Perseguição canina
João Silva
A história é muito insólita mas também é muito fácil de contar: já falei tantas vezes do perigo que é deixar os cães soltos e do quanto eles se "passam" com corredores ou ciclistas.
Nada disso mudou e, em abono da verdade, até tem vindo a ser cada vez pior. Ao longo dos últimos meses encontrei mais cães soltos, muito deles grandes. E é desses que tenho muito medo, confesso, pois sei que não me conseguiria defender caso me atacassem.
No entanto, também há um lado enternecedor nisto: no passado dia 05 de março, quando seguia pela estrada que liga Ega a Campizes, do nada, olho para trás e vejo que estou a ser perseguido por duas cadelas, completamente encharcadas pela chuva que se fazia sentir. Já as conhecia de outras sessões de treino. Talvez por isso, acharam que eu era de confiança e seguiram-me, sempre a uma boa distância e sem me atacar, durante aprox. 4 km. Só quando deixei a zona industrial de Condeixa, perto da Venda da Luísa, é que decidiram regressar "a casa".
Tentei afastá-las várias vezes, sempre de forma assertiva, mas isso só fazia com que continuassem atrás de mim. Não se tratou de uma perseguição, mas de uma companhia. Para mim e para elas.
Na altura, foi confrangedor por causa de todo o tráfego na zona. A esta distância, olho com carinho para o episódio.
Se me seguiram assim foi porque sentiram que era "boa pessoa". Caso contrário, ter-me-iam atacado à primeira oportunidade.