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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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02
Set22

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

O meu convidado desta entrevista já estava para o ser há muito tempo, mas, por isto ou aquilo, foi sempre adiado.

Desta feita, não o "deixei" fugir da lista.

Há algum tempo, estive com ele numa espécie de parceria da monitorização do Trail da Escarpiada. O que já pensava dele saiu reforçado.

É um tipo porreiro, bem humorado. E com uma experiência neste mundo das corridas de meter inveja. Mas é muito mais como ser humano.

Isso e agora recebeu o estatuto de inválido... para a corrida. E porquê?

O Luís Martins diz-vos já de seguida (confesso que a resposta dele me tocou mais do que esperava, porque penso que terei uma reação semelhante no dia em que/se tal me acontecer):

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Nome

Luís Martins

Idade

45 anos

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Equipa

ARCD Venda da Luísa

Praticante de atletismo desde

Acho que comecei a correr, algures por 2011 e a primeira prova foi no trail Conímbriga terras de sicó de 2012

Modalidade de atletismo preferida

A modalidade de atletismo preferida???? Não posso falar de outras modalidades de atletismo, pois só fiz corrida, mas trilho vs estrada, acho que prefiro os trilhos, por toda a envolvência, desafios variados, convívio e ver sítios fantásticos durante as provas, mas sempre gostei muito também de me testar em provas de estrada, sobretudo 10km, correr aquele bocado de 40-45 minutos com a frequência no redline e devorar o ar com a boca aberta.

Prefere curtas ou longas distâncias

Curtas ou longas, outra pergunta difícil, em termos competitivos sempre me safei melhor nas curtas e como disse anteriormente gosto da sensação do redline, mas fui ganhando o gosto pelas longas e aprendendo a digerir calmamente os km, a ter paciência para lá andar e as sensações ao longo de uma prova longa são mais variadas e imprevisíveis. As provas longas trazem muitos ensinamentos que podemos levar para todas as situações de vida, por isso tendo que escolher, seriam as longas distâncias

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Na atual equipa desde

2018

Importância dos treinos

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Atualmente não treino corrida, tive um acidente grave no joelho esquerdo com rutura do ligamento cruzado posterior, entre outros estragos, o que me dá instabilidade para correr de forma consistente, mas quando treinava corrida, fazia-o entre 4 a 5 vezes por semana. Os treinos são essenciais em qualquer desporto, mas na corrida continua-se a pensar que treinar corrida, é só correr. Mesmo sem ser numa vertente muito competitiva a corrida é um desporto muito exigente para as estruturas osteoarticulares e musculares, com muito risco de lesão, por isso o treino de corrida ou para corrida deve ser mais amplo do que apenas correr.

Se tem ou não treinador

Não tenho treinador e nunca tive, mas reconheço a importância de uma orientação profissional, para uma prática sustentada e saudável, como disse anteriormente.

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Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

História: entre muitos momentos marcantes pelo companheirismo, alegria e partilha antes, durante e após as provas ou treinos em grupo, guardo na minha memória o primeiro treino que fiz de trail com um grupo de “vedetas”, era um treino organizado pelo Fernando Fonseca, talvez em janeiro, de 2012 para ver os trilhos para o Sicó desse ano. Nesse treino estava o Fernando Fonseca e a Céu, o Jorge Justo, José Carlos Fernandes, o saudoso Vitorino Coragem, Victor “Laminha” Ferreira, os “cavalos” da equipa dos CTT na altura (Fernando Carvalho, Marcio, Rui Rodrigues e os Paulos), ou seja foi um batismo abençoado pelos dinossauros do trail.

Aventura marcante

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A aventura/ prova mais marcante foi a minha primeira participação nos 111km de Sicó, pois fiz de vassoura até sensivelmente metade do percurso (Santiago da Guarda), parte que foi feita de noite, com muito frio e muito demorada, pois os atletas que acompanhei decidiram fazer todo o percurso a andar, chegado a Santiago da Guarda passei a “vassoura” a outro colega e daí arranquei sozinho para o restante percurso, com muitas dificuldades na parte final e a sensação de superação ao chegar à meta na praça de Condeixa, já noite cerrada, é indescritível.

Participação em prova mais longa

Prova mais longa 111km de Sicó

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Objetivos pessoais futuros

No futuro gostava eventualmente de voltar a conseguir correr e participar numa ou outra prova, certamente curta e sem comprometer a saúde. A corrida teve e ainda tem um lugar muito especial, na minha vida. Quando tive que deixar de correr, senti-me perdido, pois o meu tempo livre e lúdico era quase exclusivamente centrado na corrida. Entretanto substituí a corrida pelo ginásio, não é a mesma coisa, mas fui surpreendido, nunca pensei gostar tanto e me sentir tão desafiado, dentro de 4 paredes. Tenho que agradecer a todo o staff do AdhocGym e aos colegas que frequentam o ginásio que, mesmo sem saberem, contribuíram para esta transição forçada, dolorosa, mas que hoje em dia é-me muito prazerosa. Sei que certamente no futuro farei sempre qualquer coisa que me desafie, me faça transpirar e disparar a frequência cardíaca.

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Como vê o atletismo daqui a 5 anos

Acho que as provas de trail e estrada vão estabilizar e ter mais qualidade, os próprios praticantes penso que se vão iniciar de forma mais consistente e apoiada, mas acho que o boom de praticantes veio para ficar.

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Como se vê no atletismo daqui a 5 anos

Daqui a 5 anos provavelmente estarei no atletismo como apoiante, durante a primeira parte, dos colegas da Venda da Luísa e outros amigos que fui fazendo, na segunda parte da prova, entro forte para colaborar com os colegas e, se possível, quem sabe, a fazer uma pernita numa prova ou outra pequenita.

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Como é que a COVID afetou a evolução como atleta?

Quando veio a Covid, já não corria por isso como pseudoatleta não me afetou em nada, como praticante de atividade física, obrigou-me a criar alternativas para conseguir manter alguma atividade física, embora se perca a interação social que para mim é muito importante.

O que mudou nas provas com a pandemia?

Pelo que me fui apercebendo, houve numa fase inicial algumas adaptações para continuar a haver provas, hoje em dia as restrições são quase nulas e os preços das inscrições dispararam.

Essas mudanças são boas para a modalidade?

A pandemia pode ter trazido coisas positivas para toda a sociedade e também para a corrida, deu tempo para as pessoas pararem, darem valor ao que se tinha como adquirido, as mudanças nas organizações relacionadas com a Covid penso que vão cair e depois, como sempre, as provas serão alvo dos processos de seleção natural.

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Legenda das fotos pela ordem de apresentação:

  • 111k sicó 2018 vassoura
  • Primeira prova - trail de sicó 2012
  • Corrida dos moinhos de Penacova 2012
  • Chegada na minha primeira maratona de trail Almourol 2013
  • Um dos poucos pódios, na corrida 4 estações em Soure 2018
  • Chegada na primeira meia-maratona de estrada em Cortegaça 2013
  • Primeira vez que vesti a camisola da Arcd Venda da Luísa, num treino, nas férias 2018 no Algarve
  • Última prova que fiz, já após a lesão e por teimosia, 15k de sicó 2020
  • Chegada à meta nos 111k de Sicó 2019
  • Lousã trail 2019
  • Trail do Infante Penela 2018

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