De treino à sessão de exercício físico
João Silva
Já se passou um mês desde o dia mais feliz da minha vida.
Os desafios têm sido muitos e bons, embora também muito complexos.
Não vou falar agora disso, haverá um momento para o fazer.
Ainda assim, como já esperava, a paternidade trouxe uma mudança enorme na minha forma de treinar, que agora virou prática de exercício.
Isto é: o treino com método, com horas à vontade do freguês, disciplina, técnica e método deram lugar à prática de exercício físico quando possível, por um tempo muito mais limitado e apenas destinado à preservação da minha saúde.
Já sabia que ia ser assim e foi por isso que lutei comigo próprio durante meses. Precisava de encontrar uma forma, de ajustar as minhas expectativas, de fazer cair as minhas ilusões. Sabia que o novo "cargo" ia ser mais importante, mas doeu de morte abandonar alguns sonhos pessoais. Talvez um dia, dirão uns, talvez nunca, dirão outros, mas a verdade é que esse foi o meu maior desafio em todo o processo: ajustar-me e não reclamar nem sofrer se faço exercício apenas 1h por dia ou por semana em vez das habituais 2/3 ou 14/21 respetivamente.
Por isso, agora todos os 10 minutos contam para fazer alguns exercícios, todos os segundos são úteis e importantes para fazer o bem pela saúde e para tentar manter o peso, outro dos aspetos que me perseguem.
Não sei se algum dia voltarei a ter hipótese de treinar como o fiz em quase dois anos. E isso tem o poder de me fazer duvidar de mim e da minha capacidade para voltar a competir. Muitos já provaram que é possível. E é. Mas o meu problema está precisamente aí, em acreditar nisso e em deixar o medo de perder o que trabalhei para conseguir (em termos físicos e psiquicos).
Por agora, questiono a minha vontade/capacidade para competir em novembro na única prova em que ainda estou inscrito. No entanto, se a mesma se realizar, fazê-la em condições físicas precárias não é uma opção, pelo que terei mesmo de analisar. Isso e a eventual persistência do Covid-19.
Não se pode ter tudo, temos de abdicar de umas coisas para conseguirmos melhores, mas, honestamente, gostava de não perder o caminho traçado.