O glamour da escuridão
João Silva
Para muitos, a vida/o desporto só existe em companhia e na presença de outros, mesmo que desconhecidos.
Porém, há um lado que não se vê em que se treina todos os dias e de forma regular. Sejam amadores ou profissionais.
Há muitos dias de solidão para essas pessoas, atrevo-me a dizer. Também por ser o que se passa comigo. Mas, a meu ver, isso não é mais. É a vida.
Treino todos os dias. Vou diversificando as modalidades. Faço muito reforço muscular em casa. Não vou a ginásios. Por opção, preferência e questões financeiras.
Acham que treino num "ginásio caseiro"? Cheguei a ter um espaço no escritório ou na sala, mas depois veio o Mateus e tive de me adaptar. Sobretudo quando comecei a treinar em casa após as 04h da manhã. A vida num apartamento também não oferece grandes opções de espaço. Se é assim, tudo bem. Cá me arranjo. E arranjei! Passei a treinar na cozinha. Levei para lá a bicicleta estática e tenho lá o meu tapete e alguns acessórios de musculação como pesos ou fitas de reforço muscular. E todos os dias ao início da noite estendo o meu tapete de ginásio.
Como estou em casa e quero ter conforto no meio do desconforto do exercício, ainda estendo duas mantas. Há que ter o mínimo de quentinho.
E todos os dias vou para o meu ginásio, onde nem sequer gasto luz. Sim, para evitar acordar o Mateus com o reflexo da luz acesa da cozinha, habituei-me a trabalhar apenas com a luz dos visoree do forno e do micro-ondas. E sabem que mais? Funciona. Apesar de míope e "vesgarolho", vejo bem.
O meu ginásio não tem glamour. Ou melhor, até tem, se olharmos para o "bright side of life".