Nunca deixar a máquina por abastecer e abastecê-la sempre no tempo certo
João Silva
Neste capítulo, importa referir, a priori, que nada tenho contra quem toma diferentes substâncias que ajudem na recuperação. Por princípio, não o faço e não considero sequer uma opção. Não só por tudo o que passei para perder peso, mas porque acredito piamente que é possível ir buscar os mais variados sais como selénio, silício, vitaminas, magnésio, potássio, etc., aos alimentos. Portanto, desde logo, faço uma grande pesquisa em termos de escolhas alimentares para poder ajudar o meu corpo na recuperação após treinos muito duros. Dado que adoto uma abordagem mais natural, obviamente, as dores após os treinos são mais persistentes. Contudo, nada a que uma pessoa não se habitue.
Os abastecimentos sólidos e líquidos são vitais para o desempenho durante um treino ou uma prova. Porém, nem sempre pensei assim. Foi preciso enfrentar 30 km em 2018 sem qualquer abastecimento para perceber que, sem “ajuda” alimentar, dificilmente conseguiria chegar ao fim da minha primeira maratona.
Sobretudo nos treinos ou nas provas longas, o corpo entra logo em perda, seja de energia, seja de sais. Posto isto, passei adotar um sistema que se mostrou muito útil: tomo o pequeno almoço habitual. De seguida, durante o treino, deixo que passem 45 minutos e é nesse momento que começo o primeiro abastecimento sólido e líquido. Comigo comecei por levar gelatinas e sumos de frutas (frutos vermelhos) da Decathlon em duas fitas que coloco à cintura. Além disso, para facilitar a absorção dos alimentos, transporto sempre uma garrafa de água (com pH superior a 6) de 33 cl. Portanto, antes e depois de cada ingestão de gelatina ou de sumo, bebo um gole de água.
Consoante a duração do treino, o segundo abastecimento é feito 45 minutos após o primeiro. A partir daqui, para evitar o aparecimento da dita parede, porque o organismo entra num processo de falência e a energia proveniente das reservas de glicogénio escasseia mais rapidamente, encurto o tempo para nova ingestão. De 45, passo para 30 e, mais perto do fim do treino, para 20 minutos.
Na minha primeira maratona, talvez pela “anestesia” e pela euforia que senti durante todo o percurso, foi possível manter os abastecimentos espaçados em 45 minutos e, mesmo assim, evitar a parede ou algum tipo de insuficiência muscular. No total, fiz quatro abastecimentos.
Por outro lado, nos treinos não existe “calor humano” e os meus percursos são habitualmente mais duros do que as provas, pelo que, por norma, tenho necessidade de fazer cinco a sete abastecimentos (na distância de 35 e 42 km respetivamente).
Já na preparação de 2019, no treino dos 42 km, cheguei à conclusão de que seria possível substituir as gelatinas e os sumos por alimentos ainda mais naturais, como tâmaras. Percebi que esta fruta, pelo seu elevado teor de frutose, é o “combustível ideal” para manter o corpo em bom rendimento e sem ter de recorrer a coisas artificiais que só vão perturbar o funcionamento do organismo. No caso deste treino de março de 2019, comecei com o pequeno-almoço no estômago, fiz o primeiro abastecimento de corrida ao fim de 45 minutos. O segundo passado exatamente o mesmo tempo. O terceiro e o quarto de 30 em 30 minutos, a partir do quinto, passei a abastecer sempre com um intervalo de 20 minutos entre cada ingestão. Cheguei à conclusão de que foi a chave para correr bem durante tanto tempo de treino.