A teoria da relativização
João Silva
Poderia ser uma variante das teorias físicas de Einstein. Só que não é.
Adoro física teórica, mas isto de que vos falo está relacionado com a química...que leva ao equilíbrio do nosso organismo.
Uma forma que tenho encontrado para lidar com a pressão que coloco em mim é aprendendo a relativizar tudo o que me acontece em termos de treino.
Quando o meu pico de forma baixou após a Maratona do Porto, tive muitas dificuldades em aceitar que o meu corpo perdeu capacidades.
Como disse na altura, não soube lidar com as mudanças nem com a ressaca do que me aconteceu ao organismo após a prova.
De lá para cá, à exceção de uma ou outra prova, os resultados foram piorando.
É verdade que uma perda de forma iria aparecer alguma vez.
No entanto, custa. E depois há sempre duas vias: ou se aceita isso e se tenta mudar ou se é absorvido pela ideia de que se perdeu qualidade e não se sai desse buraco.
Felizmente, apesar de ter sido um processo lento e doloroso, escolhi a primeira via. Dentro de mim, sei quais foram as razões que levaram a isso. Também por isso é importante ter uma esposa com quem se possa debater todos estes detalhes. A Diana ajudou-me e ajuda-me a encontrar a causa para esse tipo de problemas. E, além disso, mais importante ainda, contribui imenso para que não deixe que eles me façam perder o equilíbrio, dar-lhes importância amplifica-os e é assim com tudo na vida. Ora, pois, desvalorizá-los na medida certa ajuda imenso a mentar a sanidade mental. Confesso que nem sempre o controlo se mantém firme e hirto, mas aos poucos lá se vai conseguindo.
O ano de 2019 está a ser péssimo em termos de resultados objetivos, até agora, não consegui nada daquilo a que me tinha proposto no final de 2018. E, a julgar apenas por esse ponto, poderia perder o interesse no desporto. Nada mais errado, principalmente, porque a minha força de vontade não depende dos resultados e ainda porque observar e falar com alguns colegas de equipa me ajudou a ver o outro lado e a aceitar as coisas como elas são.
Não sei se voltarei aos bons resultados, mas sei que não sou um resultadista. Não vou "morrer" por causa disso.
Aprendi a saborear os momentos por que passo e as pessoas com que me cruzo em provas.
É um lado maravilhoso, genuinamente, e isso é tudo o que fica.
Por agora, importa-me olhar para o meu corpo e ficar satisfeito com o que vejo.
Aumentei muito a minha massa muscular desde novembro de 2016 e sinto-me revigorado, pelo que não posso achar o fim do mundo quando não chego a um determinado objetivo de tempo nas provas.
Faz parte, senão darei em maluco e isso não pode ser.
Aceitar tudo isto, por mais difícil que se afigure, faz-me desfrutar mais de cada momento da minha vida.
Sou competitivo, sempre o fui e não deixarei de o ser, mas sou-o, primeiramente, comigo próprio e procuro olhar sempre para mim antes de poder espreitar para o que os outro fazem. É um dos ensinamentos da minha esposa. Não tenho de me comparar com ninguém, tenho de olhar para mim. Ao fazê-lo, estou no caminho certo para chegar onde quero.
Mais do que pretender ascender ao inatingível porque os outros esperam isso de mim é saber que o primeiro passo para lá chegar é manter o foco no meu próprio trabalho.