E os dois não chocam num só corpo?!
João Silva
Numa das "sessões de estudo da corrida", tropecei num comentário do jovem Nico (também conhecido por Running Addict, já vos falei do canal de YouTube dele) sobre o facto de o treinador e o treinador colaborarem no mesmo corpo.
Como se sabe, não tenho treinador e procuro tratar de tudo pela minha cabeça com base no que vou descobrindo e aprendendo com quem sabe mais. Com o Nico, por exemplo.
Ainda assim, fiquei a pensar no que dizia o rapaz: basicamente, é muito difícil um atleta ser o seu próprio treinador, porque precisa de ser brutalmente honesto consigo e de traçar um caminho que não pode depender (muito) dá vontade do atleta. Atenção, nada disto apela ao desrespeito. Porém, se pensarmos, um treinador traça um caminho (de acordo com a vontade do atleta). O atleta, por seu turno, "tem" de o seguir, mas vai sofrer com a dureza.
Ora, na mesma pessoa, isso provoca um choque de intenções, porque o atleta vai ter de traçar o seu caminho e de ser frio na hora de se avaliar e de continuar a treinar.
Não havendo um ponto de vista externo, tudo se pode desmoronar numa convicção mais ilusória do atleta.
No meu caso, apesar de definir planos e de tentar sempre adotar novas técnicas, há momentos em que tenho de me desviar do que defini, sobretudo, por causa do desgaste físico. Procuro ser honesto em relação ao que falha, mas também sei que há alguns casos em que sou mais condescendente do que devia e outros em que exijo estupidamente de mais.
Em jeito de conclusão, apesar de reconhecer que um treinador pode trazer um lado muito benéfico a uma evolução de um atleta, não me vejo a mudar a minha abordagem à corrida. Por agora, ainda não me vou demitir de ser o meu treinador.
Quem se treina a si próprio também sente isso?