De repente ia saindo uma maratona em treino
João Silva
Tinha previsto fazer um treino longo.
Andava a precisar daquela "vitamina".
E na semana anterior já tinha esboçado um percurso interessante. Como treinei com a minha colega Sandra a 18 de maio e descobri (ela já conhecia) alguns caminhos de terra batida muito interessantes, decidi que tinha de experimentar.
E assim fiz a 24 de maio.
Aperaltei-me todo, como se fosse para uma prova. Inclusive, acrescentei à lista de material a levar as gelatinas energéticas e uma bandana para a cabeça, daquelas que são fornecidas em provas. No caso, foi a que me deram na maratona do Porto.
E lá fui eu, juntamente com o telemóvel e este gosto muito recente por ir a ouvir podcasts. É uma excelente companhia. E não deixei que me faltasse o protetor solar, que isto de correr sob muito sol e calor dá cabo da "moleirinha" de uma pessoa.
Fiz algumas experiências muito interessantes: os primeiros 10 km foram marcados por subidas, duas delas que nunca tinha feito, por descidas acentuadas e técnicas e, além disto, ainda decidi alargar o período de abastecimento de sólidos.
No total do treino, subi cerca de 400 metros em estrada e fiz o primeiro abastecimento apenas ao fim de quase duas horas. Tinha as reservas de energia recarregadas dos dias anteiores e isso ajudou. O que também se revelou extraordinário e crucial foi a gestão que fui fazendo da ingestão de água.
O segundo abastecimento seguiu-se às duas horas e meia e o terceiro e último abastecimento sólido ao cabo de três horas.
Depois do "reboliço" dos primeiros 10 km, entrei numa fase que já conhecida, que é mais "estável" (não totalmente plana) e que me permitiu aumentar o ritmo.
Posto isto, em vez de chegar a Ega e cortar para Condeixa, decidi que ia mesmo a Campizes (já tinha pensado nisso na semana anterior).
Nesta fase, toda ela plana, mas percorrida debaixo de um calor abrasador, acreditei que estava muito bem e que ia conseguir fazer 42 km em treino, menos de um mês depois da maratona de Aveiro.
Como sempre, o corpo é quem mais ordena e o impacto dos 30 km faz-se sempre notar.
Curiosamente, não me fez sentir mal, mas mostrou-me que, apesar de ter energia e, sobretudo, moral para chegar aos 42 km, era importante dar algum sossego ao organismo, poupá-lo para os dias seguintes (a 25 de maio fiz mais 20 km para ajudar a preparar outra colega de equipa, a Isabel, para a sua primeira meia maratona em estrada; a 26 de maio foram 24 km sozinho e com duas passagens por serra [as mesmas dos dias anteriores]).
O incrível no fim de contas foi que, ao contrário do que aconteceu noutros treinos de 42 km, não terminei com a sensação de que estava no limite das forças.
As dores surgem sempre e os quadris ressentem-se um pouco, não dá para negar isso, mas cheguei fresco e bem lúcido.
E isso é impagável e deixa-me muito feliz, não só porque corri sem olhar para os tempos (fiz perto de 9 km na primeira hora, ou seja, andei acima de 6'/km, embora tivesse subido aí a totalidade dos 400 m de altitude que o treino teve), mas também porque me faz acreditar que é possível correr mais maratonas num menor espaço de tempo. Algo que se prepara para me trocar as voltas e me deixa a refletir no que poderá ser o ano de 2020...
P. S.: voltei a perceber que as gelatinas energéticas Aptonia são uma melhor fonte de energia para estes treinos em comparação com as tâmaras, porque estas últimas não apresentam o elemento redutor de fadiga que se torna essencial em distâncias tão grandes. Além disso, mesmo perante um percurso tão complexo e debaixo de tanto calor, fico com a sensação de que não precisarei de consumir tantas gelatinas como fiz em novembro de 2018 e em abril deste ano nas duas maratonas oficiais em que já participei.