Quando definir objetivos pode ser um problema
João Silva
Talvez por muita gente se levar demasiado a sério, definir objetivos (no caso, de corrida) pode constituir um problema.
Por uma questão de lidar bem com a pressão, no início, procurava olhar com "humildade" (também lhe chamo medo) para as provas. No primeiro ano (e mesmo no segundo), não queria ir para fora de pé. Andava sempre com o típico "é fazer melhor do que na anterior". Nada mais óbvio, diria. É um mecanismo como todos os outros. Era também uma forma de não estragar o que estava a fazer em termos de redução de peso com competitividades inócuas.
À medida que as coisas foram avançando na direção certa, comecei a sentir mais segurança na hora de olhar para as minhas metas.
Ainda assim, só neste terceiro ano consegui finalmente perceber que traçar objetivos, falar sobre eles e expô-los não pode ser um problema. Desde logo, porque é algo bom, é uma forma de materializarmos e concretizarmos o nosso trabalho.
Tal como se diz sempre, têm de ser palpáveis e atingíveis. Óbvio, senão o efeito pretendido perde-se.
Aí entra a capacidade de analisar a realidade com os óculos certos. É importante ter uma noção exata do trabalho feito. Se corri durante algum tempo em treinos com a relação 12 km/hora, não posso traçar um objetivo de fazer esses mesmos 12 km em 30 minutos. Porém, posso perspetivar que consigo chegar aos 50 ou aos 55 minutos.
Quando comecei a perceber que essa manifestação em voz alta dos objetivos me poderia ajudar, não parei.
Acho que foi uma mudança fantástica e totalmente necessária para tentar chegar mais longe. Até mesmo pelo seguinte: assumir um objetivo ambicioso é uma força extra, desencadeia um positivismo que nos vai ajudar a chegar lá.
Na meia maratona de Coimbra, corri o tempo todo a pensar: vou azer abaixo de 1h30.
Custou, foi um autêntico contrarrelógio, mas só essa "obstinação" justifica a minha conquista.
De outra forma não teria conseguido.
E é por isso que já não acredito que definir objetivos possa constituir um problema.
Pelo contrário, ajuda a chegar onde queremos.
E desse lado, pensam da mesma maneira?