Se o problema vem no futuro, por que não trazê-lo para o presente?
João Silva
A pergunta é retórica. Não é preciso dar resposta.
Além da possibilidade de traçar estratégias para lidar melhor com os diferentes problemas que surgirão e com a respetiva ansiedade, não vejo grande proveito em antecipar as coisas.
Tal como já escrevi ao longo dos últimos meses, a minha natureza e a minha personalidade "obrigam-me" a ter constantemente a cabeça no futuro. Se a isto juntarmos a necessidade quase visceral de comparar e riscar o passado, percebemos que este vosso estimado passa pouco tempo no presente, com tudo o que isso tem de mau em termos de valorização do momento.
No último ano, dei por mim, não só em termos desportivos, a trazer para o momento atual aquilo que só vai acontecer daí a umas semanas ou meses.
Desde logo, do ponto de vista de treino, isso ajuda a chegar preparado ao grande objetivo. Por outro lado, há o risco, real, de fazer resvalar a forma e de chegar mesmo a perdê-la.
Ao nível mais privado, as consequências ganham uma nova dimensão, pois fazem-me lidar com um problema que ainda nem aconteceu, o que me deixa em constante sofrimento e, naturalmente, afeta aqueles que me rodeiam e que mais se preocupam comigo.
Como costumo dizer, não são os outros, sou eu, uma versão adaptada do famoso "não és tu, sou eu", tantas vezes usado noutro contexto.
Dentro de uns meses, terei nos braços um grande amor da minha vida, talvez um sem comparação, e que me será dado pela pessoa que mais amo. Até lá, sei que vou continuar ansioso, mas, acima de tudo, a procurar antecipar tudo. O "engraçado" nisto é que não dá para antecipar esse facto. Tem de ser vivido um dia de cada vez.
E vocês também se conseguem identificar com esta minha características?