Foi tão curto mas soube tão bem
João Silva
No passado dia 27 de março, acompanhei a esposa a mais uma consulta de maternidade.
Perante o impedimento de entrar no Centro de Saúde devido ao Covid-19, acabei por ficar "à porta".
Ora, apesar da pandemia, decidi que ia aproveitar aquele tempo de espera para treinar um pouco ao ar livre.
Não sou mais do que os outros e estava de perfeita consciência comigo. Já não saía de casa desde o dia 12 de março e, sempre com cuidado para não me aproximar de pessoas e para não tocar em nada, lá consegui fazer 25 minutos de corrida e de exercícios. O espaço é recatado e bem "abastado". Ou seja, não precisava de ocupar a área de quem lá passasse. Em bom rigor, dada a necessidade de ter atenção, sempre que via alguém no passeio, mantinha-me alerta.
Posso revelar-vos que me senti uma criança novamente, de tão feliz por poder fazer uma das coisas que amo na vida.
Desinfetei-me como era suposto. Aliás, o exterior do meu corpo deve ter uma acumulação inédita de "resíduos" de lixívia.
Quando finalmente a grávida apareceu, tinha um sorriso de orelha a orelha.
A verdade é uma: com estas situações, aprendemos a valorizar melhor aquilo que antes demos por adquirido e isso não tem nada de filosófico.