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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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Jan21

Com cetose ou sem cetose?


João Silva

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Em parte, lancei o "isco" para este tema com o artigo passado, o dos FODMAP.

Ora bem, o tema é muito com3e polémico. 

Em termos pessoais, revelo já que não sou praticante nem apologista de algo assim, embora seja cada vez mais utilizado, por exemplo, no ciclismo. 

O meu propósito com o tema passa pela reflexão tendo em conta a corrida. 

Desde logo, como referi há dois dias, a fonte de energia primária do corpo é a glicose, que provém maioritariamente dos hidratos de carbono simples. É a chamada energia rápida. Como sabem, depois de uma prova, por exemplo, de uma maratona, são os hidratos, na forma barras energéticas, os primeiros a ingerir para dotar o corpo de capacidade. 

Ora bem, a glicose em excesso na corrente sanguínea é transformada em gordura pela insulina. Portanto, se não houver cuidado, há o risco de ganhar massa gorda. 

Embora isso não interesse muito para este texto, revela por que razão as pessoas fogem (erradamente) dos hidratos de carbono. 

Antes de mais, não se esqueçam de que o cérebro é um músculo e que, por isso, precisa mesmo de glicose para funcionar devidamente. 

Ora bem, sempre à procura de soluções (algumas são depois canonizadas por alguns lobbies) para otimizar a nossa produção de energia, o ciclismo começou a seguir a moda de muitas pessoas famosas dos EUA e hoje a dieta cetogénica ganhou um lugar de destaque. 

E o que é e em que consiste? É um regime alimentar que abdica, quase por completo, dos hidratos de carbono como fonte de energia e que, ao invés, se inclina para uma ingestão considerável de gordura (deverá ser sobretudo de gorduras saudáveis como o óleo de coco, o azeite, o abacate, os frutos secos, os peixes gordos, entre outros) e de alguma quantidade de proteínas. 

Ora bem, vendo-se sem glicose, logo sem fonte energética, o corpo é obrigado a criar energia. Como? Pedindo ao fígado que divida os lípidos em ácidos gordos e em corpos cetónicos. A este processo dá-se o nome de cetose. 

As reservas de gordura passam a ser eliminadas para gerar forma de nos alimentar. Como afirma uma nutricionista (podem ver aqui), o corpo faz isso porque entra num estado de SOS, já que lhe faltam hidratos de carbono. 

O benefício que muitos procuram neste regime é que se perde volume e gordura efetiva muito rapidamente. (Este é o argumento usado por influencers e marcas). 

Por outro lado, sem glicose, os músculos não funcionam muito bem e as tonturas, a fraqueza ou a irritabilidade são uma constante. 

Pensem agora nisto no corpo de um desportista: numa maratona, precisamos de energia imediata. Se optarmos por ingerir gorduras no meio de um exercício físico intenso, não vamos receber energia imediata, já que o processo de cetose é muito mais lento que o da transformação da glicose em energia. Além disso, dada a sobrecarga que se pede ao fígado, as doenças hepáticas podem estar já ao virar da esquina. 

Embora ainda não se saiba muito sobre benefícios ou prejuízod para o corpo a longo prazo, sabe-se que a dieta cetogénica tem a vantagem de reduzir o nível de açúcar no sangue, de baixar o colesterol mau e de estimular o metabolismo. 

Escusado será dizer que não deve ser adotado de ânimo leve e que é necessário acompanhamento médico. 

Como forma de produção energética para otimizar o rendimento desportivo, não aprovo. No entanto, pode ser benéfica apenas com forma de estimular pontualmente o metabolismo dos corredores. 

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