E como explicar o inexplicável?
João Silva
Quando me perguntam o que fiz para mudar a minha vida e perder peso, tenho sempre dificuldade em explicar a cem por cento o processo.
Procuro dizer que não há um milagre e que não é instantâneo e que não é preciso cortar com nenhum alimento, porque o mal está na quantidade e não na tipologia. Além disso, a todos estes chavões faço questão de acrescentar o desporto.
No entanto, é sempre ingrato. Não o consigo dizer de outra forma: porquê? Porque é impossível de descrever ao pormenor o quão autodidata fui e sou para perceber como deveria mudar a alimentação, porque é impossível expor o meu volume global de treino e o que quero dizer com "reforço muscular" ou com "ioga".
No fundo, tudo isto dá para quantificar é certo, mas só quando se observa uma pessoa assim no seu "habitat" é que se consegue ter perceção do que é realmente preciso para perder peso, ganhar massa muscular e estar em forma. Separadamente, são sempre coisas distintas.
Por último, posso sempre sugerir uma técnica ou outra, posso dar dicas sobre como a pessoa se deve comportar, mas nunca conseguirei transmitir aquele ingrediente chave no processo: a força de vontade. Trata-se do combustível ideal e mais importante para materializar todo o processo. A pessoa em causa pode seguir as sugestões com afinco, todavia, se ao primeiro obstáculo (e surgem muitos), não tiver capacidade para aguentar o golpe e continuar, dificilmente chegará aos resultados que pocura.
Conheço muito poucas pessoas com esse ingrediente mágico. É um bem raro numa sociedade cada vez mais "normalizada" e "à espera de milagres".