sousa.

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Pratico atletismo desde Julho de 1983. Atualmente, represento o SC Salgueiros como corredor e treinador. Não gosto de me intitular atleta para não desvirtuar a modalidade. Ser atleta é uma coisa, ser corredor é outra. Já fui atleta. 

A disciplina que desde jovem gostei mais foi o Corta Mato. Depois passei a gostar de correr maratonas. Em termos de espetáculo em campeonatos, gosto de ver a estafeta de 4 x 400 metros. 

Na minha idade (52 anos), a minha preferência é mesmo deteeminada pela força da circunstância (deixamos de ter fibras rápidas) as longas distâncias, mas adorava correr os 1500 m e os 3000 m em pista ao ar livre e pista coberta (mais até em pista coberta), também corri provas de 10.000 metros em pista e gostava. 

Sem contar com os momentos em que me encontro impossibilitado de treinar, em situação normal, ainda treino 7 dias por semana, num volume total entre os 90 a 120 km.

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Os treinos devem ser feitos regularmente, de forma planificada e supervisionada por um treinador. Só assim o praticante poderá ver a sua dedicação recompensada nos resultados nas provas, até mesmo na prevenção de lesões e da própria saúde, isto porque os dias de descanso também devem ser aplicados na planificação do treino. 

Não gosto muito de fazer comparações entre os atletas antigos ou o atletismo de antigamente e o de hoje. Entendo que nos devemos concentrar em ver o que se passa hoje, respeitar quem não viveu no passado e vive a sua própria história. As circunstâncias são diferentes, é certo. O atletismo, os atletas e treinadores de antigamente foram os pioneiros na conquista do impensável, foram os que desbravaram caminhos. 

Não devemos pensar que se ganha uma medalha olímpica ou se bate um record nacional a qualquer hora...

Uma história da minha vida um tanto ou quanto insólita, isto no conjunto de imensas histórias, foi a primeira maratona do Porto em outubro de 2004: passava eu aos 30 km, numa fase muito complicada, ia em 7.º lugar e era o primeiro português a passar, os africanos já tinham passado há uns bons minutos à minha frente (claro) a zona ribeirinha e, enquanto os pescadores pescavam de anzol e lesca,  escuto um deles a " incentivar-me". Diz ele: "olha, os africanos já passaram há meia hora, vai mas é ali à tasca comer uma posta de bacalhau e beber um copo!"

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Penso que o atletismo daqui a cinco anos estará muito melhor. Acredito que alguns jovens irão evoluir e até mesmo o pelotão irá melhorar em termos de performance, isto porque vejo muitos runners a procurarem apoio para treinarem melhor, como tem acontecido desde que o SC Salgueiros, pela mão do seu Presidente Gil Almeida, abriu portas a todos os amantes da modalidade, estando neste momento a acompanhar diariamente cerca de 60 corredores de estrada e mesmo de pista, com várias idades.

O prof. António Ascensão é o nosso diretor técnico, contando comigo e com o Manuel Azevedo no cumprimento das nossas tarefas e objetivos para o clube e, inerentemente, para a modalidade.

Já corri cerca de 160 meias maratonas e 25 maratonas, mas a minha prova mais longa foi esta última Maratona do Porto, realizada no dia 07/11. De facto, foi a mais longa, porque demorei 4:27.

Foram mais 2h07 do que a minha melhor marca. Corri de uma foma controlada, isto por estar a recuperar de uma lesão. Nunca até então corri quase a passo (em alguns momentos fui mesmo a passo, só queria sentir a alegria do que é a festa da chegada na minha Maratona de eleição - a do Porto). Aproveito desde já para felicitar a empresa organizadora do evento, a Runporto.

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Após este longo período de proibição de organização de provas, brindou os "seus" maratonistas de todo o mundo com este êxito, que já o é desde 2004. Cumpriram todas as restrições impostas pela DGS, que todos nós, os participantes, também cumprimos.

Não tive nem tenho problema algum em divulgar esta entidade, até porque fez de mim alguém mais resistente ou persistente.   

 

28
Ago20

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

Hoje venho falar-vos e dar-vos a conhecer o Paulo Alves, nome de antigo jogador da bola.

Não conheço pessoalmente este rapaz, mas já pude sentir a sua simpatia e boa disposição no seio da nossa equipa.

Curioso o facto de achar que ele já fazia parte da equipa há mais tempo do que eu, quando, na verdade, sou mais "velho" na laranja. Particularidades, portanto.

Outra é o facto de a minha alcunha atual no seio da equipa ter sido dada por ele: alcatroado. Qualquer relação do nome com a minha paixão à estrada é pura coincidência.

Aprecio o jeito descontraído do Paulo, bem como a sua abordagem mais ligeira. Como sei que é algo difícil para mim, gabo-lhe os méritos dessa atitude, que, ou muito me engano, é uma marca distintiva da sua personalidade.

Deixo-vos, pois, com o Paulo Alves.

 

  • Nome:

Paulo Alves aka Alfacinha aka #treinapaulo :)

EGT2016-46kms.JPG

 

  • Idade:

42

  • Equipa:

ARCD Venda da Luísa

 

  • Praticante de atletismo desde:

Meados de 2012, pois foi quando a balança chegou aos 106 kg. Achei que já bastava e meti na cabeça que iria fazer a corrida do Sporting (10 km) nesse mesmo ano, pelo que comecei a correr do zero por períodos de 5 min. no máximo e aumentando gradualmente.

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  • Modalidade de atletismo preferida:

É o trail running pela sensação de liberdade, camaradagem e aventura que cada treino/prova proporciona.

 

  • Prefere curtas ou longas distâncias:

Claramente as longas distâncias pelo desafio de ter de vencer os quilómetros, o tempo, a meteorologia, gerir o corpo, mas, sobretudo, por ter de contrariar o que a cabeça muitas vezes pede quando surgem as dificuldades.

Sicó 2020-111kms.JPG

 

  • Na atual equipa desde:

24 de Março de 2019, dia do Trail de Pereira.

 

  • Volume de treinos por semana:

É muito variável pois sou um "atleta" muito indisciplinado, por isso, tenho semanas em que treino 1 vez e outras em que chego às 6. Mas, se seguirmos a grande máxima "descanso também é treino", então é todos os dias e nisso sou fortíssimo. :)

Almourol 2014 - 1a maratona em trilhos (44 km).jpe

 

  • Importâncias dos treinos:

Considero que, de facto, treinar com regularidade e disciplina é muito importante pois conseguimos desfrutar muito mais das provas e acabá-las sem ter a sensação que fomos atropelados pelo Intercidades. (risos)

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  • Se tem ou não treinador:

Não tenho treinador, mas como sou algo preguiçoso para treinar, tenho 2 treinadores informais que usam todos os métodos possíveis e imaginários para me "obrigar" a treinar.

 

  • Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual:

Sinceramente não considero que esteja no atletismo há tanto tempo para notar as diferenças, mas acho que há cada vez mais uma "indústria" das provas de corrida, sobretudo no trail, em que o objetivo é principalmente fazer dinheiro, sendo que há ainda uns resistentes que dão prioridade à qualidade em detrimento da quantidade dos seus eventos.

TSL2017-55kms.JPG

 

  • Histórias insólitas, curiosas ou inéditas,

O acontecimento mais insólito numa prova foi num Oh Meu Deus, na subida da Garganta de Loriga para a Torre senti-me mal com o calor, fui sempre subindo e esperando que viesse o vassoura, quando cheguei à Torre, 4 horas depois de ter saído de Loriga, descobri que nenhum dos elementos estava à minha espera porque pensavam que o último já tinha passado...Outra situação insólita foi no ano passado nos 65 km da Freita, eu estava a fazer a prova com o Rui Monteiro e o José Carlos Fernandes, entrámos juntos na mítica Besta, sendo que depois cada um seguiu o seu ritmo e, de repente, eu consegui perder-me naquele percurso para parece simples e depois só ouvia os gritos do Rui e do José a chamar por mim...  e uma curiosidade é que já acabei várias provas com pelo menos uma rapariga que não conhecia até aí. ;)

Oh Meu Deus K70 2014.jpeg

 

  • Aventura marcante

Tive algumas experiências em prova que me marcaram, como correr na neve na Serra da Estrela, a brutalidade e beleza da Serra da Freita, as noites das provas de 100 km, mas o que mais me marcou ao longo destes anos de corridas foram sobretudo as pessoas que trouxe de cada aventura.

 

  • Participação em prova mais longa

 

Foi este ano nos 111 km do Sicó, que já tinha tentado o ano passado e fiquei a 18 km da meta, sendo que desta vez terminei-a, mas a prova mais longa prevista para este ano era a Ultra Caminhos do Tejo 144 km.

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  • Objetivos pessoais futuros:

Basicamente terminar os objetivos que tinha para este ano, ou seja, UCT 144 km, TPG 55kms, finisher circuito ultra endurance da ATRP. 

Projetos que não tinha para este ano, mas que quero cumprir são OMD 100k ou 100 milhas, MIUT, PGTA, também PT281+ e/ou ALUT (solo ou estafeta) isto só para referir os objetivos internos.... :p

 

  • Como vê o atletismo daqui a 5 anos

Vejo o atletismo daqui a 5 anos como já tendo feito uma seleção natural entre as provas de qualidade e provas que só procuram lucro fácil sem qualidade, mas, no geral, cada vez mais gente a correr seja na estrada ou no trilho.

 

  • Como se vê no atletismo daqui a 5 anos:

Sinceramente acho que andarei pelos trilhos lá atrás como é meu hábito, mas a curtir cada dia e cada metro percorrido.

10
Ago20

1, 2, 3, uma entrevista diferente desta vez...


João Silva

Esta é uma entrevista diferente. Por não ter percebido a dúvida do meu convidado, induzi-o claramente em erro na forma de comunicação do conteúdo.

O mais curioso foi que gostei da forma como enquadrou e desenvolveu os temas. 

Posto isto, hoje trago-vos o Gil Santos, meu colega de equipa e um dos primeiros que conheci quando me juntei ao grupo. O Gil é uma pessoa muito simpática e sempre disposta a ajudar na integração.

Além disso, este jovem é meu vizinho, o que também tem os seus méritos.

Mais a sério, é um atleta à maneira e, apesar de não fazer estrada, noto que desenvolve bem o seu ritmo nesse palco.

Fiquem, pois, com o Gil Santos.  

1° ultra trail no VIII ULTRA TRAIL DE SICÓ 2017.

O meu nome é Gil Santos e tenho 44 anos. 

Neste momento, faço parte de uma equipa de trail do concelho de Condeixa a nova do distrito de Coimbra ( ARCD VENDA DA LUÍSA) desde 2015.

Apesar de ter iniciado a prática de atletismo na vertente estrada em 2014, (na equipa das 4 estações de Coimbra, que era e ainda é liderada pelo meu amigo Guilherme), logo me apaixonei pelo TRAIL através do meu amigo Marco Santos, que numa manhã de treino me levou a conhecer os trilhos da Serra de Sicó. Passei logo a gostar de trail running, a vertente que prefiro. Inicialmente fazia curtas distâncias nas provas em que participava, mas ao longo dos anos comecei a fazer distâncias maiores até atingir provas 'chamadas' ultras.

Trail infante-Penela 2017.jpg

Em relação ao volume de treinos semanalmente é um pouco relativo, isto é,  treino consoante a minha disponibilidade uma vez que tenho vida profissional.  Praticamente faço e quando posso dois treinos longos ou 3 curtos, compensando com natação e estática por vezes, mas tudo depende da disponibilidade que tenho. Por vezes pode haver uma semana em que não treino. Os meus treinos faço praticamente sozinho na Serra de Sicó na zona de Condeixa, e, por vezesm para elevar o ritmo, faço uns treinos de estrada. 

Louzantrail 2018.jpg

Apesar de não ter treinador (sou eu o meu treinador), sou eu que faço previamente o que irei fazer. Ultimamente tenho lido muito sobre provas e quais os métodos a utilizar nos respetivos treinos, tenho um conselheiro (João Fantástico) que me ajuda muito, especialmente a dar-me conselhos nos treinos que faço, o que lhe agradeço imenso. 

Coimbra trail 2016.jpg

Relativamente ao atletismo do passado e o atual, sinceramente não conheço muito do passado, mas no presente, em relação ao trail, tenho  reparado que muita gente anda a participar mais, uns, claro, têm os seus objetivos e outros apenas para se divertirem. Conheço muita gente que apenas participa para conhecer as paisagens e não estar num domingo, por exemplo, sentado no sofá. Claro que é muito bom ver nas provas todo o tipo de pessoas a participarem.

Em 2014, fiz a minha primeira prova oficial em estrada (Corrida Pedro e Inês), onde o mais importante para mim era terminar a prova, o que consegui com muito suor e esforço. 

Curiosamente, numa prova que participei em 2017 ( IV GRANDE TRAIL DAS LAVADEIRAS 25K), fiz praticamente o percurso todo a ajudar um adversário que não conhecia de lado nenhum (Renato Ferreira), hoje somos grandes amigos, e que participava com a sua cadela (Kyra). Essa prova foi uma enorme aventura pois ajudei-o várias vezes a subir trilhos muito técnicos com a sua cadela.

Castellum Trail 2018.jpg

Destaco também com muito gosto a minha primeira participação numa prova ultra: VIII ULTRA TRAIL DE SICÓ 2017, onde participei pela primeira vez participei e com êxito numa prova de 52km. No ano seguinte, voltei a repetir, no ano 2019, não participei infelizmente porque 2 meses antes tinha sido operado a uma hérnia umbilical mas no ano 2020 voltei e fiz os 57km de Sicó. Esta prova para mim é muito especial, pois é realizada na vila de Condeixa, onde resido, e considero-a a minha prova rainha. Em todas as provas que já realizei, seja vertente TRAIL ou Estrada, tenho sempre um objetivo que é terminar bem e sem lesões. Depois, se bater o meu recorde pessoal, é um acréscimo. Como se costuma dizer: é a cereja no topo do bolo. Quanto ao futuro dos trail em questão, vejo com muita satisfação em relação a quem as organiza,  uma vez que as mesmas ano para ano melhoram muito, a nível de qualidade, segurança e abastecimentos. A nível pessoal , ou continuar com os meus treinos, mesmo sabendo que as provas que tinha em mente para este ano foram todas canceladas devido ao novo coronavírus. Futuramente, acredito que, a partir do ano 2021, as provas vão voltar e continuarei a dar sempre o meu melhor em prol da minha equipa que me acolheu há 5 anos e onde fui excecionalmente recebido de braços abertos ou não fosse ela a minha família do desporto. Voltar às provas, serras, montes, trilhos, rever paisagens, amigos, poder ajudar quem precisa, conhecer novas pessoas, seja com sol, chuva, frio, calor, trovoada, neve e vento é tudo o que desejo para o futuro e isto sim é TRAIL. 

2°eco meia maratona 2016.png

Por fim queria agradecer a todos os meus companheiros de equipa e a todos os meus amigos de equipas "adversárias" que me apoiam antes, durante e no fim das provas, dar os parabéns a todas as organizações de provas que sei que dão tudo por tudo para que corra tudo bem. Às pessoas que mencionei aqui fica um grande abraço. À minha família em especial, que me apoia totalmente. E, por fim, um enorme abraço ao meu grande amigo, criador deste blogue, que, ao conhecer um pouco da sua história, vi que conseguiu ultrapassar todas as divergências e que hoje é um MARATONISTA. 

GIL SANTOS

 

XI ULTRA TRAIL SICÓ 2020 57KM.jpg

III grande trail das lavadeiras 2016.jpg

Equipa ARCD venda da luisa 2019.jpg

 

11
Jul20

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

Para aproveitar este belo mês de verão, deixo-vos mais um "episódio" desta rubrica fixa de entrevistas para vos dar a conhecer mais atletas e a sua realidade.

Como a fonte é inesgotável bem perto de mim, trago-vos mais um elemento da minha equipa, a ARCD Venda da Luísa.

No entanto, não é esse o fator determinante para vos trazer aqui a história do Rui Monteiro. Existem outros, na verdade. Desde logo, porque o Rui transpira sociabilidade. É talvez o elemento mais extrovertido, comunicativo e divertido da equipa, não desfazendo de ninguém. Procura sempre gerar bom ambiente, brincadeira e é um facilitador de integrações.

Na prática, conheci-o pessoalmente por intermédio do Zé Carlos, mas não deixa de ser curioso que foi ele a primeira pessoa a "indicar-me" boleia para a minha primeira prova como laranjinha.

No entanto, o Rui não se resume apenas a boa disposição. Vejo nele um grande poder de integração e um elemento congregador, características sempre muito importantes no seio de uma equipa com tantos elementos.

Apesar de, na minha opinião, nem sempre transparecer isso, este rapaz tem um potencial enorme. A meu ver, precisa de o aplicar, mas a paixão que revela por este desporto e por um bom convívio já são meio caminho andado.

Mais do que ser eu a descrevê-lo, devem ser vocês a ter uma noção vossa da boa pessoa que é.

Fiquem, pois, com o Rui Monteiro.

 

  • Nome

Rui Monteiro

Ultra trail dos Abutres 2020 55km.png

  • Idade

29 anos

  • Equipa

ARCD Venda da Luísa

  • Praticante de atletismo desde

Não sei precisar, mas para aí desde 2015

  • Modalidade de atletismo preferida

Corrida a pé no monte (o chamado trail) 

100 km Abrantes 2019 - Aqui cerca de 65 km, antes

  • Prefere curtas ou longas distâncias

Gosto de tudo, mas prefiro longas/ultras.

  • Na atual equipa desde

Desde 2016.

  • Volume de treinos por semana

Treino 6/7 dias por semana, depende daquilo para que me estou a preparar.

Trail encosta do Mondego 2019 25km - Cansado no fi

  • Importância dos treinos

Os treinos são a base de tudo, sem eles não há nada, pelo menos em distâncias longas/ultras/endurance.

  • Se tem ou não treinador

Não tem treinador.

  • Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual

Para além de muito mais gente, acho que há coisas boas e menos boas. As boas são que há mais gente, existe espírito de entreajuda entre praticamente todos, os eventos tornam se melhores e com maior importância, muita gente quer superar-se a si própria e isso pode levar a coisas menos boas, já que "saltam" etapas sobretudo de distâncias. Ou seja, a meu ver, tem de se ir progredindo, um passo de cada vez, correndo o risco de, para além de não gostar, ainda acartar lesões que podem colocar em causa a continuação da atividade física.

Sico 2020 57km - Primeira ultra da Jéssica, na qu

  • Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Existem algumas, mas uma que me marcou foi logo na primeira prova que fiz, no Trail de S. Martinho na Ega em 2016, em que numa descida bastante acentuada passou um atleta por mim e caiu uns metros minha frente de forma muito violenta que lhe abriu a cabeça, quando cheguei ao pé dele estava a revirar os olhos, foi algo que me marcou muito. Outra foi nos 65km da Serra da Freita em 2019, ia com um grupo de amigos, chegamos a uma aldeia, estávamos todos a falar numa "uma cerveja agora é que era" a primeira pessoa que vimos a sair de uma casa, onde eu pergunto se havia um café aberto, na qual o senhor responde "sou dono de um, e vou abri-lo agora, é ja ali em cima" chegamos na hora H hehehe. 

  • Aventura marcante

Sem dúvida, os 100 km de Abrantes. Primeira ultra de 3 dígitos, até agora foi a que mais me marcou sem dúvida. 

Oh Meu Deus 2017 40km - Primeira prova longa, não

  • Participação em prova mais longa

 100 km de Abrantes. 

  • Objetivos pessoais futuros

Existem alguns, desde um que foi cancelado (o objetivo seria fazer os 146 km da Ultra Maratona Caminhos do Tejo), a outros que ainda estão no segredo dos Deuses (sorrisos).

  • Como vê o atletismo daqui a 5 anos

Acho que muitos recordes vão ser batidos, algumas coisas vão mudar para melhor, alguns eventos vão acabar, ficando apenas os "bons".

  • Como se vê no atletismo daqui a 5 anos

Vejo-me melhor do que estou hoje fisicamente (assim espero).

Mondego Ultra Trail 2019 22km - Prova onde fui de

 

Deixo-vos este extra - a descrição das fotos na "voz" do próprio:

Foto 1- Ultra trail dos Abutres 2020 55 km 

Foto 2-  100km Abrantes 2019 - Aqui cerca de 65 km, antes de levar com a marreta 

Foto 3-  Trail encosta do Mondego 2019 25 km - Cansado no final da prova, pois no dia antes tinha estado no Marão a ajudar o amigo Fantástico a fazer o everesting 

Foto 4- Sico 2020 57 km - Primeira ultra da Jéssica, que tive muito orgulho de acompanhar de inicio ao fim, fica na memória

Foto 5- Oh Meu Deus 2017 40 km - Primeira prova longa, não foi ultra, mas era dura

Foto 6- Mondego Ultra Trail 2019 22 km - Prova onde fui de vassoura

04
Fev20

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

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Foto: o João no final da primeira prova (Mini da Ponte 2006)

Em mais um "episódio" de entrevistas a atletas que, de alguma forma, me marcaram neste percurso, trago-vos o João Lima, que, desde logo, podem conhecer melhor e de forma mais continuada aqui: http://joaolimanet.blogspot.com .

Conheci o João por mero acaso. Primeiro, encontrei o seu blogue quando ainda estava a dar os primeiros passos neste canto do Sapo. Fiquei surpreendido pelo trabalho exaustivo, chegando ao ponto de apresentar uma calendarização de provas a nível nacional. Só uma pessoa com um nível elevado de paixão consegue e se predispõe a fazer tal coisa.

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Foto: a comandar um grupo de atletas em Constância 2011 no percurso que mais aprecia para provas de 10 km

Depois disso, uma vez mais acidentalmente, encontrámo-nos pessoalmente na maratona de Aveiro. Numa daquelas idas nervosas ao Wc antes da prova, sinto um toque nas costas e lá tivemos o primeiro momento de troca de ideias. Como já sabia do blogue, o João é uma boa pessoa de verdade.

Assim é de facto, que não se coibiu de me incentivar quando nos cruzamos em plena cruzada de 42 km.

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Foto: no final da primeira Maratona com o extenso e incansável grupo que o apoiou durante a prova!

Meses mais tarde, na meia maratona de Leiria (outubro), outra vez de forma acidental, acabámos por conversar muito mais tempo, por trocar medos e expetativas para a maratona do Porto (em novembro) e ainda tive o privilégio de aquecer com o João. 

No dia da maratona, já com este pedido de entrevista feito, sem contar com isso, lá dei de caras com o João. Mais um motivo para umas belas fotos de recordação e para tentar, sem sucesso, que deixasse o nervoso miudinho que o "assombrava".

E, no fundo, antes de passar a palavra ao João, diria que o que mais aprecio na sua personalidade é a enorme paixão pela corrida, a sua bondade e generosidade na hora da partilha e de transmitir conhecimentos aos mais novos e, como se não bastasse, o respeito (e nervos) que tem perante cada prova. E estamos a falar de um "veterano" nas maratonas.

Fiquem, pois, com o João Lima:

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Foto: a sua fotografia preferida! Sevilha 2014 (ler “aventura marcante”). Só ele sabe o que estava a passar de felicidade nesse momento

  • Nome 

João Lima 

  • Idade

59, a menos de 4 meses de mudar para o escalão M60 e natural de Tomar 

  • Equipa 

4 ao km, uma equipa de amigos 

  • Praticante de atletismo desde

Em Junho de 2005 comecei a dar umas corridinhas no Passeio Marítimo de Oeiras. A primeira vez, fiz 1800 metros e julguei que o coração e pulmões saltavam boca fora. No dia que cheguei aos 3 km foi uma alegria. Depois andei muito tempo com 4,6 km (era na altura ida e volta no referido passeio onde corria de 3 em 3 dias). No final do ano, vi numa publicação da Câmara de Oeiras uma notícia sobre a Corrida do Tejo. Pensei que seria giro participar mas tinha uma muito longa distância de 10 km! Idealizei que se todos os meses fosse subindo uns 500 a mil metros, conseguiria chegar lá. Mas no início de 2006 um colega mostrou-me um folheto para a Mini da Ponte com 7 km. Entusiasmei-me com a hipótese de passar a ponte a correr e inscrevi-me. Quando disse que ia à Ponte, um outro colega perguntou-me se ia à Meia ou Mini. Respondi, convicto, “Mini! Meia não faço nem nunca farei!” Efetivamente, na altura os 10 pareciam-me o máximo dos máximos e já seriam uma coisa brutal. Na feira da prova, recebi um folheto para a Corrida da APAV a disputar passadas 2 semanas. Inscrevi-me e quando dei por mim, estava bem dentro das corridas, tendo neste momento participado em 463, das quais 13 Maratonas e 65 Meia-maratonas (estreei-me na Meia da Ponte, exatamente um ano após julgar que nunca faria uma distância dessas…). 

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Foto: com a nossa bandeira a cortar a meta na Maratona que sempre sonhou um dia realizar, Paris 2015

Além da corrida, mantenho uma base de dados de resultados de provas portuguesas, bem como o (extenso) calendário anual. Esse trabalho é algo que faço há 10 anos e nasceu da necessidade de preservar os resultados, verdadeiro património das nossas corridas, pois de ano para ano a esmagadora maioria das classificações perdia-se. Assim, guardando-as no meu servidor, ficam disponíveis 24 horas por dia, 365 dias ao ano ao sabor dum simples clique. Neste momento estou quase nas 10 mil classificações, algumas bem antigas como a da primeira Maratona realizada em Portugal, a única ainda em monarquia (2 de Maio de 1910). 

  • Modalidade de atletismo preferida

Corrida em estrada 

  • Prefere curtas ou longas distâncias

De 10 km para cima, com especial gosto em Meia-Maratona e uma paixão arrebatadora na Maratona 

  • Na atual equipa desde

A sua criação, agosto de 2011. Fui um dos 4 fundadores e sou o seu responsável. Por sermos 4, ficou o nome de 4 ao Km, que não tem a ver com velocidade mas que gera algumas situações caricatas em provas, com pessoal que ainda não conhece a equipa dizendo “isso não é a 4 ao Km” ao que costumo responder por piada coisas como “é sim, é a 4.90 ao km (se vou por exemplo a 5.30)” ou “é mais IVA”. Aliás, na única edição da Corrida Nauticampo no Parque das Nações (2012), passei por 3 raparigas que, ao terem dito que não ia a 4 ao km e eu tendo respondido que era com IVA, uma disse “Não, não! Aqui não há IVA!”. Ora estávamos em pleno período da troika, fiquei muito sério e respondi “Estão a dizer para fugir aos impostos?!? Olhem que é por causa disso que o país está como está!”. Bom… elas ficaram espantadas a olhar para mim como quem pensa que eu estaria mesmo a falar a sério. Aí ri--me, desejei-lhes boa prova e prossegui. 

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Foto: com os bons amigos Sandra, Nuno e João Branco, Corrida do Tejo 2015. A corrida deu-lhe grandes amigos

  • Volume de treinos por semana

Treino 5 vezes por semana. Em relação à quilometragem, vai variando conforme as semanas, mas no final de cada mês dá normalmente entre 210 a 220 km, mais em período de preparação para Maratona, sendo a maior quilometragem já registada de 276 km neste Agosto. Irei terminar o corrente ano na casa dos 2500 km. 

  • Importância dos treinos

Fundamental!!! A forma é a coisa mais ingrata que existe. Batalha-se, batalha-se e basta um pequeno tempo sem treinar e ela eclipsa-se. Há quem possa estar uns dias sem correr que não nota nada de especial, no meu caso é muito penalizador para a forma. Tudo o que se consegue numa corrida, tem por trás o que se foi fazendo nos treinos e a inteligência como se treinou. 

  • Se tem ou não treinador

Nunca tive. Fui aprendendo com o que via, lia e ouvia de outros atletas e treinadores. Ao fim de um certo tempo, aprendi a ler o meu corpo e suas sensações e, baseado nisso, crio os meus próprios planos de treino. Não me tenho dado mal, antes pelo contrário. Se poderia ser melhor com treinador? Hum…provavelmente sim. Mas assim, quando alcanço um objectivo, venço por duas vezes, como atleta e como auto-treinador… 

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Foto: Sevilha 2017 e a felicidade por bater o seu recorde em Maratona (que se mantém)

  • Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual

Em comparação quando comecei a participar em corridas (2006), assiste-se a um positivo crescimento de tecnologia que vem ajudar em vários aspetos, como maior rigor nas tomadas de tempo, com generalização de chips que há 13 anos não estavam assim tão espalhados como hoje, maior divulgação aproveitando a Internet e diversas plataformas digitais e uma expansão e maior profissionalização de diversas entidades organizadoras. Durante este período deu-se também uma revolução com a criação do conceito trail, na altura apenas existiam corridas de montanha com certas diferenças para este tipo de provas, algo que tem aumentado a oferta de forma impressionante. Outra grande diferença é que os portugueses perderam o medo à distância e temos cada vez mais maratonistas. Mas a que considero a maior e mais saudável diferença, tem a ver com a participação feminina. Quando me iniciei, a percentagem de atletas femininas situava-se entre os 3 e os 6%, enquanto actualmente na maioria das provas anda pelos 20%, ainda longe das médias de alguns países mas a aumentar.  

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Foto: a cortar a meta em Valência 2018, uma Maratona impressionante e cujo entusiasmante final é de colocar qualquer um louco de alegria, como se constata!

  • Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Algumas. Desde uma senhora de idade a insultar os atletas gritando que as corridas eram uma merda, ao que gritei “desporto é saúde” e a senhora querer vir atrás de mim para me bater com a sua bengala, a estar a treinar numas férias que por acaso eram um dia de greve e um carro aproximou-se abrindo o vidro (o que sucede algumas vezes para pedir alguma indicação de rua) mas quando me aproximei, o senhor (que provavelmente estava danado por vir de alguma repartição fechada) gritou em fúria “grevista de merda!” e arrancou (esquecendo-se que além de poder efetivamente estar em greve, poderia estar de férias, desempregado, trabalhar por turnos ou horário diferenciado, etc), a engasgar-me numa corrida por engolir uma mosca ou então por falha da organização, fazer 23 km numa Meia, ao que a minha mulher apelidou “duma meia até aos joelhos”! 

  • Aventura marcante 

Sevilha 2014! Tenho muitas provas que foram especiais mas nada como esta. Tenho 13 Maratonas concluídas mas parti em 14. Na que teria sido a minha 2ª, a Cascais-Lisboa 2013, fui forçado a desistir aos 15,5 por um problema físico completamente impeditivo de continuar, o que foi uma experiência muito dura. Seguiu-se Sevilha 2014 mas 5 semanas antes apanhei uma infeção pulmonar que me obrigou a parar. E se em Maratona é necessária muita resistência, não esquecer que ela vem dos pulmões. Recomecei a treinar mas fraco. Duas semanas antes tentei 24 km mas andei mais do que consegui correr. Basicamente, não tinha força mas não estava preparado para ter um novo DNF. A semana anterior foi terrível com a inevitável sombra da desistência. Mas ia tentar. Mais valia desistir por ser impossível continuar do que nem sequer tentar. Ficou na memória de todos como estava no pequeno almoço no dia da prova, isto para já nem falar do que a minha mulher teve de aturar nessa noite. Sentia-me impotente para evitar o que seria para mim outra dura derrota. Mas…na altura de ir deixar o fato de treino no carro, e ao sentir o ar frio, algo mudou em mim. Mudei do estado de derrotado para um outro que nem sei definir. Conclusão, fiz a que considero a corrida da minha vida e ao mesmo tempo a mais feliz, divertida e emocional. Costumo dizer por brincadeira que devo ter sido tocado por alguma fada das corridas por mais pareceu magia. Mas a magia veio toda do meu desejo de completar o desafio. E nesse dia, com 2 Maratonas no currículo, sinto que ganhei carreira de maratonista pois se tivesse desistido pela 2.ª vez em 3 tentativas, não sei se teria continuado a tentar a distância, eu que era para ter feito apenas uma. E o que teria perdido!     

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Foto: com os grandes amigos Isa e Vitor na Corrida do Bodo 2019, a brincar antes da prova com a placa que faz alusão ao nome da nossa equipa

  • Participação em prova mais longa

Por 13 vezes em Maratona. Lisboa 2012, Sevilha e Porto 2014, Paris e Cascais-Lisboa 2015, Barcelona e Porto 2016, Sevilha e Porto 2017, Valência 2018, Sevilha, Aveiro e Porto 2019   

  • Objetivos pessoais futuros

Continuar sempre a correr com o mesmo prazer que tenho desde o início. Em termos de provas, os grandes objectivos são em Maratona, tendo planeado em 2020 Madrid e Málaga, 2021 Aveiro e Loch Ness e tentar o sorteio para Berlim 2022. Isto para já. Em termos meramente utópicos, gostava de fazer uma Maratona aos 100!! 

  • Como vê o atletismo daqui a 5 anos

Basicamente semelhante, mas gostava que houvesse um maior controlo para evitar os batoteiros. De realçar a recente medida da RunPorto ao desclassificar e publicar a lista dos “corta-caminhos” e das “mulheres com barba” na Maratona do Porto, avisando que no futuro irá começar a impedir a participação de atletas que sejam apanhados nas mesmas condições. Espero que seja um primeiro passo a ser seguido por mais organizações   

  • Como se vê no atletismo daqui a 5 anos 

A mudar para o escalão M65, forçosamente (ainda) mais lento, mas sempre com o mesmo prazer de corrida. Assim haja saúde!  

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Foto: Porto 2019, uma Maratona tão sofrida mas com uma enorme felicidade na meta por ter resistido

11
Jan20

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

1.º trail – Trail Santa Catarina 2014 – Vila

Foto: 1.º Trail - Trail Santa Catarina - 2014 - Vila Nova de Famalicão

Hoje trago-vos uma pessoa em quem vejo uma verdadeira alma guerreira.

A nível pessoal, penso que nem ela imagina o quanto contribuiu a dada altura para a minha felicidade privada, apoiando um projeto que ainda não tinha pernas e que só as viria a ter meses mais tarde.

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Foto: V Trail Viver Pereira - 2016

De certa forma, gosto de pensar que é justo valorizar o seu talento aqui. Em termos desportivos, é uma autêntica guerreira. Impressiona-me pelos desafios a que se presta em trails e julgo que o facto de ter uma paixão tão grande pela corrida idêntica à minha (ela no trail, eu na estrada) me leva a admirar o seu trabalho e a sua sede de novos desafios. Como poderão aferir mais abaixo, é uma adepta inveterada de desporto, o que, desde logo, merece todo o tipo de elogios.

Penso que as respostas dela vos darão uma ideia bem precisa da valia humana e desportiva de uma pessoa como a Elza.

VI Trail de Conimbriga Terras de Sicó -2017.jpg

Foto: VI Trail de Conímbriga Terras de Sicó - 2017

É, pois, chegado o tempo de conhecerem a Elza

  • Nome

Elza Cordeiro

  • Idade

46

  • Equipa

ARCD Venda da Luísa

  • Praticante de atletismo desde

2012. Fui parar ao atletismo um pouco por acaso. Sempre fiz desporto, na minha adolescência o desporto que fazia era andar de bicicleta. Mais tarde e durante algum tempo fiz aeróbica e step, até que descobri a hidroginástica e fiquei rendida. Até ser mãe, e mesmo grávida, fazia hidroginástica 3 vezes por semana. Com a maternidade, as rotinas alteraram-se completamente e os horários deixaram de ser compatíveis com os horários da hidroginástica, foi nesta altura que descobri a corrida. A corrida tinha vantagens, pois podia ir a qualquer hora, ou seja, não havia um horário de treino a cumprir.

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Foto: FK Trail - 2017

  • Modalidade de atletismo preferida

Corrida em montanha, vulgarmente conhecida por Trail Running. Foi através de uma prima, que também é praticante de trail running, que tive contacto com a corrida em montanha. Claro está que fiquei apaixonada. Correr na montanha não tem qualquer semelhança com as corridas de estrada. Na montanha há muitos obstáculos que temos de ultrapassar, não é “correr a direito” como em estrada. Há trilhos muito técnicos, alguns até bastante perigosos, mas com paisagens de sonho, que de outra maneira seria difícil conhecer. Há também muito mais companheirismo e entreajuda entre os atletas. Durante uma prova corremos, mas também conversamos, e muito. Corre-se muito com as pernas, mas também com a cabeça. Claro que também há competição, mas a competição por norma não é o mais importante. Não esquecer que há que ter muito respeito pela montanha. É ela quem manda.

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Foto: Coimbra Trail - 2018

  • Prefere curtas ou longas distâncias

Prefiro as longas distâncias. Fiz a minha primeira prova em setembro de 2014, foram 10 km. Confesso que nos dias anteriores a esta primeira prova andei um pouco ansiosa. À época, 10 km para mim eram uma enormidade. Completei a prova com sucesso, e gostei tanto que em fevereiro de 2015 já estava a fazer a minha primeira prova acima dos 20 km, o Trail de Conimbriga Terras de Sicó. Andei pela distância de 20/30 km até 2017, onde em janeiro me aventurei a fazer os 33 km do famoso Trail dos Abutres. Até setembro de 2018 mantive-me nas provas cuja distância rondava os 25/35 km. Em setembro de 2018 ultrapassei a barreira dos 35 km e fiz a minha primeira ultra, foram 43 km no Coimbra Trail. Fiquei rendida à distância acima dos 40 km. Nestas distâncias são precisas pernas, treino, mas também é preciso muita resiliência, muita capacidade para ultrapassar as dificuldades e adversidades que vamos encontrando ao longo do percurso. É preciso muita cabeça. Entretanto na época que terminou, 2018/2019 fui finisher no Circuito de Ultra Trail da ATRP, que para quem não sabe é um circuito de provas, 4 provas, cuja distância de cada uma delas é maior que a distância da maratona. Este circuito da ATRP é um campeonato realizado a nível nacional.

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Foto: Mondego UltraTrail - 2018

  • Na atual equipa desde

Época 2017/2018

  • Volume de treinos por semana

3 corrida e 2 reforço em ginásio

  • Importância dos treinos

Os treinos são cruciais para atingir os objetivos, ou seja, para conseguirmos completar o percurso a que nos propomos fazer com sucesso e para evitar lesões;

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Foto: Estrela Grande Trail - 2018

  • Se tem ou não treinador

Para os treinos de corrida não tenho treinador, vou correndo umas vezes sozinha, outras em grupo. Na parte do reforço muscular, tenho apoio de um treinador que vai orientando os treinos tendo em conta o meu propósito que é o de conseguir fazer distâncias acima dos 42 km em boa preparação física. Nestes treino de reforço treino a força e a resistência.

  • Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual

Como o atletismo entrou um pouco “tarde” na minha vida, não consigo identificar diferenças entre o atletismo passado e o actual.

  • Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Além de às vezes irmos treinar para o monte e de já ter acontecido termo-nos perdido, ao longo destes 7 anos, não tenho nenhuma história engraçada para contar.

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Foto: Piódão Trail Running - 2019

  • Aventura marcante

VII PIODÃO TRAIL RUNNING: foi sem dúvida a minha maior aventura. Foi a minha primeira prova acima dos 43 km. Foram 50 km debaixo de condições atmosféricas extremas: com trovoada, chuva intensa, granizo, nevoeiro e um forte nevão (foi o maior nevão do ano na aldeia de Piódão) que rapidamente apagava as marcas deixadas pelo atleta que ia cerca de 50 m à nossa frente e as condições meteorológicas eram de tal maneira adversas que não conseguíamos distinguir se era homem ou mulher. Foi uma prova feita em equipa e foi o ter sido feita em equipa que contribuiu para termos conseguido, tendo em conta aquelas condições, ser finishers. As condições eram tão más que a organização não permitiu que ninguém iniciasse a prova sem calças térmicas ou impermeáveis, bem como sem impermeável.

  • Participação em prova mais longa

VII PIODÃO TRAIL RUNNING, 50 km com 3000D+ (nota: desnível positivo)

 

  • Objetivos pessoais futuros

Em 2020 gostava de fazer os 57 km do TRAIL DE CONÍMBRIGA TERRAS DE SICÓ, e em 2021 os 67 km do Ultra Trail Serra da Freita.

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Foto: Trail Abrantes 100 - 2019

  • Como vê o atletismo daqui a 5 anos

Há cada vez mais pessoas a aderir ao atletismo, penso que é uma atividade que terá tendência para crescer. Em termos de trail, neste momento, há inúmeras provas todos os fins de semana, mas pela seleção natural apenas irão sobreviver aquelas a que vale mesmo a pena ir, quer pela beleza dos trilhos, quer pela organização.

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Foto: Trail dos Abutres - 2018

  • Como se vê no atletismo daqui a 5 anos

Daqui a 5 anos continuo a ver-me como praticante de trail running, já estarei num novo escalão, no escalão F50. Quando mudasse de escalão, gostava de fazer uma prova de trail de 3 dígitos, o chamado Trail Endurance. Acho que é um grande teste à nossa capacidade de resistência e resiliência. Em provas longas eu costumo dizer que 20% é pernas e 80% é cabeça, e no Endurance Trail esta relação é ainda mais evidente.

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Foto: Trail do Zêzere - 2016

  • Porque existem tão poucas mulheres a fazer atletismo e porque há tão poucas em provas de grandes distâncias? 

Acho que cada vez há mais mulheres no atletismo, é uma atividade desportiva que está em crescimento. Nas provas de grandes distâncias, há também cada vez mais atletas femininas, neste caso, os escalões com mais atletas são os acima de 40 anos. Como já referi, as provas de longas distâncias colocam à prova a nossa capacidade de resiliência, a nossa capacidade de lidar com as adversidades, e aos 40 anos, já passámos por algumas adversidades próprias da vida que nos dão capacidade de as ultrapassar e de as conseguir ultrapassar com sucesso, ou seja, sem desistir. Aquilo que é verdade para a nossa vida também se aplica numa prova de longa distância, onde muitas vezes fazemos quilómetros completamente sozinhas, em que só contamos connosco, em que temos de ir em modo de autossuficiência e em que desistir não faz parte do nosso vocabulário.

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Foto: Trail Ultra Douro e Paiva - 2018

  • Existem diferenças de tratamento em relação aos homens?

Penso que não. Se há, ainda não dei por elas. As provas são as mesmas, únicas, tanto para homens como para mulheres, ou seja, com a mesma distância e com o mesmo grau de dificuldade.

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Foto: Mondego Ultra Trail - 2016

11
Dez19

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

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Foto: Castellum Trail em Alcabideque

É difícil saber por onde começar neste caso.

Hoje trago-vos um grande amigo, daqueles que nem as peripécias da vida levam e, por isso, não quero entrar em sentimentalismos, até porque virá aí amanhã mais um texto sobre este caríssimo.

Já o conheço há muitos anos, quase desde os primórdios, mas foi a corrida, mais concretamente os trails, que nos fez reencontrar.

Em jeito de balanço para as linhas que se seguirão abaixo, digo-vos que o Filipe Coelho, membro fundador da equipa Gatinhos Assanhados (que grande nome - uma equipa de gatos fundada por um coelho!!!), se tornou ultramaratonista em 2019. Uma brincadeira da vida que o pôs a treinar para uma prova daquela envergadura, mas que me deixou muito orgulhoso enquanto seu amigo.

Vamos, pois, conhecer o Filipe na primeira pessoa:

  • Nome

 Filipe Coelho

  • Idade

 30

  • Equipa

 Gatinhos Assanhados Trail Running

  • Praticante de atletismo desde

 2014

  • Modalidade de atletismo preferida

 Trail

  • Prefere curtas ou longas distâncias

 Distâncias Curtas até 25 km até porque tenho pouca experiência em distâncias maiores

  • Na atual equipa desde

2015

  • Volume de treinos por semana

2 Treinos

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Foto: Trail Ares do pinhal em Mação

  • Importância dos treinos

Os treinos são importantes sobretudo para quem procura evoluir, mas ainda mais importantes para evitar lesões.

São uma oportunidade para experimentar e testar o corpo e antecipar a adversidades que poderão surgir em prova.

  • Se tem ou não treinador

Sem treinador

  • Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual

Penso que as principais diferenças estão nas distâncias percorridas, se antigamente apenas uma minoria seria capaz de fazer por exemplo uma meia maratona, hoje em dia parece algo super acessível a quem se prepare minimamente.

Uma grande diferença está também na participação de atletas femininas em provas, cada vez são mais as praticantes de um desporto que antigamente era apenas masculino.

  • Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Lembro-me de uma bastante engraçada no trail de Cernache, ía jurar que tinha visto que a prova iniciava às 9h30 e, como sempre, chegámos em cima do acontecimento. Fomos diretos para a linha de partida para junto dos restantes atletas. Quando me apercebo que, além de haver imenso espaço junto à linha de partida, ninguém tinha dorsais…Conclusão estávamos na caminhada, pois a corrida ja tinha partido há coisa de meia hora! Chateado, já estava a vir embora, mas por insistência do meu colega de equipa arrancámos na mesma e fizemos o trail. Foi bastante engraçado pois o objectivo deixou de ser fazer a prova em X tempo e passou a ser ultrapassar X atletas. Acho que me vou atrasar mais vezes de propósito.

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Foto: Trail do Infante em Penela

  • Aventura marcante

Sem dúvida ter entrado este ano no Ultra Trail dos Abutres, até porque nunca tinha feito uma distância superior a 30 km. Inscrevi-me na brincadeira juntamente com alguns membros da minha equipa (nunca pensei que fosse selecionado) e não sabia sequer se iria conseguir terminar a prova dentro do tempo regulamentar. Felizmente correu tudo bem… o corpo respondeu bem para aquilo que foram os treinos, o que me permitiu acabar a prova que era o grande objectivo.

  • Participação em prova mais longa

Este ano no Ultra trail dos Abutres 44,5 km.

  • Objetivos pessoais futuros

Ser finalista da prova de 52 km do Ultra Trail terras de Sicó do ano que vem.

  • Como se vê no atletismo daqui a 5 anos

Gostaria daqui a 5 anos de estar a fazer mais provas de ultra trail...talvez duas ou três por ano, e sempre na melhor equipa de mundo! Gatinhos Assanhados Trail Running!

 

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Foto: Chegada à meta no Trail dos Abutres em 2019

 

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