Crónica de uma série num campo abandonado
João Silva
Condeixa tem um campo de futebol relvado e tem um campo de terra batida. Uma certa forma de luxo, mas, na verdade, o campo pelado era antiga casa do clube. Eles não destruíram aquilo (será para reformular), até porque lhes é muito útil para as camadas jovens... E para o atletismo. Sim, deram ao campo o formato de uma pista de tartan em terra batida. Supostamente, já a pensar nos projetos futuro.
Junto ao campo existe um espaço de saúde mental. Passo ali tanta vez perto das seis da manhã e a verdade é que nem sempre me sinto extremamente bem. Não está ninguém cá fora, mas a simbologia daquilo intimida. Só que ninguém está livre de ir lá parar. Até porque pode ser uma ajuda.
Bom, para o caso isso não é muito relevante.
De vez em quando, é para o campo de terra batida que vou fazer treinos de series, os ditos intervalados.
E sabem que mais? Sinto um lado místico ali. Naquele campo com balizas sem rede e com erva no meio do terreno. Com uma caixa de areia improvisada a pensar no salto em comprimento.
Cada volta com o coração no máximo é uma aproximação amadora ao treino de um profissional. Não tem glamour. Nada, zero. Mas tem magia...
O trote após cada série serve para contemplar o espaço envolvente, a natureza que ali cohabita sem reclamar. E também tenho que puxe por mim: os moradores do estádio, os coelhos e os esquilos. Do lado de fora, a casa de saúde mental constitui a bancada. Dependendo das horas, até há público no interior dessa casa.
Cada um faz a festa à sua maneira. Importante é não deixar de fazer mesmo a festa...