Onde para o descanso quando é mais requisitado?
João Silva
Descanso é treino. É uma forma de recuperar do esforço e de permitir que o corpo assimile os tratos dados na sessão de treino ou em competição.
Que um pai recente é uma pessoa cansada, disso não há dúvidas. Nem sequer me estou a lamentar. Não fui o primeiro e não hei de ser o último a passar por isso. Portanto, faz parte do processo.
Aqui o foco do cansaço vai depois para a (in)capacidade para o meu corpo dar uma resposta funcional. Nos últimos meses, regra geral, os treinos parecem sessões de tortura, não pela falta de vontade, porque isso não entra neste dicionário, mas pela falta de frescura física para responder à altura do que quero.
A capacidade mental diminuiu muito desde o dia 30 de abril. Na verdade, embora estivesse longe de saber qual a dimensão da pancada, estava certo de que a levaria. Só não sabia que iria passara alguns treinos como zombie. A sensação que tenho, e sei que é apenas fruto do desaste do momento, é que o descanso não existe. E sem ele fica mais difícil fazer alguma coisa de jeito em termos físicos.
Estou naquela fase de tentar encaixar o trabalho com a paternidade e com os treinos. Nada de novo, nada de especial, nada digno de palavras de ânimo. Apenas a constatação de um facto e sei que sou um "afortunado" por poder trabalhar a partir de casa . Ainda assim, tal significa que são muitas as vezes em que acordo às 4 ou 5 da manhã, no fundo, aproveitando o embalo dos despertares do senhor Mateus, e vou treinar...Quer dizer, vou mexer o corpo e tentar fazer algo pela minha saúde, o que acaba por ser um contrassenso, tendo em conta que isso deveria implicar descanso. Só que eu roço a estupidez e a mediocridade a esse nível e aí fica mais díficil.
Sou um pouco a personificação daquele ditado: "os cães ladram e a caravana passa". Conclusão: cansaço e saturação nos píncaros, descanso nas lonas, sanidade mental e física inexistentes.