De vez em quando lá vem ela
João Silva
Por defeito e feitio, gero ansiedade. Deverá haver algo de genético nisto, pois a minha mãe é a pessoa mais ansiosa, nervosa e angustiada que conheço. Não sei se é genético ou "contagioso". Sei que, embora consiga lidar melhor com isso do que ela, de tempos a tempos lá vem ela chatear-me, a dita ansiedade. E é tão perturbadora que a sinto a aparecer, que a crio e que depois demora até desaparecer.
Desde logo, tudo começa com o excesso de coisas que defino para fazer em cada dia. É claramente mais do que consigo fazer e aguentar. Como tal, primeiro crio estratégias inconscientes para acordar antes do despertador, depois, essa inconsciência vira consciência e já sou eu quem "dá as ordem".
E assim vão os dias até que começo a sentir-me angustiado, até que ando acelerado e me deito com o coração a mil, não deixando, porém, de beber muito café para ajudar à festa.
A melhor conclusão para todo este cenário é que deixo de conseguir dormir e, consequentemente, de descansar.
A forma que encontro para lidar com isso é falar cá em casa e expor o que se passa comigo. Isso ajuda. O maior trunfo é quando começo a definir apenas uma ou duas tarefas extra para os meus dias.
Tudo isto agrava quando se tem filhos e nem sempre (muitas vezes) se consegue fazer tudo o que é necessário em termos familiares.
Não sei como é com as outras pessoas, sei que essas épocas viram um inferno para mim.