Ir para lá da dor:
O profissional e o amador
João Silva
É um elemento que distingue bem estes dois tipos de atletas.
A paixão reside nos dois e ambos podem ir para lá da dor. E ambos o fazem. Provavelmente com motivações e consequências diferentes.
O profissional expõe-se à dor porque é "obrigado" por um contrato. Se a dor não trouxer um resultado efetivo em termos de classificação, não valeu a pena. Como dizem os alemães, "ich kann damit nichts fangen" (não me serve de nada)! O profissional atinge e supera a dor e tem forma de o fazer todos os dias, pois tem uma estrutura que lhe permite "expor" o corpo ao desgaste e, ainda assim, render.
O amador atinge a dor devido ao compromisso moral que tem consigo próprio para se testar e superar. Na verdade, a dor não lhe traz grandes resultados em termos competitivos, por, no fim de contas, é como se não tivesse um efeito prático. Mas tem: a subida na escada da qualidade. O amador sofre, expõe-se e ganha um sorriso na cara e a certeza de que no dia seguinte vai tentar atingir novamente a dor, vai render menos e não vai ter uma estrutura para o ajudar a recuperar. Tudo o que um amador ganha é a realização do seu sonho. E isso significa tudo para ele.
Naturalmente, esta "caricatura" é muito genérica e até pode pecar por injusta. É um risco. Corrido por um amador.