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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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25
Dez19

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez (2.ª parte)


João Silva

(Antes de mais, feliz natal a todos, em especial aos bravos que tiraram uns minutinhos para vir aqui. Conforme prometido, deixo-vos hoje com a conclusão da história do estimado Ricardo Veiga. Sem querer influenciar a vossa opinião, o testemunho dele é qualquer coisa de assombroso (pelo lado positivo). E é por isso que é para mim uma honra conceder-lhe esta atenção numa época tão especial de renascimento. Porque também ele renasceu das "cinzas". Deliciem-se com a segunda parte.)

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  • Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual

Para o nível que pratico? Vou dizer "nenhumas": sapatilhas, calções, tshirt e, no mínimo, um relógio de ponteiros para não perder a hora de almoço são essenciais. Hoje há mais gente na rua a correr e muito povo nas provas, antes apenas viam. Noutro nível, sim, as diferenças são abismais, principalmente no que hoje se sabe a mais sobre o corpo humano e os efeitos que a alimentação tem nele, embora me deixe muito contente, um contente rebelde, note-se, que ainda haja marcas antigas para serem batidas.

  • Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Tenho muitas. Desde a história que me levou a começar a correr, às mil e uma peripécias pelas quais passei ou que testemunhei nestes dois anos.
No entanto o que mais gravado me fica são as fotografias mentais do meu estado emocional em alguns momentos de prova, treino ou aventura. Fosse eu pintor...

  • Aventura marcante

Tenho muitas. Desde um RP (recorde pessoal) dos 10 km às 19h00 ainda de direta de uma maluqueira de copos e engate, ténis desapertados e rebolão no chão a 01 km da meta, à pequena loucura que é fazer sozinho, de noite/madrugada, Coimbra->Figueira por um caminho que não conhecia.

Marcante? Caramba, a primeira vez que corri mais de 05 km, ou quando me estreei depois dos 10 e só parei aos 19 km porque me sentia bem e então a ideia de continuar passou do "posso continuar" para o "tem que ser, tem que ser".
 
A maratona do Porto de 2018, com uma gigantesca entorse fresquinha de três dias. Treino na quinta-feira, 01 km de trail completamente inofensivo e pimba: tornozelo torcido, cheio de dores e imediatamente inchado para fora da sapatilha. Muito chorei em casa nessa tarde enquanto esperava pela Ema Sofia para fazer magia no pé. Chorava de desilusão, queria tanto correr a minha primeira maratona, e chorava de dor, tinha feito o que o médico tinha mandado e não o que a Ema tinha ordenado: "não pares o pé!" mas como tinha adormecido no sofá com o tornozelo levantado, já não o consegui poisar no chão sem berrar que nem um bebé...
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A sobrehumana Ema Sofia conseguiu-me então pôr "fight ready" com um "queres ser feliz? vais correr a maratona e vais ser feliz" e lá fui eu com o pé impecável, depois de muita "mezinha" nas duas noites anteriores, ligado e com a promessa de que teria que o soltar assim que passasse a meta. Correu bem, fui feliz e acabei a prova em menos de 4 horas, ria e chorava a subir para aquela meta. 
Também Barcelona 2019 foi uma linda aventura, foi a prova mais fantástica que poderia fazer.
 
A muito recente meia maratona de Coimbra onde, após falarmos na partida, resolvi não olhar para o relógio e dar tudo, desse o que desse. E, Deus meu, como deu...06 minutos melhor que o meu melhor. Bati os meus melhores 05 e 10 km numa prova de 21. Que tal?

Claro que a mesma estratégia não resulta sempre: vide a maratona do Porto, 15 dias depois, em que perdi completamente o respeito à distância e fui merecidamente trucidado pela mesma.
Sou um tipo de momentos e corro também para coleccionar aventuras. Ficam comigo para sempre. A corrida faz-me entrar numa realidade paralela sem igual, tudo lá faz sentido, é tudo meu.

Tenho algo como verdade absoluta: há sempre mais corridas. Sempre.

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  • Participação em prova mais longa

As maratonas que fiz, a par do Coimbra-Figueira que hei de repetir em breve por um caminho mais longo mas mais simples.

  • Objetivos pessoais futuros

Para já necessito urgentemente de ter registado menos de 03h45 numa maratona, como vimos há semanas. Necessitava tanto que apontei para as 03h30 com o estrondo que ambos vimos (para todos os outros: estouro e consequente desistência).
Está marcado para fevereiro. Prometo ter calma...

  • Como vê o atletismo daqui a 5 anos

O atletismo irá continuar a evoluir como a sociedade faz evoluir determinado grupo de indivíduos que cedo se especializam em alguma atividade desportiva. Se alguém novito hoje, predisposto para um foco, resiliencia e ética de trabalho acima da média tiver aliado uma boa componente genética, terá tudo para evoluir como outros não conseguiram noutras épocas. O avanço científico é grande de mais para que isto não seja verdade.

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  • Como se vê no atletismo daqui a 5 anos

De preferência a fazer parte dele, tal como hoje. Também no sofá a chorar baba e ranho quando assisto a provas ou simplesmente chegadas, tal como hoje também já acontece sempre.
Agora a sério: quero muito experimentar triatlo, penso que terei condições de o fazer convenientemente daqui a um ano, ano e meio. Falta a bicicleta e meter-me na natação mas, o que são 2/3? Nada.

Continuar a emagrecer devagar e com cabeça (comecei com 100, vou nos 91), a ganhar força e a cuidar dos meus fracos e asmáticos pulmões que obriguei a papar fumo por mais de 25 anos. Chegarei lá mas a ideia é que seja sempre um "work in progress", não há lugar para esse tipo de conforto na minha vida.

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03
Dez19

Perder e falhar são dois direitos que tenho...


João Silva

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Para ser honesto, esses direitos também se estendem a todos vós.

Penso muitas vezes nessa ideia e à medida que vou envelhecendo dou por mim a aceitar melhor o facto de que o erro e o falhanço são tão importantes como o sucesso e a glória, não só porque os primeiros são os impulsionadores dos segundos, mas porque é uma relação fechada. Não existem de forma individual, tal como a tristeza e alegria.

Claro que aqui trago o assunto associado ao desporto, mas ele "estica-se" a tudo na nossa vida. Não se trata da ideia do "errar é humano". Prefiro seguir na linha de "errar permite evoluir".

De uma forma geral e sem contemplar as exceções, o erro é o elemento responsável por desencadear uma reflexão, logo, é o primeiro grande contributo não só para impedir a repetição das falhas como também favorece o crescimento, a evolução.

Cada vez mais, dou por mim a procurar casos de atletas que falharam de alguma forma e que canalizaram esse fracasso para transformarem a sua carreira num verdadeiro sucesso.

Não faço isso por sadismo mas para meter na cabeça que é legítimo errar e que isso deve ser visto como algo de positivo, mesmo que no momento não seja apreciado dessa forma.

Claro que não estou a defender ou a dizer que um insucesso deve ser celebrado no momento como uma vitória. Porém, após deixarmos o tempo atuar e a nossa consciência analisar o que se passou, devemos aproveitar essa oportunidade "perdida" para estabelecer a ponte para o lado positivo.

Aceito o argumento de que não me devia preocupar com isso porque não sou profissional, mas, como sempre defendo, não sou profissional na carteira nem nos patrocínios, mas sou-o na minha cabeça. Afirmo-o sem qualquer presunção, com a consciência de que exijo muito de mim, não porque acredite que vá ganhar alguma prova algum dia, mas porque essa é uma característica forte da minha personalidade.

Não me vejo de outra maneira, nem quero, mas preciso de compreender que a derrota e o erro podem ser uma "bênção".

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27
Out19

Mais controlo menos controlo?


João Silva

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A poucos dias de mais uma aventura daquelas na cidade do Porto, apraz-me falar de um assunto no qual penso muitas vezes.

Nos últimos meses, a necessidade de pensar nisso e de refletir sobre o tema tornou-se maior porque me deparei com algumas entrevistas e algumas séries que focavam a questão.

O tema de que vos falo assenta na seguinte pergunta: quando dizemos que temos a vida controlada, temos mesmo tudo controlado? 

Como já vi muita gente defender, não temos controlo sobre a vida. Podemos tentar levá-la para um determinado encarreiramento porque acreditamos que isso é o melhor para nós. Devemos e, por uma questão de coerência connosco, temos essa obrigação. 

Sem querer ser fatalista, mas a vida é tramada mesmo e mete umas armadilhas, uns desvios e umas ratoeiras lá pelo caminho. Como diz o outro, quem se lixa é o mexilhão.

E é por isso que também acho que não controlamos nada. Criamos em nós essa necessidade e ilusão para não termos uma nuvem constante sobre nós. 

O que nós temos, aí parece-me inegável, é uma forte e fantástica de nos adaptarmos às mudanças que não foram intencionais. 

Pegando no desporto, sobretudo, no que pratico, esbocei os planos como achei melhor para determinado objetivo, dei tudo mim, disciplinei-me e fiz o que podia. Portanto, aí controlei tudo na perfeição, mas se fui atropelado ou se me magoei numa pedra ou noutro lado, a vida está a mostrar-me que já não tenho controlo nenhum, que serei obrigado a adaptar-me àquela mudança. 

Concluindo, temos controlo sobre a nossa capacidade de mudança, mas não controlamos a vida, tentamos que vá na direção que queremos. 

Já nem levo isso para o lado da vida pessoal, deixo-vos a possibilidade de se pronunciarem quanto a esse campo. 

Dito isto, aproveito para vos apresentar o maravilhoso bolo de aniversário que a minha esposa me fez em julho. Só alguém tão fantástico e que me conhece tão bem poderia controlar o segredo daquela surpresa. E só alguém tão fabuloso saberia que aquele "bolo" especial só de fruta assentaria que nem uma luva na minha personalidade. 

Deixo um último desejo de controlo: que no domingo tenha capacidade para controlar a minha prova e que, se a vida decidir meter-se ao barulho, que o faça para me ajudar a ter um excelente desempenho. 

 

03
Ago19

E as ovelhas lá seguiram como se nada fosse


João Silva

A partir de agora, tentarei partilhar convosco algumas histórias insólitas com que me tenho cruzado ao longo dos últimos quase três anos de corrida.

A minha ideia é que essas narrativas surjam neste espaço com franca regularidade. Claro que o material também depende sempre do que encontrar por aí. A parte boa é que costumo palmilhar muitas estradas e estradões, pelo que, espero eu, a fonte de matérias-primas não se esgota.

Tenho muita dificuldade em contextualizar temporalmente a primeira história que aqui vos trago. Tenho a vaga ideia de que foi entre 2017 e 2018, mas não consigo ser mais preciso.

Num dos treinos efetuados a meio da tarde, fui em direção à zona da pousada em Condeixa. Trata-se de um local rodeado por uma escola, pela biblioteca, por uma creche, mas também por uma zona verde. 

Precisamente nesta zona, apercebo-me de um grande rebanho de ovelhas a pastar. Ainda estava longe. Qual não foi a minha admiração quando, ainda distante, vejo as ovelhas a atravessarem a estrada com mais respeito pelas regras do que muitos adultos. 

Perante a presença de carros, juntaram-se na berma da estrada e só depois de os veículos passarem é que se aventuraram a atravessar.

Mais tarde nesse dia, numa zona próxima, vejo-as todas bem comportadas a "limpar" uma zona adjacente ao antigo campo do Clube Condeixa.

Um excelente exemplo de civismo. Fiquei maravilhado e, confesso, tive mesmo de soltar uma gargalhada. Nunca tinha visto nada assim.

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