Primeiro cuida-se, depois educa-se!
João Silva
Quando se tem um filho, passamos o tempo todo a levar com o sermão do "tens de o educar" ou "se lhe dás muito colo, depois manipula-te".
Dei e dou todo o colo que posso. Mesmo nas noites em que quase caí com ele de tão cansado ou naquelas em que duvidei dessa necessidade de colo. Mesmo quando foi difícil e senti que estava a ceder a esse pensamento manhoso da sociedade.
Quando se é pai ou mãe, a perspetiva muda. E, entre outras coisas, houve uma grande lição que aprendi: primeiro cuida-se.
Falar em educação num bebé de meses é absurdo. Na verdade, diria que no primeiro ano de vida isso não tem qualquer cabimento.
Um bebé quer as suas necessidades satisfeitas e precisa de muito amor e carinho, porque, e isso está comprovado, esse é um enorme fator potenciador do bom desenvolvimento físico e neuronal.
E o colo faz parte desse cuidado, se bem que ainda hoje desconfio que ele está nos meus braços mas que sou eu quem está ao colo.
Durante muitos meses não serve de nada dizermos "não" ou "isso não". Eles não percebem o significado do não durante muito tempo, muito para lá do primeiro ano. É outro ponto comprovado em termos cognitivos.
Portanto, de tudo o que já aprendi em quase dois anos, diria que cuidamos primeiro e educamos depois, na fase em que surgem as primeiras traquinices e tentativas dos bebés.
Mesmo nessa altura, de nada serve dizer que não ou mesmo ralhar, embora todos o façamos (não me excluo de nada disto). Importa é redirecionar o comportamento deles.
Agora, com todo o desgaste e cansaço da missão, se me perguntarem se é fácil, terei de ser honesto: não e nem sempre conseguimos redirecionar.
Há a tese de que, no primeiro ano, importa manter o bebé vivo. Isso requer cuidado. A educação nada tem a ver com isso, nesta situação.